Se Europa quer tempo para acordo com Mercosul, vale esperar, diz Haddad

O ministro segue o tom de Lula, que hoje já mostrou mais paciência, após ter conversado com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. "Ela ponderou para mim que não é contra, apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza de que é capaz de convencê-los a aceitar o acordo", disse Lula à imprensa.

No impasse atual, o governo brasileiro tem sentido que a UE quer ainda mais tempo. Após a fala de Lula, a premiê disse hoje que "o governo italiano está pronto para assinar o acordo" e salientou que isso se dará "assim que as necessárias respostas forem dadas aos agricultores".

O principal impasse segue com o presidente francês, Emmanuel Macron, com quem Haddad diz ter trocado mensagens. "Ontem eu não resisti mandar uma mensagem pra ele, dizendo que o que está em jogo é muito mais do que um acordo comercial, é um acordo de natureza política, com um sinal claro para o mundo de que nós não podíamos nos voltar a ter um ambiente de tensão entre dois blocos fechados", argumentou.

"Nós tínhamos que abrir essa seara na esperança", continuou o ministro sobre a mensagem a Macron. "Ele respondeu muito gentilmente, dizendo que tinha maior apreço pelo Brasil e que havia necessidade de mais conversas."

"Não há prejuízo para os agricultores italianos e franceses", defendeu Haddad. Profissionais do setor agrícola têm pressionado o governo e exigido que o francês rejeite o acordo, mas ele diz considerar, por meio de mudanças. Macron chegou a dizer que o acordo impõe risco a setores do país.

O impasse frustra os planos de Lula. O brasileiro é o maior entusiasta da assinatura entre os dois blocos e tinha como uma realização quase pessoal assinar o acordo no Brasil — por isso, inclusive, mudou a data e o local para Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira com Argentina e Paraguai, com a esperança de se sair bem-sucedido.