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Trump aprofunda divisões e enterra o bipartidarismo no primeiro discurso no Congresso

Encorajado pela claque republicana, o presidente americano persistiu no comportamento de protagonista de comício eleitoral, na longa sessão conjunta no Congresso: citou o antecessor Joe Biden 12 vezes, culpando-o tanto pela alta no preço dos ovos quanto pelos conflitos no exterior, ofendeu opositores, condenou nações aliadas e despejou uma extensa lista de falsidades aos ouvintes.

A outra parte dos 100 minutos da oratória presidencial foi dedicada a autoelogios e a enaltecer seus controversos colaboradores. Afinal, conforme ressaltou, ninguém conseguiu mais do que ele em 43 dias de governo, sequer em quatro ou oito anos à frente dos EUA.

Trump se vangloriou de sair de organismos internacionais antiamericanos, de erradicar a censura e a instrumentalização do governo, de decretar a morte da “tirania woke” —o termo é utilizado pela direita para se referir a políticas progressistas.

Em seu discurso, Trump também homenageou o bilionário Elon Musk, afirmando falsamente que o corte de custos orquestrado por ele à frente do Departamento de Eficiência Governamental “descobriu centenas de bilhões de dólares em fraudes”.

Ele atribuiu ao secretário de Saúde, o antivacinas Robert Kennedy Jr., a tarefa de investigar o aumento nos diagnósticos de autismo no país. Isso passaria despercebido se Kennedy não tivesse propagado no passado a teoria, amplamente rejeitada pela comunidade científica, de que as vacinas causam autismo.

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A tão esperada reação democrata variava entre risos, gritos, placas que diziam “resista” ou “isso não é normal” e saídas intempestivas de congressistas do Capitólio, denotando que ainda falta um longo caminho até articular uma mensagem consistente como oposição que compõe metade dos eleitores americanos.

“Eu olho para os democratas na minha frente e percebo que não há absolutamente nada que eu possa dizer para fazê-los felizes ou fazê-los ficar de pé ou sorrir ou aplaudir, nada que eu possa fazer”, provocou candidamente o presidente.
“Não seria lindo? É hora de parar com essa loucura. É hora de parar com a matança. É hora de acabar com essa guerra sem sentido. Se você quer acabar com as guerras, tem que falar com os dois lados.”

Mais uma vez, ele repetiu falsamente que os EUA investiram US$ 350 bilhões (cerca de R$ 2,06 trilhões) em ajuda militar à Ucrânia (o triplo do valor real), embora tenha sido corrigido publicamente na semana passada por Zelensky, o presidente Emmanuel Macron e o premiê Keir Starmer. Enquanto Trump divagava sobre a sua utópica ideia de paz no Congresso americano, a Ucrânia relatava um grande ataque russo, com mísseis e drones russos em todo o país.

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