
Crédito, Reuters
- Author, Yang Tian e James FitzGerald
- Role, BBC News
Há 27 minutos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou intensificar seu combate aos imigrantes, prometendo "interromper permanentemente a imigração" para os Estados Unidos de pessoas de todos os "países do Terceiro Mundo", ao se manifestar contra o "ônus dos refugiados" do seu país.
Trump postou nas redes sociais depois de anunciar a morte de um membro da Guarda Nacional americana após um tiroteio na capital do país, Washington DC. Um cidadão do Afeganistão foi acusado como responsável.
O presidente não forneceu mais detalhes, nem indicou quais países poderão ser afetados. O plano poderá ser questionado na Justiça e já gerou reações contrárias das agências das Nações Unidas.
O anúncio de Trump, após o ataque mortal de quarta-feira, representa um endurecimento ainda maior da sua posição em relação aos migrantes, durante seu segundo mandato.
Entre outras medidas, Trump procurou realizar deportações em massa de migrantes que entraram no país ilegalmente, reduzir drasticamente o número de refugiados e eliminar os direitos à cidadania automática que se aplicam atualmente a quase todos os nascidos em território americano.
Após o ataque de quarta-feira (26/11), Trump prometeu retirar dos Estados Unidos qualquer estrangeiro "de qualquer país que não pertença aqui".
No mesmo dia, os Estados Unidos suspenderam o processamento de todos os pedidos de imigração de cidadãos afegãos, afirmando que a decisão foi tomada aguardando uma análise de "protocolos de segurança e vetos".
Na quinta-feira, o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS, na sigla em inglês) declarou que iria reexaminar os green cards emitidos para indivíduos que migraram de 19 países para os Estados Unidos. A agência não mencionou explicitamente o ataque de quarta-feira.
Questionado pela BBC sobre quais países estariam na lista, o USCIS indicou uma proclamação emitida em junho pela Casa Branca, que incluiu o Afeganistão, Cuba, Haiti, Irã, Somália e Venezuela. Mas não houve mais detalhes sobre como ocorreria a reavaliação.
Trump usou linguagem forte em uma postagem em duas partes na noite de quinta-feira, prometendo "eliminar todos os subsídios e benefícios federais aos não cidadãos".
O presidente americano escreveu, na rede Truth Social, que isso "permitiria a total recuperação do sistema americano" de políticas que haviam reduzido os "ganhos e as condições de vida" de muitos cidadãos dos Estados Unidos.
'Países do Terceiro Mundo'
Na postagem, o presidente também culpou os refugiados por causarem "distúrbios sociais na América" e se comprometeu a retirar "todos os que não sejam patrimônio líquido" para os Estados Unidos.
Trump iniciou o texto, repleto de expressões anti-imigrantes, como uma "saudação pelo Dia de Ação de Graças".
Ele afirmou que "centenas de milhares de refugiados da Somália tomaram totalmente conta do até então grande Estado de Minnesota" e se dirigiu especificamente aos legisladores democratas daquele Estado.
"Interromperei permanentemente a migração de todos os Países do Terceiro Mundo para permitir a total recuperação do sistema dos Estados Unidos", escreveu o presidente.

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A expressão "terceiro mundo" era usada no passado para descrever nações mais pobres e em desenvolvimento.
A Casa Branca e o USCIS ainda não forneceram mais detalhes sobre os planos do presidente Trump, que não os relacionou diretamente, na sua postagem, ao ataque de quarta-feira.
O presidente já havia imposto proibições de viagens aos cidadãos do Afeganistão e de mais 11 países, principalmente na África e na Ásia, no primeiro semestre do ano.
Outra proibição de viagem, dirigida a uma série de países de maioria muçulmana, foi estabelecida durante seu primeiro mandato.
A ONU respondeu às palavras de Trump pedindo ao seu governo que observe os acordos internacionais referentes aos solicitantes de asilo.
"Esperamos que todos os países, incluindo os Estados Unidos, respeitem seus compromissos com base na Convenção dos Refugiados de 1953", declarou à agência de notícias Reuters o vice-porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas.
A reação de Trump representa a transformação dos migrantes nos Estados Unidos em "bodes expiatórios", segundo o presidente da Associação Americana de Advogados de Imigração, Jeremy McKinney.
Ele declarou ao programa de rádio Newsday, do Serviço Mundial da BBC, antes dos recentes comentários de Trump, que o motivo do responsável pelo ataque era desconhecido.
"Este tipo de questão não conhece a cor da pele, nem a nacionalidade", declarou ele.
"Quando uma pessoa se radicaliza ou sofre de algum tipo de doença mental, ela pode vir de qualquer origem."
O suspeito é afegão
A onda de anúncios surgiu depois que autoridades declararam que o suspeito do tiroteio em Washington DC, Rahmanullah Lakanwal, chegou aos Estados Unidos em 2021.
Ele viajou com base em um programa que oferecia proteção especial à imigração aos afegãos que tivessem trabalhado com as forças americanas, após a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão naquele ano.
Continuam a surgir informações sobre o trabalho de Lakanwal ao lado dos americanos. Ele trabalhou anteriormente ao lado da CIA, segundo o diretor atual da agência.
Lakanwal ajudou a proteger as forças americanas no aeroporto da capital afegã, Cabul, quando milhares de pessoas lutavam para fugir do país antes que o Talebã tomasse o poder, segundo contou à BBC um ex-comandante militar que serviu ao lado dele.
Pai de cinco filhos, Lakanwal havia sido recrutado para a Unidade 3 da Força de Ataque de Kandahar, nove anos antes.
Sua unidade era conhecida localmente como Forças Escorpião. Ela operava inicialmente subordinada à CIA, mas também, eventualmente, para o departamento de inteligência afegão conhecido como Diretoria Nacional de Segurança.
Lakanwal era especialista em rastreadores de GPS, segundo o ex-comandante. Ele o descreveu como um "personagem alegre e esportivo".
Lakanwal teria sido vetado pelos Estados Unidos duas vezes, na época em que começou ao trabalhar ao lado da CIA e quando viajou para os Estados Unidos, segundo uma alta autoridade americana, em entrevista à rede de TV CNN.
Um de seus amigos de infância também declarou ao jornal The New York Times que Lakanwal havia sofrido problemas de saúde mental, depois de trabalhar na sua unidade.

Crédito, Reuters
Lakanwal pediu asilo em 2024. Seu pedido foi concedido no início deste ano, supostamente depois da posse de Trump para seu segundo mandato.
Mas seu pedido de green card, relacionado à concessão de asilo, segue pendente, segundo declarou uma autoridade de Segurança Doméstica à rede de TV CBS, parceira da BBC nos Estados Unidos.
O suspeito foi preso após o ataque. Afirma-se que ele não estaria cooperando com as autoridades.
Trump descreveu o incidente como "ato de terror". Ele anunciou no dia seguinte a morte de um dos dois membros da Guarda Nacional atingidos pelos tiros.
Sarah Beckstrom era da Virgínia Ocidental e tinha 20 anos de idade. Ela trabalhava na capital como parte do deslocamento de membros da Guarda Nacional ordenado por Trump, para combater a criminalidade.
Ela havia se voluntariado para trabalhar em Washington durante o feriado de Ação de Graças, segundo a procuradora-geral americana Pam Bondi.
Trump informou que o segundo membro da Guarda Nacional, Andrew Wolfe, de 24 anos, segue "lutando pela vida".

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