O fornecimento de vidros para garrafas de vinho era um dos maiores empecilhos da produção vitivinícola gaúcha. Primeiro, por problemas de abastecimento que, durante a pandemia, chegaram a causar a paralisação das atividades em algumas indústrias. Depois, pelo seu custo, que encarecia a produção.
O volume de garrafas produzidas deve quase dobrar: as atuais 700 mil embalagens fabricadas por dia se tornarão 1,3 milhão, e equivalerão a 820 toneladas diárias, números que a empresa espera atingir até o final de 2026.
A indústria, presente em 12 países pelo mundo, tem apostado suas fichas no Brasil, onde já possui, além das duas plantas em Campo Bom, unidades em São Paulo e Minas Gerais. E, ao todo, atende 342 clientes no País, produzindo para eles 325 formatos de embalagens de vidro.
Um dos principais públicos consumidores da indústria é o setor vitivinícola, que utiliza garrafas para sucos, vinhos e espumantes. Não à toa, a escolha por Campo Bom: é uma cidade relativamente próxima a Porto Alegre (56,6 quilômetros de distância) e, ao mesmo tempo, se conecta com a Serra Gaúcha, onde está o Vale dos Vinhedos. Localizadas na região, as vinícolas Salton e a Garibaldi, por exemplo, dependem quase inteiramente da Verallia para o fornecimento de garrafas para os seus produtos.
Na Argentina e no Chile, outros países que contam com plantas da indústria francesa, as instalações também estão em áreas de produção vinícola. Mas a aposta brasileira da Verallia tem como plano de fundo o potencial do mercado local. "O que se viu nos últimos semestres, é que o crescimento do Brasil é mais forte que na Europa. Lá, vemos uma redução do mercado de maneira significativa desde 2023, por várias razões. Aqui, o consumo está mais alto, em média", garantiu o CEO Global da Verallia, o também francês Patrice Lucas.
Apenas a Cooperativa Vinícola Garibaldi é responsável por adquirir a cada ano, 15 mil toneladas de embalagens de vidro fabricadas pela Verallia. Isso significa que, com a nova capacidade produtiva, 18 dias, 4 horas e 48 minutos de trabalho das duas plantas de Campo Bom seriam necessárias apenas para abastecer este cliente.
Garrafas transparentes precisavam ser transportadas de São Paulo
Entretanto, não é possível dizer que mais de um mês de trabalho seria necessário para abastecer a Garibaldi antes da expansão. Isso porque 25% das garrafas adquiridas pela vinícola — as transparentes, que estão sendo produzidas agora na nova planta industrial — precisavam ser transportadas da unidade da Verallia de São Paulo para Garibaldi, onde a indústria de bebidas está instalada. O que, é claro, encarecia a produção das bebidas devido aos custos logísticos.
"Isso representa, para nós, uma série de vantagens. Talvez, a principal delas seja a questão da segurança no fornecimento pela capacidade maior de produção. Fica mais seguro termos um fornecedor que vai nos atender em diferentes situações. Segundo, tem a questão do custo. Porque trazer o vidro (transparente) de São Paulo acabava tornando ele mais caro. Com a proximidade da fabricação em Campo Bom, a distância é bem menor, gerando um custo logístico muito menor para trazer a garrafa", explica o diretor executivo da Garibaldi, Alexandre Angonezi.
Esse ponto também é destacado pelo diretor-presidente da vinícola Salton, Maurício Salton: "Temos a expectativa de que essa expansão contribua para custos mais competitivos, reduzindo o gap em relação aos produtos importados que contam com subsídios em seus países de origem e também frente ao descaminho e ao contrabando, que são muito significativos no mercado brasileiro", pontuou o executivo. A parceria entre a empresa e a fabricante de vidros já tem mais de cinco décadas e garante o fornecimento de quase a totalidade das garrafas utilizadas pela Salton na indústria situada em Bento Gonçalves.
Para Angonezi, no entanto, é difícil avaliar se o custo será reduzido ao consumidor final dos produtos. "Normalmente é uma soma de fatores, em que alguns custos diminuem e outros aumentam. Ainda estamos sofrendo um processo inflacionário no País e tivemos aumento de custos de outras fornecedoras. Então, é um pouco cedo para dizer se o preço lá na ponta vai cair imediatamente em função da redução do custo da garrafa", avalia o executivo da Garibaldi.

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