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Vai comprar ar-condicionado na Black Friday? Veja como fugir de ciladas

Com as ondas de calor cada vez mais intensas, a demanda por aparelhos de ar-condicionado dispara ano após ano. Esse cenário transforma o equipamento em um item de necessidade, colocando a Black Friday como principal janela de oportunidade para comprar modelos por valores mais baixos. Contudo, o desejo, a complexidade técnica e as ofertas "imperdíveis" criam o ambiente ideal para as ciladas. Um erro na escolha pode gerar custos adicionais com adaptações e instalação que anulam qualquer economia durante a promoção.

As dicas a seguir foram elaboradas para blindar o consumidor contra várias armadilhas. A análise vai além do conselho básico de comparar preços. O objetivo é detalhar como calcular a potência corretamente, decodificando fatores críticos como o "sol da tarde", ou a cilada da voltagem. Também vamos explicar as regras de instalação que afetam a garantia e como usar ferramentas de monitoramento para fugir das falsas promoções. Confira.

 Reprodução/Freepik Dicas podem te salvar de cair em ciladas durante a black friday — Foto: Reprodução/Freepik

A Black Friday é o momento ideal para comprar um ar-condicionado, mas é preciso ter atenção para não cair em armadilhas. Para garantir que você faça a melhor escolha e economize de verdade, veja no índice a seguir as dicas que serão abordadas nesta matéria:

  1. Confira a potência e a voltagem do aparelho
  2. Verifique as dimensões (do ambiente e do ar-condicionado)
  3. Observe bem as especificações
  4. Veja se o modelo é de uma versão nova ou antiga
  5. Acompanhe o preço semanas antes
  6. Use sites e extensões de comparadores

1. Confira a potência e a voltagem do aparelho

A escolha da potência, medida em BTUs, e da voltagem são os pontos técnicos mais críticos. Errar aqui é a cilada mais comum e que gera o maior prejuízo. A armadilha da potência errada se manifesta de duas formas. A primeira é a "falsa economia": comprar um aparelho subdimensionado, com menos BTUs do que o necessário. Ele trabalhará incessantemente na potência máxima, sem nunca gelar o ambiente, resultando em um consumo de energia altíssimo e desgaste prematuro.

Para evitar esse erro, o cálculo deve ser metódico. A regra base é de 600 BTU por metro quadrado para ambientes sem sol direto. A principal armadilha é o fator solar: se o cômodo recebe sol direto, especialmente à tarde, a base de cálculo deve subir para 800 BTU por m². Ignore isso e seu aparelho será fraco. Além da conta da área, some 600 BTU para cada pessoa adicional no ambiente e mais 600 BTU para cada eletrônico de uso constante, como computadores.

 Divulgação/Gree A potência errada pode fazer seu ar-condicionado não servir para nada — Foto: Divulgação/Gree

A segunda grande cilada é a voltagem. A grande maioria dos aparelhos, especialmente os mais potentes, acima de 12.000 BTU, é fabricada apenas em 220V. O consumidor em uma região 127V que comprar um modelo de maior voltagem na promoção vai se deparar com um problema: ele precisará pagar por uma reforma elétrica cara, ou usar um transformador de voltagem. Especialistas alertam que transformadores para essa potência são caros, pesados e podem causar superaquecimento, sendo uma solução perigosa e não recomendada.

2. Verifique as dimensões (do ambiente e do ar-condicionado)

Após definir a potência, a próxima etapa é a verificação das medidas físicas. Para o tradicional ar-condicionado de janela, o erro comum é medir apenas a altura e a largura do buraco existente. A cilada está na profundidade. Os manuais de instalação especificam uma profundidade mínima necessária para a caixa do aparelho. Comprar um modelo mais profundo que o peitoril da sua janela pode simplesmente inviabilizar a instalação, ou causar uma vedação inadequada.

No caso dos modelos Split, a complexidade é muito maior. A instalação envolve uma unidade interna e uma externa. A armadilha que muitos negligenciam é a distância mínima da tubulação. Para economizar, muitos instalam as unidades "costa com costa". Isso é um erro fatal. Os fabricantes exigem uma distância mínima, geralmente entre 2 e 3 metros, para que o fluido refrigerante circule corretamente. A instalação com tubulação muito curta força o compressor, aumenta o ruído e reduz drasticamente a vida útil do motor.

 Divulgação/Midea Outro erro comum é comprar um ar-condicionado de pouca potência para um ambiente grande — Foto: Divulgação/Midea

A cilada mais cara da Black Friday, no entanto, é a da instalação. O consumidor, focado na economia, compra um aparelho com garantia de 10 anos no compressor e contrata um técnico não credenciado para instalar. O que o consumidor não sabe é que quase todos os termos de garantia estipulam que ela só é válida se a instalação for realizada por um técnico credenciado pela marca. Se o aparelho apresentar defeito, a primeira coisa que o técnico da garantia fará é inspecionar a instalação. Se ela estiver fora dos padrões do manual, a garantia é automaticamente invalidada.

3. Observe bem as especificações

Dois aparelhos com os mesmos 12.000 BTU podem ser radicalmente diferentes. Na Black Friday, as lojas podem promover modelos que escondem tecnologias inferiores. A maior cilada é comprar um ar-condicionado convencional (sem tecnologia inverter) achando que fez um bom negócio. Esses modelos são uma armadilha de "falsa economia". Para climatizar o ambiente, o compressor liga na potência máxima e desliga frequentemente, gerando picos de consumo.

Em contrapartida, a tecnologia Inverter funciona como um acelerador: o compressor reduz a velocidade e se mantém funcionando em baixa rotação, de forma contínua. Por evitar os picos de partida, o Inverter pode economizar até 70% de energia.

 Divulgação/Agratto É preciso observar as características dos aparelhos para saber se comportam sua necessidade — Foto: Divulgação/Agratto

A segunda armadilha técnica é o Selo Procel A. O consumidor aprendeu a procurar a letra "A", mas as regras mudaram. A nova métrica que define a eficiência é o IDRS (Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal). Para ser "A", o aparelho precisa de um IDRS mínimo de 5,5. O ponto-chave é: quanto maior o número do IDRS, mais eficiente é o equipamento. Na Black Friday, as lojas podem promover modelos "Classe A" com IDRS baixo, que são estoques antigos. Modelos novos têm IDRS 7, 8, ou mais. Mais importante do que observar a letra é procurar o número do IDRS na etiqueta.

Finalmente, observe funções que afetam o conforto. Para quartos, o nível de ruído (dB) é crucial; modelos Inverter de qualidade operam abaixo de 40 dB. Sobre a filtragem, o Filtro HEPA é focado em partículas e ideal para alérgicos. Já o filtro de Carvão Ativado é focado em gases e odores. A conectividade Wi-Fi, que permite controle por app e assistentes de voz (como Alexa e Google Assistente), não é mais um luxo. Ela permite ligar o aparelho antes de chegar em casa e, em muitos modelos, monitorar o consumo de energia em tempo real.

4. Veja se o modelo é de uma versão nova ou antiga

A tática mais sutil da Black Friday é a liquidação de estoque de gerações passadas. As lojas anunciam "grandes promoções" em aparelhos de 2023 ou 2024, que estão sendo substituídos pelos lançamentos de 2025. A cilada é que os nomes dos modelos são extremamente parecidos. O consumidor acredita estar comprando o que há de mais novo, quando na verdade está levando para casa uma tecnologia defasada por um preço muito similar ao do lançamento.

 Reprodução/Pixabay Modelos podem contar com versões antigas sendo vendidas pelo preço de novas — Foto: Reprodução/Pixabay

Um exemplo clássico dessa estratégia pode ser visto na linha da LG. A principal tecnologia da marca é a "Dual Inverter". No entanto, o modelo premium e mais recente é o LG Dual Inverter Voice. O nome "Voice" indica a principal característica: ele possui Wi-Fi integrado e é compatível com comandos de voz. Em contrapartida, as lojas podem promover na Black Friday os modelos LG Dual Inverter Eco ou Compact. Esses são modelos de entrada, que não possuem a conectividade Wi-Fi integrada. Se a diferença de preço for pequena, a promoção no modelo inferior não vale a pena.

A Samsung oferece um caso similar, onde a palavra-chave para 2025 é "AI" (Inteligência Artificial). A nova linha premium é a Bespoke AI WindFree. O diferencial "AI" significa que o aparelho possui recursos de otimização de consumo baseados em inteligência artificial. A cilada será a promoção de modelos de 2023/2024, como o WindFree Connect. Embora o "Connect" também tenha Wi-Fi, ele não possui os novos e mais eficientes algoritmos de IA da linha 2025. O consumidor, vendo "WindFree" e "Wi-Fi", compra o modelo, sem saber que adquiriu a tecnologia do ano anterior.

5. Acompanhe o preço semanas antes

A cilada mais famosa da Black Friday é a "Black Fraude", também conhecida como a promoção "metade do dobro". Esta é uma prática enganosa onde o varejista sobe artificialmente o preço de um produto semanas antes do evento. No dia da promoção, ele aplica um desconto "imperdível" sobre o valor inflacionado. Por exemplo, um ar-condicionado de R$ 2.800 passa a custar R$ 4.500 no início de novembro. Na Black Friday, a loja o anuncia por R$ 2.700, alardeando um "desconto de 40%". O consumidor compra por impulso, sem perceber que o preço real não teve desconto.

 Reprodução/Buscapé Histórico de preço nos últimos 40 dias de um ar-condicionado Elgin na plataforma Buscapé — Foto: Reprodução/Buscapé

A única defesa contra essa prática é o uso de dados, por meio da ferramenta de Histórico de Preços. Essa funcionalidade, disponível nos principais sites comparadores, é um gráfico que mostra a flutuação de preço de um produto nos últimos 60 ou 90 dias. O consumidor deve analisar o gráfico do ar-condicionado desejado. O sinal claro de "Black Fraude" é uma subida abrupta do preço nas semanas que antecedem o evento. A compra só é vantajosa se o preço ofertado for o menor valor registrado no gráfico nos últimos meses.

Outra estratégia prática e eficaz é decidir o modelo exato que deseja comprar com antecedência. Assim, é possível acompanhar o preço cobrado nas principais lojas por um período maior. Além disso, após a escolha, deve-se entrar nas ferramentas de comparação e ativar o Alerta de Preço. Nesses alertas, o consumidor define o valor que considera justo pagar, baseado no histórico. Quando o produto atingir aquele valor, seja na Black Friday ou em uma promoção relâmpago dias antes, o usuário é notificado por e-mail ou aplicativo e pode realizar a compra imediatamente.

6. Use sites e extensões de comparadores

Tentar acompanhar os preços da Black Friday manualmente, abrindo aba por aba das grandes varejistas, é uma tarefa quase impossível. O consumidor precisa de ferramentas automatizadas que comparem o valor atual e forneçam o contexto do histórico de preços. As ferramentas essenciais no Brasil são os agregadores e comparadores de preço. Os três principais são o Zoom, o Buscapé e o Promobit. Os dois primeiros são plataformas robustas, que oferecem as ferramentas cruciais de "Histórico de Preços" e "Alerta de Preço".

 Karolina Grabowska/Pexels Ferramentas comparadoras de preço ajudam na hora de comprar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels

A dica mais valiosa é o uso de extensões de navegador. Em vez de consultar o produto na loja e depois ter que abrir o site do Buscapé em outra aba para verificar o histórico, as extensões do Zoom e do Buscapé (disponíveis para Chrome) automatizam esse processo. Essas extensões funcionam dentro da própria página da loja. Quando você visualizar um ar-condicionado na Black Friday, a extensão insere automaticamente um ícone ou uma caixa no canto da tela, exibindo o gráfico do histórico de preços daquele produto.

Além da verificação de histórico, essas extensões e sites oferecem outras funções vitais. A primeira é a criação do Alerta de Preço, conforme mencionado no tópico anterior, que notifica o consumidor quando o produto atinge o valor desejado. A segunda é o testador de cupons. Muitas extensões, ao detectar que o consumidor está na página do carrinho de compras, testam automaticamente uma lista de cupons de desconto disponíveis, aplicando qualquer economia adicional possível.

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