Com as ondas de calor cada vez mais intensas, a demanda por aparelhos de ar-condicionado dispara ano após ano. Esse cenário transforma o equipamento em um item de necessidade, colocando a Black Friday como principal janela de oportunidade para comprar modelos por valores mais baixos. Contudo, o desejo, a complexidade técnica e as ofertas "imperdíveis" criam o ambiente ideal para as ciladas. Um erro na escolha pode gerar custos adicionais com adaptações e instalação que anulam qualquer economia durante a promoção.
As dicas a seguir foram elaboradas para blindar o consumidor contra várias armadilhas. A análise vai além do conselho básico de comparar preços. O objetivo é detalhar como calcular a potência corretamente, decodificando fatores críticos como o "sol da tarde", ou a cilada da voltagem. Também vamos explicar as regras de instalação que afetam a garantia e como usar ferramentas de monitoramento para fugir das falsas promoções. Confira.
Dicas podem te salvar de cair em ciladas durante a black friday — Foto: Reprodução/Freepik A Black Friday é o momento ideal para comprar um ar-condicionado, mas é preciso ter atenção para não cair em armadilhas. Para garantir que você faça a melhor escolha e economize de verdade, veja no índice a seguir as dicas que serão abordadas nesta matéria:
- Confira a potência e a voltagem do aparelho
- Verifique as dimensões (do ambiente e do ar-condicionado)
- Observe bem as especificações
- Veja se o modelo é de uma versão nova ou antiga
- Acompanhe o preço semanas antes
- Use sites e extensões de comparadores
1. Confira a potência e a voltagem do aparelho
A escolha da potência, medida em BTUs, e da voltagem são os pontos técnicos mais críticos. Errar aqui é a cilada mais comum e que gera o maior prejuízo. A armadilha da potência errada se manifesta de duas formas. A primeira é a "falsa economia": comprar um aparelho subdimensionado, com menos BTUs do que o necessário. Ele trabalhará incessantemente na potência máxima, sem nunca gelar o ambiente, resultando em um consumo de energia altíssimo e desgaste prematuro.
Para evitar esse erro, o cálculo deve ser metódico. A regra base é de 600 BTU por metro quadrado para ambientes sem sol direto. A principal armadilha é o fator solar: se o cômodo recebe sol direto, especialmente à tarde, a base de cálculo deve subir para 800 BTU por m². Ignore isso e seu aparelho será fraco. Além da conta da área, some 600 BTU para cada pessoa adicional no ambiente e mais 600 BTU para cada eletrônico de uso constante, como computadores.
A potência errada pode fazer seu ar-condicionado não servir para nada — Foto: Divulgação/Gree A segunda grande cilada é a voltagem. A grande maioria dos aparelhos, especialmente os mais potentes, acima de 12.000 BTU, é fabricada apenas em 220V. O consumidor em uma região 127V que comprar um modelo de maior voltagem na promoção vai se deparar com um problema: ele precisará pagar por uma reforma elétrica cara, ou usar um transformador de voltagem. Especialistas alertam que transformadores para essa potência são caros, pesados e podem causar superaquecimento, sendo uma solução perigosa e não recomendada.
2. Verifique as dimensões (do ambiente e do ar-condicionado)
Após definir a potência, a próxima etapa é a verificação das medidas físicas. Para o tradicional ar-condicionado de janela, o erro comum é medir apenas a altura e a largura do buraco existente. A cilada está na profundidade. Os manuais de instalação especificam uma profundidade mínima necessária para a caixa do aparelho. Comprar um modelo mais profundo que o peitoril da sua janela pode simplesmente inviabilizar a instalação, ou causar uma vedação inadequada.
No caso dos modelos Split, a complexidade é muito maior. A instalação envolve uma unidade interna e uma externa. A armadilha que muitos negligenciam é a distância mínima da tubulação. Para economizar, muitos instalam as unidades "costa com costa". Isso é um erro fatal. Os fabricantes exigem uma distância mínima, geralmente entre 2 e 3 metros, para que o fluido refrigerante circule corretamente. A instalação com tubulação muito curta força o compressor, aumenta o ruído e reduz drasticamente a vida útil do motor.
Outro erro comum é comprar um ar-condicionado de pouca potência para um ambiente grande — Foto: Divulgação/Midea A cilada mais cara da Black Friday, no entanto, é a da instalação. O consumidor, focado na economia, compra um aparelho com garantia de 10 anos no compressor e contrata um técnico não credenciado para instalar. O que o consumidor não sabe é que quase todos os termos de garantia estipulam que ela só é válida se a instalação for realizada por um técnico credenciado pela marca. Se o aparelho apresentar defeito, a primeira coisa que o técnico da garantia fará é inspecionar a instalação. Se ela estiver fora dos padrões do manual, a garantia é automaticamente invalidada.
3. Observe bem as especificações
Dois aparelhos com os mesmos 12.000 BTU podem ser radicalmente diferentes. Na Black Friday, as lojas podem promover modelos que escondem tecnologias inferiores. A maior cilada é comprar um ar-condicionado convencional (sem tecnologia inverter) achando que fez um bom negócio. Esses modelos são uma armadilha de "falsa economia". Para climatizar o ambiente, o compressor liga na potência máxima e desliga frequentemente, gerando picos de consumo.
Em contrapartida, a tecnologia Inverter funciona como um acelerador: o compressor reduz a velocidade e se mantém funcionando em baixa rotação, de forma contínua. Por evitar os picos de partida, o Inverter pode economizar até 70% de energia.
É preciso observar as características dos aparelhos para saber se comportam sua necessidade — Foto: Divulgação/Agratto A segunda armadilha técnica é o Selo Procel A. O consumidor aprendeu a procurar a letra "A", mas as regras mudaram. A nova métrica que define a eficiência é o IDRS (Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal). Para ser "A", o aparelho precisa de um IDRS mínimo de 5,5. O ponto-chave é: quanto maior o número do IDRS, mais eficiente é o equipamento. Na Black Friday, as lojas podem promover modelos "Classe A" com IDRS baixo, que são estoques antigos. Modelos novos têm IDRS 7, 8, ou mais. Mais importante do que observar a letra é procurar o número do IDRS na etiqueta.
Finalmente, observe funções que afetam o conforto. Para quartos, o nível de ruído (dB) é crucial; modelos Inverter de qualidade operam abaixo de 40 dB. Sobre a filtragem, o Filtro HEPA é focado em partículas e ideal para alérgicos. Já o filtro de Carvão Ativado é focado em gases e odores. A conectividade Wi-Fi, que permite controle por app e assistentes de voz (como Alexa e Google Assistente), não é mais um luxo. Ela permite ligar o aparelho antes de chegar em casa e, em muitos modelos, monitorar o consumo de energia em tempo real.
4. Veja se o modelo é de uma versão nova ou antiga
A tática mais sutil da Black Friday é a liquidação de estoque de gerações passadas. As lojas anunciam "grandes promoções" em aparelhos de 2023 ou 2024, que estão sendo substituídos pelos lançamentos de 2025. A cilada é que os nomes dos modelos são extremamente parecidos. O consumidor acredita estar comprando o que há de mais novo, quando na verdade está levando para casa uma tecnologia defasada por um preço muito similar ao do lançamento.
Modelos podem contar com versões antigas sendo vendidas pelo preço de novas — Foto: Reprodução/Pixabay Um exemplo clássico dessa estratégia pode ser visto na linha da LG. A principal tecnologia da marca é a "Dual Inverter". No entanto, o modelo premium e mais recente é o LG Dual Inverter Voice. O nome "Voice" indica a principal característica: ele possui Wi-Fi integrado e é compatível com comandos de voz. Em contrapartida, as lojas podem promover na Black Friday os modelos LG Dual Inverter Eco ou Compact. Esses são modelos de entrada, que não possuem a conectividade Wi-Fi integrada. Se a diferença de preço for pequena, a promoção no modelo inferior não vale a pena.
A Samsung oferece um caso similar, onde a palavra-chave para 2025 é "AI" (Inteligência Artificial). A nova linha premium é a Bespoke AI WindFree. O diferencial "AI" significa que o aparelho possui recursos de otimização de consumo baseados em inteligência artificial. A cilada será a promoção de modelos de 2023/2024, como o WindFree Connect. Embora o "Connect" também tenha Wi-Fi, ele não possui os novos e mais eficientes algoritmos de IA da linha 2025. O consumidor, vendo "WindFree" e "Wi-Fi", compra o modelo, sem saber que adquiriu a tecnologia do ano anterior.
5. Acompanhe o preço semanas antes
A cilada mais famosa da Black Friday é a "Black Fraude", também conhecida como a promoção "metade do dobro". Esta é uma prática enganosa onde o varejista sobe artificialmente o preço de um produto semanas antes do evento. No dia da promoção, ele aplica um desconto "imperdível" sobre o valor inflacionado. Por exemplo, um ar-condicionado de R$ 2.800 passa a custar R$ 4.500 no início de novembro. Na Black Friday, a loja o anuncia por R$ 2.700, alardeando um "desconto de 40%". O consumidor compra por impulso, sem perceber que o preço real não teve desconto.
Histórico de preço nos últimos 40 dias de um ar-condicionado Elgin na plataforma Buscapé — Foto: Reprodução/Buscapé A única defesa contra essa prática é o uso de dados, por meio da ferramenta de Histórico de Preços. Essa funcionalidade, disponível nos principais sites comparadores, é um gráfico que mostra a flutuação de preço de um produto nos últimos 60 ou 90 dias. O consumidor deve analisar o gráfico do ar-condicionado desejado. O sinal claro de "Black Fraude" é uma subida abrupta do preço nas semanas que antecedem o evento. A compra só é vantajosa se o preço ofertado for o menor valor registrado no gráfico nos últimos meses.
Outra estratégia prática e eficaz é decidir o modelo exato que deseja comprar com antecedência. Assim, é possível acompanhar o preço cobrado nas principais lojas por um período maior. Além disso, após a escolha, deve-se entrar nas ferramentas de comparação e ativar o Alerta de Preço. Nesses alertas, o consumidor define o valor que considera justo pagar, baseado no histórico. Quando o produto atingir aquele valor, seja na Black Friday ou em uma promoção relâmpago dias antes, o usuário é notificado por e-mail ou aplicativo e pode realizar a compra imediatamente.
6. Use sites e extensões de comparadores
Tentar acompanhar os preços da Black Friday manualmente, abrindo aba por aba das grandes varejistas, é uma tarefa quase impossível. O consumidor precisa de ferramentas automatizadas que comparem o valor atual e forneçam o contexto do histórico de preços. As ferramentas essenciais no Brasil são os agregadores e comparadores de preço. Os três principais são o Zoom, o Buscapé e o Promobit. Os dois primeiros são plataformas robustas, que oferecem as ferramentas cruciais de "Histórico de Preços" e "Alerta de Preço".
Ferramentas comparadoras de preço ajudam na hora de comprar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels A dica mais valiosa é o uso de extensões de navegador. Em vez de consultar o produto na loja e depois ter que abrir o site do Buscapé em outra aba para verificar o histórico, as extensões do Zoom e do Buscapé (disponíveis para Chrome) automatizam esse processo. Essas extensões funcionam dentro da própria página da loja. Quando você visualizar um ar-condicionado na Black Friday, a extensão insere automaticamente um ícone ou uma caixa no canto da tela, exibindo o gráfico do histórico de preços daquele produto.
Além da verificação de histórico, essas extensões e sites oferecem outras funções vitais. A primeira é a criação do Alerta de Preço, conforme mencionado no tópico anterior, que notifica o consumidor quando o produto atinge o valor desejado. A segunda é o testador de cupons. Muitas extensões, ao detectar que o consumidor está na página do carrinho de compras, testam automaticamente uma lista de cupons de desconto disponíveis, aplicando qualquer economia adicional possível.
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3 Achadinhos mais baratos do que você pensa!

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