Trump

Crédito, Kevin Dietsch/Getty Images

    • Author, Bernd Debusmann Jr
    • Role, Correspondente da BBC News na Casa Branca
  • Há 34 minutos

O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15/10) que autorizou a CIA a conduzir "operações secretas" dentro da Venezuela — e disse que estava considerando ataques a cartéis de drogas no país.

Esse tipo de operação ocorre, por exemplo, quando serviços militares ou de inteligência realizam ataques ou assassinatos em outro país — mesmo que os exércitos dos dois países não estejam combatendo diretamente um ao outro.

Forças dos EUA já realizaram pelo menos cinco ataques a barcos suspeitos de transportar drogas no Caribe, perto da costa venezuelana, nas últimas semanas, matando 27 pessoas.

Especialistas em direitos humanos nomeados pela ONU descreveram as ações como "execuções extrajudiciais".

Falando no Salão Oval, na Casa Branca, Trump disse que os EUA "estão analisando operações em terra" enquanto consideram novos ataques na região.

Trump buscou aumentar a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro, que os EUA e outros países não reconhecem como líder legítimo da Venezuela após eleições contestadas.

A Venezuela desempenha um papel relativamente pequeno no tráfico de drogas da região. O país não produz drogas, embora seja uma rota de trânsito para alguns traficantes, mas não a maior em comparação com outros locais da região.

O governo venezuelano não comentou diretamente a notícia, mas, falando na televisão pouco depois, a vice-presidente Delcy Rodríguez disse: "Que nenhum agressor ouse, porque sabem que aqui estão o povo de Bolívar, que aqui estão o povo de nossos antepassados com suas espadas erguidas para nos defender sob qualquer circunstância."

Maduro de perfil

Crédito, REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

O aumento da presença militar dos EUA na região gerou temores em Caracas de um possível ataque.

De acordo com o jornal The New York Times, a autorização de Trump permitiria que a CIA realizasse operações na Venezuela de forma unilateral ou como parte de qualquer atividade militar mais ampla dos EUA.

Ainda não se sabe se a CIA está planejando operações na Venezuela, ou se esses planos estão sendo mantidos apenas como contingência.

Falando com repórteres no Salão Oval, ao lado do diretor do FBI, Kash Patel, e da procuradora-geral, Pam Bondi, Trump foi questionado sobre a reportagem do New York Times.

"Autorizei por duas razões, na verdade", disse ele. "Número um: eles [Venezuela] esvaziaram suas prisões e enviaram para os Estados Unidos da América."

Ele acrescentou: "E a outra coisa são as drogas. Recebemos muitas drogas vindo da Venezuela, e grande parte das drogas venezuelanas entram pelo mar, então você precisa ver isso, mas também vamos detê-las pela terra."

O presidente se recusou a responder quando perguntado se a autorização à CIA permitiria à agência derrubar Maduro.

Os EUA já ofereceram uma recompensa de US$ 50 milhões para informações que levassem à prisão do líder venezuelano, que é acusado por Trump de comandar um cartel de drogas.

"Não seria uma pergunta ridícula para eu responder?", disse ele.

No ataque mais recente dos EUA, na terça-feira, seis pessoas foram mortas quando um barco foi alvo próximo à costa venezuelana.

No Truth Social, Trump afirmou que "a inteligência confirmou que a embarcação estava traficando narcóticos, estava associada a redes narcoterroristas ilícitas e transitava por um corredor conhecido de tráfico de drogas."

Como ocorreu em ataques anteriores, autoridades dos EUA não especificaram qual organização de tráfico de drogas acreditavam estar operando o barco, nem quem eram as pessoas a bordo.

Os ataques fazem parte de um esforço militar maior para pressionar o governo de Maduro, que incluiu o posicionamento de significativos recursos aéreos e navais na região, além de cerca de 4 mil tropas.

Em um memorando vazado recentemente enviado a legisladores dos EUA e divulgado pela mídia americana, a administração afirmou que se considerava envolvida em um "conflito armado não internacional" com organizações de tráfico de drogas.

Autoridades dos EUA alegam que o próprio Maduro faz parte de uma organização chamada Cartel de los Soles, que, segundo eles, incluiria altos oficiais militares e de segurança venezuelanos envolvidos no tráfico de drogas.

Maduro negou repetidamente as acusações, e o governo da Venezuela condenou os ataques.