O Rio Grande do Sul será o segundo estado mais afetado do Brasil, caso se mantenham as tarifas impostas pelo governo norte-americano. De acordo com estudo da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), haverá uma perda de R$ 1,9 bilhão. O Estado fica atrás apenas de São Paulo, com perdas de R$ 4,4 bilhões, e à frente de Paraná (- R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (- R$ 1,7 bilhão) e Minas Gerais (- R$ 1,66 bilhão).
Com dados de estudos econômicos reunidos pela Universidade Federal de Minas Gerais, o levantamento que traça um panorama das relações comerciais com os Estados Unidos estima, também, o impacto das tarifas no próprio país. A projeção é de que, uma vez efetivada, a política tarifária imposta a Brasil, China e 14 outros países, além das taxas impostas à importação de automóveis e aço de qualquer lugar, provocará uma retração de 0,37% no PIB. Com o impacto, os EUA podem ter aumento na inflação, prejudicando a economia americana e dificultando a redução de taxas de juros no Banco Central americano.
O tarifaço pode reduzir em 0,16% o PIB tanto do Brasil, quanto da China, além de provocar uma queda de 0,12% na economia global. O comércio mundial também seria prejudicado, reduzido em -2,1%, equivalente a perdas na ordem de US$ 483 bilhões.
“Os números mostram que esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante. É do interesse de todos avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano da complementariedade das nossas relações. A racionalidade deve prevalecer”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Os dados, que fazem uma projeção de 1 ano, não causaram surpresa na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). De acordo com o economista-chefe da entidade, Giovani Baggio, as variáveis de inter-relações econômicas entre os países são bastante detalhadas e precisas.
“Tem um dado importante que é o percentual de faturamento das nossas indústrias que vem da exportação. No RS é de 18,9% e, no Brasil, 16.4%. Entre todos os Estados, nós somos os que mais temos o faturamento ligado às indústrias no exterior. Mesmo que não estejamos entre os três maiores na economia no país, em termos de impacto, não nos surpreende. O Brasil tem cerca de 10 mil empresas e indústrias que exportam. Nesse universo, 1,1 mil são no Rio Grande do Sul. O percentual de indústrias exportadoras no total do país é maior do que a nossa representatividade em termos de economia. Por essa característica, boa parte da perda de empregos será aqui”, observou.
A Fiergs fez um recorte das empresas no Estado que mais negociam com os EUA. Entre aquelas com mais de 10% de exportações, 145 mil empregos estariam ameaçados. “Isso mostra a relevância para nossa economia”, apontou o economista-chefe.
Baggio destaca a exportação de tratores e máquinas agrícolas, como um dos setores mais prejudicados. Haveria um impacto de 23,61% na exportação, com redução de 1,86% na produção. “Entre 50% e 60% da produção dessas máquinas acontecem aqui no Estado. Isso ajuda a explicar porque estamos na segunda posição.”
De acordo com o levantamento, entre os impactos nas exportações brasileiras, haveria uma redução expressiva de R$ -52 bilhões, enquanto as importações registrariam queda de R$ -33 bilhões. O emprego seria afetado, com diminuição de -0,21%, equivalente a cerca de 110 mil postos de trabalho.
Os setores industriais e agropecuários seriam os mais afetados pelas medidas tarifárias. Os maiores impactos negativos nas exportações e produção seriam observados em setores como tratores e outras máquinas agrícolas, aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte e carne de aves. Em relação ao emprego setorial, a projeção é de que haverá reduções expressivas em diversos setores da economia. O setor agropecuário apresentaria a maior perda de postos de trabalho, com uma redução de cerca de 40 mil ocupações, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria.
Nesta sexta-feira, Fiergs e governo do Rio Grande do Sul estarão reunidos com representantes de setores industriais gaúchos para debater alternativas para a elevação da taxação dos EUA às exportações brasileiras. O presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, e o governador Eduardo Leite lideram o encontro no Palácio Piratini.
A reunião integra uma série de ações estratégicas realizadas pelo Sistema Fiergs com o objetivo de minimizar os impactos da medida anunciada pelo governo norte-americano e buscar uma solução baseada no diálogo e na mediação. “Precisamos atuar como intermediadores nessa relação, porque, se a situação permanecer como está, será extremamente prejudicial para o Brasil, para as indústrias e para o comércio como um todo. É momento de agir com cautela e negociar”, destaca Bier.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU) 





:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)









Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro