Enquanto ponderam sobre a escolha, os cardeais ficam isolados do mundo na capela Sistina, berço de afrescos históricos que trazem lições importantes e podem influenciar o Conclave.
Enquanto o papado renascentista que criou a capela era conhecido por ser sangrento e implacável, Michelangelo, que pintou boa parte das obras dali, trouxe exemplos pessoais de coragem, integridade e fé cristã que devem ajudar os eleitores a pensar sobre as virtudes de um papa ideal.
Os afrescos do teto de Michelangelo para a capela Sistina, pintados entre 1508 e 1512, documentam a criação do mundo por Deus, enquanto a parede acima do altar, pintada entre 1536 e 1541, retrata o Juízo Final, com Jesus no coração de diversos corpos que sobem ao céu ou são arrastados para o inferno.
O principal historiador de arte italiano Tomaso Montanari aconselha que os cardeais eleitores continuem “focados no Juízo Final mais do que no teto”.
“É o monumento a Cristo Juiz e diz respeito a eles. É um aviso para abandonar seus jogos de poder, suas vaidades, suas agendas privadas e ouvir o espírito que enche a sala. Deve lembrá-los de que o vermelho que eles usam é a cor do sangue dos mártires e que Jesus voltará para julgar a todos, inclusive a eles, para que eles precisem se comportar”, afirma.
Veja quatro cenas-chave que podem influenciar os religiosos na escolha do novo papa:
Deus estende a mão para dar a vida a Adão
Deus estende a mão para dar vida a Adão — Foto: Ian Caldas/Globonews
A pintura central no teto da capela Sistina tornou-se uma imagem emblemática do cristianismo, resumindo a criação de Deus da vida.
Na representação, Deus é envolvido por um manto vermelho e muitas figuras angelicais o acompanham. Especula-se inclusive que a mulher ao seu lado seja Eva, companheira de Adão, que ainda espera nos céus pelo momento de descer à Terra. Adão também parece ter uma quinta costela, de onde surgiria sua companheira.
Na década de 1990, o pesquisador americano Frank Lynn Meshberger encontrou uma grande semelhança entre o desenho da anatomia cerebral e a figura de Deus com anjos envoltos no manto vermelho. Segundo os estudos, Michelangelo representou ainda algumas partes internas do órgão, como o lobo frontal, nervo ótico, glândula pituitária e o cerebelo. A teoria faz sentido, tendo em vista que Michelangelo era profundo conhecedor de anatomia.
Maria Madalena — Foto: Ian Caldas/Globonews
Outra parte intrigante da capela traz o que seria uma alusão a Maria Madalena. Ela seguiu fielmente Jesus, mas aparentemente não havia sinal de Maria Madalena nos afrescos da capela Sistina.
Pensamento que durou até o ano passado, quando um pesquisador italiano afirmou que uma mulher loira com olhos fixos, escondidos atrás de um crucifixo no Juízo Final, não era outra senão a mulher conhecida como a “Apóstola dos Apóstolos”.
Na obra, a mulher usa amarelo – cor típica das representações do século XVI de Maria Madalena – e parece estar beijando o crucifixo no qual Jesus foi pregado.
A obra pode servir de reflexão para o pensamento dos cardeais que tentam descobrir se uma mulher poderia ser feita sacerdote, ou mesmo um diácono, além de questões mais amplas que Maria Madalena traz sobre a representação da figura feminina.
São Bartolomeu — Foto: Ian Caldas/Globonews
Qualquer cardeal atormentado pela ambição de “ganhar” esta eleição deve refletir sobre este auto-retrato de Michelangelo pintado no Juízo Final. O artista se retrata segurando a própria pele esfolada, com rosto vazio e distorcido.
Michelangelo era tão famoso quanto o próprio papa quando pintou esta representação, mas se retrata no auge de sua carreira como uma casca.
O homem percebendo que pode não estar indo para o céu
O homem percebendo que ele pode não estar indo para o céu — Foto: Ian Caldas/Globonews
Michelangelo rompeu com a convenção de que os abençoados e condenados no Juízo Final estão representados lado a lado, e repensou a composição de forma vertical. Desta forma, aqueles que esperam a salvação e a condenação são pintados subindo para o céu ou caindo para o inferno.
Em uma nuvem no Juízo Final, com demônios agarrando as pernas, o homem tem a expressão chocada de alguém que percebe que ele pode não estar indo para o Céu.
“Essa figura, que inspirou o pensador de Rodin, está sonhando em ascender ao céu, mas agora entende que ele pode estar indo para o inferno”, diz a historiadora de arte Daria Borghese.
A imagem pode ser contemplada por cardeais que tenham o desejo de serem elevados, e não arrastados para baixo por falhas de conduta e corrupção.

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6 meses atrás
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