2 dias atrás 2

Venda de íris proibida no Brasil: e agora? O que você precisa saber sobre

Na última sexta-feira (24), a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) aplicou uma medida preventiva contra a Tools For Humanity (TFH), proibindo o pagamento de criptomoedas ou qualquer tipo de compensação financeira vinculada ao cadastro da íris dos brasileiros na World ID. A operação da World ID cresceu rapidamente no Brasil desde novembro, mas, segundo análise da Coordenação-Geral de Fiscalização (CGF) da ANPD, esse crescimento foi impulsionado quase exclusivamente pela compensação em Worldcoins — criptomoedas da própria empresa — e não pelo interesse ou conhecimento sobre o projeto. A seguir, entenda os detalhes e as implicações do veto ao pagamento de criptomoedas pelo cadastro da íris na World ID.

 Reprodução/World Fundation World ID: câmera Orb escaneia retina de usuários para criar ID biométrica única — Foto: Reprodução/World Fundation

Qual a justificativa da ANPD para o bloqueio dos pagamentos?

Antes de mais nada, é importante reforçar que a medida da ANPD não impede que a World ID continue realizando o cadastro dos usuários para a World ID, mas apenas proíbe que a empresa recompense os voluntários por isso. Em sua nota oficial, a ANPD esclarece que, segundo análise da CGF, “a concessão de contrapartida pecuniária pela empresa, por meio da oferta de criptomoedas, pode prejudicar a obtenção do consentimento do titular de dados pessoais”.

 Reprodução/World Fundation World ID: ainda em novembro, Brasil já tinha mais de 640 mil usuários cadastrados e 150 mil com íris escaneada — Foto: Reprodução/World Fundation

Isto porque uma das premissas centrais da LGPD é que, para obter qualquer informação pessoal de brasileiros — e isto inclui dados biométricos —, o fornecimento dos dados precisa ser pautado pelo consentimento livre, esclarecido e inequívoco por parte dos usuários. Para tanto, os voluntários precisam ser informados sobre para que os dados estão sendo coletados e como eles serão utilizados, tudo de forma clara e objetiva para não haver dúvidas tanto sobre o processo quanto sobre o tratamento dos dados.

No entanto, a própria repercussão da “venda de íris” em redes como o TikTok sugere que a maioria dos voluntários estava realizando o cadastro exclusivamente pela compensação financeira. Um forte indício que corrobora para confirmar este cenário é o fato da maioria dos pontos de cadastro estarem localizados em regiões periféricas de São Paulo, despertando o interesse majoritário de usuários financeiramente vulneráveis e, quase sempre, sem compreensão do projeto, bem como de seus objetivos e implicações em potencial.

A Tools For Humanity, responsável pelo projeto da World ID, já enviou um comunicado afirmando que está, sim, conforme as normas da LGPD, justamente por apresentar aos usuários a proposta do projeto antes da coleta e por disponibilizar todo o site do programa em Português Brasileiro. Contudo, a repercussão da “venda de íris” nas redes sociais acabou promovendo muita desinformação acerca do projeto, efeito que a TFH alega ter sido principal motivo da intervenção da ANPD.

A empresa também afirmou já estar trabalhando para retomar às operações normais, inclusive com o pagamento de Worldcoins pelo cadastro da íris. Mais que uma “recompensa” para voluntários, a contrapartida é parte essencial do projeto que visa não apenas criar um sistema global de validação de “humanidade”, mas viabilizar um sistema financeiro global descentralizado com uma criptomoeda própria.

Veja também: Exame de sangue indolor surpreende na CES 2025; conheça

Exame de sangue indolor surpreende na CES 2025; conheça

Exame de sangue indolor surpreende na CES 2025; conheça

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro