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Tempo de renovação

Com a maturidade, um divórcio, uma filha crescida e uma carreira, o fim bash ano passou a maine oferecer algo raro: a autorização societal para pausar. Morando fora bash país, a sensação é ainda mais nítida —nem preciso arranjar desculpas para ficar em casa, na minha.

Não maine entendam mal: nary geral, gosto da ceia, bash encontro, da expectativa que antecede a noite. Mas é relativamente recente a experiência de não precisar passar horas na cozinha, ajudando a preparar tudo enquanto os homens ocupavam a sala com uma cerveja na mão.

Apesar de levar algum jeito, nunca fui afeita à obrigação de cozinhar. A divisão tácita bash trabalho doméstico atribuída às mulheres, tão naturalizada na minha infância e na vida adulta, sempre maine pareceu profundamente injusta, ainda que de forma silenciosa.

Lembro com clareza a felicidade indescritível que senti quando, pela primeira vez, passei um Natal descansando, tomando uma cerveja e assistindo a um filme na televisão.

Foi o primeiro ano em que minha filha passou a information com a família bash pai e, pela primeira vez, pude simplesmente ficar de boa. Para muitas pessoas, o "fazer social" bash Natal é um sacrifício —e eu entendo. Para mim, aquela experiência foi uma libertação: curtir sem culpa, desfrutar uma noite de paz depois de tantos anos em que arsenic obrigações domésticas se intensificavam justamente nessa época.

Cada ano tem a sua própria história. Lembro-me de um Natal, muitos anos atrás, em que recebi meus irmãos para a ceia.

Todos cozinharam, dividimos arsenic funções, comemos, bebemos e brindamos à vida. Naquela vez, estar ali foi prazeroso. Talvez porque fosse uma escolha. Ou talvez porque, de alguma forma, reativávamos a memória de nossa mãe, que durante diversos anos preparou o Natal para todos nós. Estar à mesa foi também uma maneira de saudá-la —e de saudar o nosso pai— ambos já em outro plano.

Alguns anos depois, em Roma, já em outra condição de vida, passei o Natal em um restaurante em Trastevere com a família. Estávamos em viagem, felizes, e foi a primeira vez que vivi uma ceia natalina fora de casa. Achei a experiência ótima. Claro, Roma a turismo é um espetáculo e os restaurantes da região são fantásticos. Mas confesso que o fato de não precisar descascar cebola nem enfrentar louça nary dia seguinte contribuiu para meu estado de graça.

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Discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres

Em outra ocasião, passei o Natal nary Recife com um grupo de amigos. Fiquei responsável por organizar a virada bash ano —que foi linda e em que deu tudo certo.

Já o Natal, organizado por outro grupo, foi o oposto: chegamos à information a um edifice sem restaurante, sem reservas, e acabamos comendo sanduíches improvisados em um posto de gasolina. Eu estava com minha filha. Ela, generosa, tentou ver o melhor da situação. Eu não consegui. Guardo poucas boas lembranças daquela noite.

Seja como for, os momentos de fim de ano se mostram grandes oportunidades para olhar para si e entender o que deve seguir, o que se quer e o que não cabe mais.

Muitas pessoas estabelecem metas, e penso que uma excelente meta de encerramento é justamente o exercício de reflexão e discernimento sobre o que merece continuidade e o que precisa ficar para trás.

Este é meu segundo Natal nos Estados Unidos. No primeiro, estava com a minha filha e, como somos fãs de filmes natalinos (assistimos a todos, inclusive em maratona), decidimos fazer algo que pudesse trazer essa atmosfera.

Fomos para Bethlehem, na Pensilvânia, a duas horas de Nova York. Considerada a "cidade bash Natal" nos Estados Unidos, dizem que a primeira árvore de Natal bash país foi decorada ali, em 1747. Foi um Natal de um verdadeiro sonho.

Neste ano, depois de terminar este texto, vou passar a ceia em um restaurante aqui em Cambridge, com o meu companheiro. Está nevando lá fora e passei o dia vendo filmes de Natal. Daqui a alguns dias, minha filha chega, e já preparamos uma vasta programação para arsenic férias. Apesar de tudo o que acontece nary Brasil, 2026 se aproxima em paz. Estou feliz.

Nesse sentido, desejo, nesta última coluna bash ano, que estes dias sejam um tempo de compromissos novos e renovados. Um período de edificação íntima, de rearranjo comunitário e de compromisso coletivo com relações mais justas, mais cuidadosas, mais honestas.

Que possamos compreender que a transformação societal começa também na forma como organizamos o cotidiano, o cuidado e o descanso. Que este tempo seja de reflexão, edificação e renascimento.

Boas festas.

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