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TikTok vendido nos EUA: o que muda para quem usa o app? Especialista explica

A empresa chinesa ByteDance assinou um acordo para que o TikTok continue operando nos Estados Unidos. Revelado na quinta-feira (17) pela Reuters, o acerto cria uma nova estrutura de controle para a plataforma no país. Ela passa a ser majoritariamente administrada por investidores norte-americanos, atendendo às exigências de segurança do governo. Para esclarecer o que muda para quem usa o TikTok, o TechTudo conversou com o professor de cibersegurança e inteligência artificial da Fundação Vanzolini, Adriano Carezzato. Confira a seguir.

Como venda do TikTok vai afetar quem usa o app? Entenda — Foto: Mariana Saguias/TechTudo Como venda do TikTok vai afetar quem usa o app? Entenda — Foto: Mariana Saguias/TechTudo

O TikTok vai mudar para os usuários?

A venda de 50% do TikTok a um consórcio de empresas norte-americanas, incluindo a Oracle - uma das maiores companhias de software do mundo - é uma resposta a Donald Trump e outras autoridades, que vêm pressionando representantes do aplicativo desde 2020. O presidente dos EUA alega que dados de usuários americanos poderiam ser utilizados pelo governo chinês, representando risco à segurança nacional.

Segundo o professor Adriano Carezzato, o acordo é bem estruturado do ponto de vista técnico, já que a migração para a infraestrutura da Oracle nos EUA cria uma barreira física e jurídica para impedir que dados saiam do território americano e sejam acessados pelo governo chinês. Para os usuários da plataforma, a mudança a curto prazo pode envolver ajustes no algoritmo de conteúdo e a chegada de novos recursos, por exemplo.

"Os dados continuam sendo coletados de forma massiva para fins publicitários, de treinamento algoritmo. O que mudou não foi o quanto que se coleta, mas quem que tem a chave do servidor", explica o especialista em cibersegurança.

 Mariana Saguias/TechTudo Dados de usuários continuarão a ser coletados no TikTok — Foto: Mariana Saguias/TechTudo

No Brasil, o impacto não será imediato e o app seguirá operando normalmente. Redes sociais como TikTok, Facebook, Instagram e X (antigo Twitter) atuam aqui sob a vigência da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que estabelece regras para a coleta, uso, armazenamento e compartilhamento de dados pessoais no país. Em outras palavras, os dados estão em uma estrutura separada da matriz chinesa.

"Isso reduz riscos de espionagem estatal na teoria, mas não altera em nada o uso diário da plataforma para o usuário chinês", diz Carezzato. "Essa separação estrutural nos Estados Unidos pode até facilitar auditorias globais, mas a vigência comercial do aplicativo permanece da mesma forma e os dados continuam sendo monitorados.", complementa.

Venda do TikTok abre precedente perigoso

A venda do TikTok abre precedente para pressão política de governos autoritários sob a justificativa de segurança nacional. Apesar de necessária do ponto de vista geopolítico dos EUA, a decisão traz riscos de fracionamento da infraestrutura da Internet, movimento contrário à ideia original dela. "Aplicativos que lidam com grandes volumes de biometria, localização e mais tipos de dados pessoais podem ser os próximos na lista de verificação de segurança de outros países".

"Se cada país ou bloco econômico começar a exigir que as empresas vendam suas operações locais para continuarem funcionando, a gente tem uma Internet que vai contra a ideia original da Internet [...]. Isso abra precedentes para que governos autoritários usem as mesmas justificativas de segurança nacional para forçar a venda.", desabafa Carezzato.
 Getty Images/Maeva Destombes Venda de TikTok abre precedente para pressão política em outros países — Foto: Getty Images/Maeva Destombes

Entenda o caso da venda do TikTok nos EUA

O acordo assinado pelo TikTok e sua controladora chinesa atende a uma lei de 2024, aprovada durante a administração de Joe Biden pelo Congresso dos EUA, que determinou o bloqueio do aplicativo caso não fosse vendido. O negócio deve ser concluído em 22 de janeiro de 2026, quando a operação passa a valer oficialmente, um ano após a plataforma ter ficado temporariamente fora do ar por decisão da Justiça norte-americana.

A atual proprietária chinesa, ByteDance, mantém 19,9% do negócio. O consórcio formado pela Oracle, pela Silver Lake e pela MGX, dos Emirados Árabes, ficará com cerca de 50% da nova operação, enquanto os outros 30,1% permanecerão com afiliados de investidores já existentes da ByteDance. Na prática, o TikTok terá um conselho composto por sete membros americanos, em maioria, reforçando o controle sobre as decisões estratégicas mais importantes.

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