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Sobrevivente designado: o membro do governo dos EUA que ficará de fora do discurso Estado da União para assumir presidência caso cúpula morresse

Além de Trump e dos congressistas, quase todos os membros do alto escalão do governo estarão no Capitólio — a sede do Legislativo norte-americano, em Washington — no momento do discurso.

Quase todos, porque um deles fica de fora do discurso e também de Washington para cumprir uma das funções mais intrigantes do governo dos EUA: a do sobrevivente designado, uma figura criada na Guerra Fria que assume nada menos que a presidência da maior potência mundial em caso de uma hecatombe ou um atentado terrorista que matasse todas as autoridades.

Até hoje, um evento dessas proporções só aconteceu na ficção: na série "Designated Survivor" (2016), estrelada por Kiefer Sutherland. Mas, todos os anos, um nome diferente é escolhido para a função — no ano passado, o então presidente Joe Biden escolheu o secretário da Educação Miguel Cardona para o posto (veja imagem abaixo).

O governo Trump não havia informado o nome do sobrevivente designado deste ano até a última atualização desta reportagem.

O secretário da Educação de Joe Biden, Miguel Cardona, em imagem de agosto de 2022 — Foto: Olivier Douliery / AFP

Entenda, abaixo, como funciona a escolha do sobrevivente designado e como o cargo foi criado:

Todos os anos, um membro da cúpula do Executivo é escolhido para se ausentar do discurso do Estado da União para garantir a continuidade do governo em caso de uma tragédia.

Como vice-presidente e presidentes das casas legislativas estão sempre presentes no evento, o sobrevivente designado costuma ser escolhido entre os postos mais baixos da linha de sucessão.

O sobrevivente designado – Cardona, no caso – é levado para fora da capital para um local secreto, sob forte proteção, onde permanece durante toda a noite.

O ator Kiefer Sutherland na série Designated Survivor. — Foto: Divulgação

Nos EUA, a linha de sucessão presidencial se estende por uma série de mais de uma dezena de nomes. A tradição de se escolher um sobrevivente designado teve início nos anos 1950 e remonta à Guerra Fria entre Estados Unidos e a então União Soviética.

Em caso de morte ou impedimento do presidente, quem assume é o vice-presidente – nos EUA, o vice também exerce o cargo de presidente do Senado, apesar de não ser um senador.

O número dois da linha sucessória é o Presidente da Câmara dos Deputados, seguido pelo presidente “pro tempore” do Senado (um senador escolhido pela Casa que assume a liderança desta em caso de ausência do vice-presidente).

Em seguida, vêm os secretários do Executivo: primeiro o secretário de Estado, seguido pelo do Tesouro, da Defesa, Advogado-Geral, do Interior etc.

A identidade do sobrevivente designado só foi tornada pública a partir dos anos 1980. Desde então, o ranking mais alto a ser escolhido para a função foi o Advogado-Geral, sétimo na linha sucessória.

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Para o historiador norte-americano Garrett Graff, o conceito de sobrevivente designado há muito tempo cativa as pessoas porque combina o fascínio inerente do público com o perigo e o romance de um "homem comum" sendo empurrado para a presidência.

"A ideia de que você é apenas um oficial aleatório do gabinete e, então, algo terrível acontece e, de repente, você é o presidente dos Estados Unidos", disse Graff à agência de notícias Associated Press, autor de "Raven Rock: A história do plano secreto do governo dos EUA para se salvar — enquanto o resto de nós morremos".
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