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Trump parabeniza Noboa após eleições no Equador: 'será um ótimo presidente'

O atual presidente Daniel Noboa foi reeleito presidente do Equador neste domingo (13). Ele venceu a esquerdista Luisa González, em um segundo turno marcado por disputa acirrada e realizado em meio a tensões causadas pela violência ligada ao tráfico de drogas.

Com mais de 90% das urnas apuradas, Noboa estava à frente por mais de um milhão de votos, uma diferença de 12 pontos percentuais (56% contra 44%).

González disse aos apoiadores que não reconhece os resultados e que exigirá uma recontagem.

"Recuso-me a acreditar que um povo preferiria mentiras em vez da verdade, violência em vez de paz e unidade," disse Gonzalez. "Vamos exigir uma recontagem e que abram as urnas."

A votação foi encerrada às 19h (horário de Brasília) e ocorreu sem incidentes de segurança. A eleição registrou quase 84% de participação dos eleitores, segundo Diana Atamaint, presidente do Conselho Nacional Eleitoral.

"Devemos rejeitar firmemente a narrativa de fraude. As acusações infundadas não só prejudicam esta instituição, mas também a confiança na nossa própria democracia", disse Atamaint, enquanto González, que votou na província costeira de Manabi, pediu aos apoiadores que guardassem cada voto.

O que diziam as pesquisas

Nas pesquisas de intenção de voto, ambos estavam empatados. A empresa Comunicaliza deu a Noboa 50,3% dos votos válidos e a González 49,7%, enquanto a Telcodata apontava uma vitória da candidata de esquerda com 50,2% contra 49,8% do atual presidente. Ambas as projeções estão dentro da margem de erro.

Também na véspera, González denunciou a troca da sua equipe de segurança, no que classificou de ato irresponsável do governo Noboa. O Ministério da Defesa disse que todos os integrantes da equipe estão qualificados para o trabalho.

Equador vive onda de violência

Os últimos anos têm sido brutais para o Equador, país de 18 milhões de pessoas. A violência causada pelo tráfico de drogas levou a um aumento no número de homicídios, ao assassinato de um candidato à presidência, à tomada de prisões por grupos criminosos e a um ataque armado a uma emissora televisiva enquanto seus jornalistas faziam uma transmissão ao vivo.

"Nos noticiários há sangue puro, tiros, sequestros, extorsionários. Não dá para viver assim e, ainda por cima, o que se ganha não é suficiente", disse à AFP Raquel García, de 23 anos, que não tem um emprego fixo.

Isto "trouxe muita tensão, muito nervosismo para esse segundo turno, disse José Antonio de Gabriel, chefe-adjunto da missão de observação da União Europeia, à Teleamazonas.

Militares na véspera da eleição presidencial no Equador — Foto: Karen Toro/Reuters

No primeiro turno, a denúncia de fraude, feita por Noboa, foi descartada pelas organizações internacionais.

Quase 13,7 milhões de habitantes foram convocados às urnas entre as 7h e 17h (9h e 19h em Brasília) neste domingo.

Dolarizado, com portos estratégicos no Pacífico e localizado entre os dois maiores produtores de cocaína do mundo - Colômbia e Peru -, o Equador se tornou um paraíso do narcotráfico.

Noboa mantém os militares nas ruas desde 2024, sob uma declaração de conflito armado interno, mas a violência continua.

Em janeiro e fevereiro, houve mais de 1.500 homicídios, o início de ano mais sangrento já registrado.

Após um recorde de 47 assassinatos por 100.000 pessoas em 2023, a taxa caiu para 38 em 2024. Apesar disso, o grupo especializado Insight Crime a considera a mais elevada da América Latina.

Os candidatos relatavam ameaças e andavam pelas ruas cercados de segurança pesada. Mais de 30 políticos e autoridades foram assassinados desde 2023.

Os equatorianos votarão sob a pressão da "insegurança, da crise econômica, da falta de emprego e da corrupção", afirmou o analista Mauricio Alarcón.

Material eleitoral às vésperas da eleição no Equador — Foto: Reuters

Neoliberalismo x estado maior

Noboa, que se define de centro-esquerda, mas na prática tem um governo de centro-direita, aplica o neoliberalismo.

Uma década de gastos sem a bonança do petróleo aumentou a dívida pública para cerca de 57% do PIB, de acordo com o FMI.

A produção não atingiu 500.000 barris por dia desde 2020 devido ao desinvestimento. O desemprego e o subemprego chegam a quase 23%, e a pobreza atinge 28% da população em um país focado em financiar a guerra contra as drogas.

O Equador está polarizado há mais de uma década.

Herdeiro de um magnata do setor bananeiro, Noboa é um dos governantes mais jovens do mundo, uma imagem que explora nas redes sociais.

Vestindo um colete à prova de balas e liderando operações militares espetaculares, ele acumulou apoio como um político de mão de ferro contra o narcotráfico.

Apesar da popularidade, organizações de direitos humanos denunciam abusos em seu plano de segurança.

Luisa González também prometia segurança, mas com respeito aos direitos humanos. Na campanha, ela projetava a imagem de uma mulher do povo e mãe solteira que fez seu nome.

É a herdeira política do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), uma figura que divide o país.

"Se o correísmo não vencer desta vez, dificilmente permanecerá por muito mais tempo", disse o cientista político Simon Pachano.

Correa está refugiado na Bélgica desde que deixou o poder. À revelia, ele foi condenado a oito anos de prisão por corrupção e é alvo de um mandado de prisão. Ele nega todas as acusações.

Noboa venceu eleições extraordinárias para concluir até maio o mandato de Guillermo Lasso, que dissolveu o Congresso e convocou eleições antecipadas para evitar um julgamento por corrupção.

Um dos maiores aliados dos Estados Unidos na região, ele pediu ajuda militar ao presidente Donald Trump e não descarta a possibilidade de instalar bases militares estrangeiras no país.

 Presidente Daniel Noboa disputará segundo turno com a candidata da esquerda Luisa González

Eleição no Equador: Presidente Daniel Noboa disputará segundo turno com a candidata da esquerda Luisa González

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