O documento afirma que o presidente Trump considera os cartéis de drogas grupos armados não estatais e que suas ações equivalem a "um ataque armado contra os Estados Unidos".
"O presidente instruiu o Departamento de Guerra a conduzir operações contra eles de acordo com a lei de conflitos armados", acrescenta o memorando, usando o nome preferido de Trump para o Departamento de Defesa.
O texto parece ser uma justificativa para o uso da força contra cartéis de drogas, que o governo Donald Trump acusa de inundar as ruas dos Estados Unidos com cocaína e fentanil.
Na terça-feira (30), Trump afirmou que seu governo está considerando atacar as operações de cartéis de drogas "que chegam por terra" aos EUA vindos da Venezuela.
As autoridades americanas apresentaram a mobilização como uma ação antidrogas contra o Tren de Aragua, designado como "organização terrorista" pelo governo Trump em fevereiro, e o Cartel de los Soles, uma suposta organização de tráfico de drogas que, segundo Washington, envolveria oficiais de alta patente e ex-oficiais das Forças Armadas da Venezuela e seria liderada pelo presidente Nicolás Maduro.
O governo Maduro nega as acusações e acusa os EUA de usar a questão do tráfico de drogas como desculpa para pressionar por uma mudança de regime na Venezuela.

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Dúvidas sobre a legalidade dos ataques
Os ataques dos Estados Unidos a embarcações no Caribe foram chocantes em sua escala e geraram críticas generalizadas.
De acordo com especialistas consultados pela BBC, eles podem ter violado o direito internacional.
Em relação aos direitos humanos, Moffett observou que o uso da força pode constituir uma "execução arbitrária extrajudicial" e "uma violação fundamental dos direitos humanos".
De acordo com o jornal "The New York Times", a decisão de Trump de designar formalmente sua campanha contra cartéis de drogas como um conflito armado ativo indica sua intenção de consolidar seu direito de obter poderes extraordinários em tempos de guerra.
De acordo com o direito internacional, durante um conflito armado, um país pode legalmente matar combatentes inimigos, mesmo quando eles não representam uma ameaça.
Mas persistem dúvidas sobre a legalidade dessa medida.
Geoffrey S. Corn, um procurador-geral aposentado que anteriormente foi conselheiro sênior do Exército, disse ao The New York Times que os cartéis de drogas não estavam envolvidos em "hostilidades" contra os Estados Unidos porque vender um produto perigoso é diferente de enfrentar um ataque armado.

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Trump pode declarar PCC organização terrorista?
O memorando de Trump ao Congresso americano é de interesse do Brasil, pois especialistas em risco político avaliam que existe a possibilidade de o governo americano classificar facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas.
A medida pode ser adotada como parte das retaliações americanas pela condenação de Jair Bolsonaro (PL) por golpe de Estado, segundo um relatório publicado pela consultoria Eurasia no início de setembro.
Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor-executivo para as Américas do grupo Eurasia, Christopher Garman, disse que a classificação do PCC e do CV como organizações terroristas não parece ser uma decisão iminente, mas pode ocorrer nos próximos meses.
"Se estendermos o horizonte nos próximos seis a oito meses, acho que a probabilidade aumenta", afirmou.
O governo Trump já inclui em sua lista de organizações terroristas outros grupos criminosos latino-americanos, como o venezuelano Tren de Aragua e seis cartéis mexicanos.
Garman, da Eurasia, salientou que o governo Trump está muito focado no combate ao narcotráfico na região, um tema que também é relevante para fins eleitorais domésticos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou em setembro o envio de forças militares americanas para o Mar do Caribe.
"[O terrorismo] não pode ser confundido com os desafios de segurança pública que muitos países enfrentam. São fenômenos distintos e que não devem servir de desculpa para intervenções à margem do direito internacional", disse o presidente brasileiro em reunião virtual entre líderes do grupo Brics no dia 8 de setembro.
Em caráter reservado, diplomatas mencionam o temor de que os Estados Unidos utilizem o combate ao narcotráfico e a classificação de grupos como terroristas para justificar operações militares na região.
Com informações da reportagem de Alessandra Corrêa, de Washington para a BBC News Brasil

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