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'Tarifaço' de Trump: veja as taxas em vigor e quais são os países atingidos

Anunciada ontem, a exceção para automóveis veio após Trump conversar com os CEOs de grandes montadoras (entenda mais abaixo) e ter uma série de reuniões para tratar sobre as tarifas com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

Para o Canadá, no entanto, as tarifas de 25% sobre produtos importados continuam. Em uma postagem na rede social Truth Social, Trump disse que a conversa foi "um tanto amigável", mas indicou que não voltaria atrás — pelo menos agora — em relação às taxas impostas ao Canadá.

"Eu disse a ele [Trudeau] que muitas pessoas morreram por causa do fentanil que passou pelas fronteiras do Canadá e do México, e nada me convenceu de que isso parou", declarou.

Além das tarifas de 25% sobre produtos importados, o presidente norte-americano confirmou um acréscimo de 10% nas taxas sobre importações da China, elevando a 20% a alíquota total imposta neste mandato, e fez uma série de promessas sobre taxar outros países.

Entenda nesta reportagem os detalhes das taxas em vigor para cada um dos países.

  • O vai e vem nas taxas impostas ao Canadá e ao México
  • A nova guerra comercial entre EUA e China
  • Como o Brasil pode ser afetado?
  • Outras promessas

Trump exclui carros de tarifas de México e Canadá por um mês

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O vai e vem nas taxas impostas ao Canadá e ao México

Na última terça-feira (4), entraram em vigor nos EUA tarifas de 25% sobre importações de produtos do Canadá e do México. De lá pra cá, no entanto, muita coisa já mudou.

A imposição de taxas pelos EUA está alinhada com as promessas de Trump de tarifar seus principais parceiros comerciais. São países e produtos que os EUA têm déficit na balança comercial, ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.

Trump tem exigido compromisso dos dois países para uma "fronteira mais segura", com o intuito de "finalmente acabar com a praga mortal de drogas como o fentanil", e também tem pedido por maior controle de imigração.

Após as tarifas entrarem em vigor oficialmente na última terça-feira, Trudeau e a presidente do México, Claudia Sheinbaum, prometeram retaliação. O Canadá foi o mais rápido a reagir, e anunciou taxas de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos dos EUA.

Segundo o primeiro-ministro canadense, parte das medidas entraram em vigor já na terça-feira (4), enquanto o restante passará a valer em um prazo de 21 dias.

"Nossas tarifas permanecerão em vigor até que a ação comercial dos EUA seja retirada e, caso as tarifas dos EUA não cessem, estamos em discussões ativas e contínuas com províncias e territórios para buscar diversas medidas não tarifárias", afirmou.

Já Sheinbaum disse, na terça-feira (4), que não havia justificativa para que os EUA apliquem tarifas de 25% sobre produtos do país. Segundo ela, os mexicanos colaboraram em questões de migração, segurança e combate ao tráfico de drogas na fronteira.

"Nesses 30 dias, ações decisivas foram tomadas contra o crime organizado e o tráfico de fentanil, bem como reuniões bilaterais sobre segurança e comércio", declarou.

Diferente do Canadá, no entanto, a defesa vingou. Nesta quinta-feira, Trump adiou mais uma vez a cobrança de tarifas sobre importações que chegam ao país vindas do México, atribuindo a decisão ao trabalho que o país tem feito na fronteira com os EUA.

"Nosso relacionamento tem sido muito bom e estamos trabalhando duro, juntos, na fronteira, tanto em termos de impedir que estrangeiros ilegais entrem nos Estados Unidos quando, da mesma forma, impedir o fentanil", escreveu o republicano em seu perfil na sua rede social, o Truth Social.

Em meio às discussões, a Casa Branca também anunciou nesta quarta-feira a isenção de importações de automóveis do Canadá e do México por um mês. A medida representa uma exceção na taxação de 25% imposta aos países.

"Falamos com as três grandes concessionárias de automóveis. [...] Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que venha pelo USMCA", afirmou Trump em comunicado, referindo-se ao acordo de livre comércio da América do Norte, negociado em seu primeiro mandato.

Trump defende 'tarifaço' e diz que países como o Brasil 'roubam' os EUA com taxas desiguais

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A nova guerra comercial entre EUA e China

Em resposta, Pequim não apenas impôs novas taxas de 10% a 15% sobre as exportações agrícolas dos EUA, como também anunciou novas restrições de exportação e investimento a 25 empresas do país, afirmando "motivos de segurança nacional".

Segundo o governo chinês, produtos como frango, trigo, milho e algodão dos EUA terão uma taxa adicional de 15%, enquanto soja, sorgo, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios sofrerão uma tarifa extra de 10%. As medidas passarão a valer em 10 de março.

Nesse caso, a expectativa é que as novas taxas impostas pela China afetem cerca de US$ 21 bilhões em exportações de produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos, deixando as duas maiores economias do mundo um passo mais perto de uma guerra comercial total.

A China ainda afirmou que vai investigar alguns produtores norte-americanos de um tipo de fibra óptica por burlarem medidas antidumping, além de ter suspendido as licenças de importação de três exportadores norte-americanos e interrompido embarques de madeira serrada vindos dos EUA.

Como o Brasil pode ser afetado?

"Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto", disse Trump, em longo discurso no Congresso dos EUA, na terça-feira (4).

Diante da postura de Trump, diplomatas ouvidos pela GloboNews avaliam que o Brasil precisará, ao longo das próximas semanas, equilibrar uma postura "firme" e "cuidadosa" em relação ao republicano e às possíveis tarifas a serem impostas.

A medida — que entrará em vigor em 12 de março e, segundo Trump, irá beneficiar a indústria norte-americana — pode atingir em cheio o setor de siderurgia não só do Brasil, mas também do México e do Canadá.

"Nossa nação precisa que o aço e o alumínio permaneçam na América, não em terras estrangeiras. Precisamos criar para proteger o futuro ressurgimento da manufatura e produção dos EUA, algo que não se vê há muitas décadas", disse Trump, ao anunciar a taxação.

Trump afirmou que as empresas estrangeiras têm a opção de estabelecer filiais e trazer a produção para dentro dos EUA, o que as garantiria tarifa zero.

Conforme mostrou o g1, cerca de 25% do aço usado nos EUA é importado, sendo a maior parte proveniente de países vizinhos, como México e Canadá, ou de aliados na Ásia. Além disso, metade do alumínio utilizado no país também é comprado de fora, principalmente do Canadá.

  • Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, segundo dados do Departamento de Comércio americano, atrás apenas do Canadá.
  • Em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço, segundo o governo brasileiro.

Durante o anúncio, Trump pediu aos agricultores americanos que se prepararem para vender seus produtos no mercado interno, suprindo uma possível queda de oferta de importados.

"Para os grandes fazendeiros dos EUA: preparem-se para começar a fabricar uma grande quantidade de produtos agrícolas para serem vendidos DENTRO dos EUA. As tarifas serão aplicadas ao produto externo em 2 de abril. Divirtam-se!", escreveu o presidente nas redes sociais.

No mês passado, Donald Trump também prometeu que irá anunciar taxações sobre itens como madeira e produtos florestais, junto à intenção de tarifar carros importados e outros itens da indústria da transformação.

"Vou anunciar tarifas sobre carros, semicondutores, chips, produtos farmacêuticos, medicamentos, madeira e algumas outras coisas no próximo mês ou antes", disse Trump, em uma conferência em Miami, em 19 de fevereiro.

O republicano ofereceu um "alívio" aos países que reduzirem ou removerem tarifas próprias sobre os produtos norte-americanos e disse esperar que a taxação gere grandes receitas para os EUA.

*Com informações da Associated Press e da Reuters.

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