▶️ Contexto: Desde agosto, os Estados Unidos têm mobilizado um forte aparato militar no Caribe, em uma operação que a Casa Branca diz ser voltada ao combate ao tráfico internacional de drogas.
- A movimentação começou pouco depois de os EUA dobrarem para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
- Ele é acusado pelo governo americano de chefiar o Cartel de los Soles, grupo recentemente classificado como organização terrorista internacional.
- Nesse contexto, Maduro poderia ser considerado um alvo legítimo em eventuais ataques contra cartéis.
- Autoridades da Casa Branca disseram à imprensa americana acreditar que o objetivo final da operação seria retirar Maduro do poder.
🚢 Atualmente, vários navios de guerra dos EUA, aeronaves e o maior porta-aviões do mundo estão posicionados no Caribe. Nos últimos dois meses, esse aparato militar bombardeou mais de 20 embarcações suspeitas de transportar drogas, deixando mais de 70 mortos.
🔎 Por outro lado, para Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo Iuperj e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, uma invasão terrestre à Venezuela seria inviável neste momento.
- Segundo ele, ainda não há tropas suficientes no Caribe para sustentar uma operação dessa escala.
- Santoro explica que a Venezuela tem um território extenso e de difícil acesso, o que exigiria um grande esforço militar.
🗣️ Enquanto isso, Maduro afirmou estar pronto para uma conversa “cara a cara” com Trump. O presidente dos Estados Unidos sinalizou que pode abrir diálogo com a Venezuela.
Nesta reportagem você vai entender:
Tropas insuficientes, floresta densa e terreno acidentado: por que invadir a Venezuela por terra pode ser inviável para os EUA agora — Foto: Arte/g1
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aparece de farda militar ao caminhar com integrantes do governo e tropas em Caracas em 28 de agosto de 2025. — Foto: Presidência da Venezuela via REUTERS
As características do território venezuelano representam um desafio para operações militares de grande escala. O tamanho do país, o relevo acidentado e a presença de florestas densas são fatores decisivos no planejamento de uma eventual invasão.
- A Venezuela tem 916.445 km², uma área ligeiramente superior à do estado de Mato Grosso, o terceiro maior do Brasil.
- O território é marcado por duas cordilheiras: os Andes e a de Mérida. Elas formam uma barreira natural no noroeste do país. A capital, Caracas, está a mais de 900 metros de altitude.
- Além disso, parte do território é coberta pela Floresta Amazônica e pelos Llanos — extensas planícies que alagam durante o período de chuvas.
🔎 Maurício Santoro explica que, em uma eventual invasão americana à Venezuela, tropas leais ao regime de Nicolás Maduro poderiam recuar para áreas isoladas e resistir à ofensiva.
Além disso, seria necessário garantir o controle da ordem pública, inclusive em grandes cidades como Caracas, que tem mais de 2 milhões de habitantes. Tudo isso exigiria um grande número de soldados.
❌ Para Santoro, o número atual de militares que os Estados Unidos mantêm no Caribe é insuficiente para uma invasão em larga escala.
- Dados do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) apontam que há cerca de 13 mil militares norte-americanos atualmente no Caribe.
- O mesmo estudo estima que seriam necessários ao menos 50 mil soldados para uma invasão, ou até 150 mil para uma ação mais ampla e duradoura.
“Quando os americanos invadiram o Iraque, usaram cerca de 100 mil soldados. Esse número foi considerado baixo na época, mas acreditava-se que, com as mudanças tecnológicas, seria possível ocupar um país daquele tamanho. A realidade se mostrou bem mais complicada”, afirma Santoro.
Segundo o professor, em um cenário mais provável, os Estados Unidos poderiam ocupar ilhas próximas ao litoral venezuelano ou tentar tomar portos estratégicos, com o objetivo de restringir o acesso do país ao mar.
Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos
Se uma invasão terrestre completa parece improvável neste momento, os Estados Unidos já estariam prontos para outros tipos de operação contra a Venezuela, como ataques aéreos.
- Atualmente, os EUA realizam bombardeios contra embarcações suspeitas de transportar drogas no Caribe e no Oceano Pacífico.
- Segundo o CSIS, atualmente, cerca de 170 mísseis Tomahawk — de longo alcance — estão posicionados no Caribe. Esse número é semelhante ao usado na intervenção na Líbia, em 2011.
- Além disso, milhares de mísseis de outros modelos, incluindo de curto e médio alcance, também estão concentrados na região.
- O porta-aviões tem capacidade para abrigar até 90 aeronaves, entre caças e helicópteros.
- A embarcação também conta com uma pista de pouso e decolagem que tem área três vezes maior que o gramado do Maracanã.
Santoro explica que o atual poderio militar americano no Caribe não tem paralelo desde a década de 1960. Segundo ele, só o USS Gerald Ford, sozinho, tem mais aviação de caça do que toda a Força Aérea Brasileira.
Conheça o USS Gerald Ford, maior porta-aviões do mundo e o mais avançado da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Gui Sousa/Arte g1
No domingo (16), Trump afirmou que poderia conversar Nicolás Maduro, mas não deu detalhes sobre como esse diálogo ocorreria nem o que poderia ser negociado. Segundo ele, a Venezuela demonstrou interesse em falar com os Estados Unidos.
No dia seguinte, ao afirmar que não descartava enviar tropas à Venezuela, Trump voltou a dizer que poderia conversar com Maduro e que é necessário resolver a “questão” do país.
Em resposta, Maduro declarou que está pronto para uma conversa “cara a cara” com o presidente americano. As declarações foram feitas durante o programa de televisão semanal que ele apresenta em uma emissora estatal.
Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. — Foto: AFP/Jim Watson
Para Maurício Santoro, o desfecho ideal para o governo Trump na questão venezuelana seria uma transição de poder negociada — com a renúncia de Maduro ou sua derrubada por um golpe militar interno.
- O professor avalia que um acordo negociado poderia garantir a saída segura de Maduro, de sua família e de membros da cúpula do regime, com exílio em países aliados, como Rússia ou Cuba.
- Ainda segundo ele, Trump enfrenta pressões internas de comunidades latino-americanas nos Estados Unidos, que cobram ações mais firmes contra o regime.
- Um recuo agora seria visto como revés político para a Casa Branca, que criou grandes expectativas entre esses grupos.
“Por enquanto, o cenário que se desenha é de que a cúpula do regime de Maduro deve permanecer na Venezuela até o fim. Mas, claro, estamos especulando. Talvez, quando as primeiras bombas caírem, eles entrem em um avião e fujam”, analisa Santoro.

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1 mês atrás
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