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Viral ensina a não perder o prêmio da Mega da Virada; veja o que faz sentido

Uma thread no X (antigo Twitter) viralizou nos últimos dias com um guia detalhado sobre o que fazer caso você ganhe a Mega da Virada 2025, que sorteará R$ 1 bilhão no dia 31 de dezembro. O perfil @TopGrafx compartilhou 18 conselhos práticos que vão desde como resgatar o prêmio até estratégias de investimento e mudanças de estilo de vida. Para avaliar se essas orientações fazem sentido do ponto de vista econômico, conversamos com Leandro Lago, CEO da Grupo Futuro Corretora, com 13 anos de experiência no mercado financeiro. Confira a seguir os tweets e as opiniões do especialista.

 Divulgação/Caixa Viral ensina a não perder o prêmio da Mega da Virada; veja o que faz sentido — Foto: Divulgação/Caixa

O primeiro passo: proteger, não investir

"Ganhar um prêmio desse porte muda completamente a realidade financeira de uma pessoa, mas também aumenta exponencialmente os riscos", alerta Lago. Segundo ele, o primeiro passo não é investir, consumir ou ajudar terceiros — é proteger.

"A principal recomendação é não tomar nenhuma decisão imediata. Um prêmio bilionário exige planejamento, estratégia e, principalmente, controle emocional. Estatísticas mostram que muitos ganhadores de grandes prêmios enfrentam perdas financeiras relevantes justamente por decisões precipitadas nos primeiros meses."

O especialista reforça um ponto crucial: "É importante entender que dinheiro não resolve desorganização financeira. Pelo contrário, ele amplifica comportamentos. Quem trata um prêmio bilionário com consciência, visão de longo prazo e disciplina constrói liberdade financeira real. Quem age por impulso corre o risco de transformar uma oportunidade única em um problema permanente."

Recuse produtos na agência

Um dos primeiros alertas da thread é sobre a pressão de venda na Caixa. "Depois da papelada, vão tentar te vender tudo. Cartões caros, assessores, produtos com três letras. Recuse tudo. Peça apenas o dinheiro na conta corrente", afirma o post.

Lago concorda plenamente: "O resgate de um prêmio envolve emoção e pressão, o que não combina com decisões financeiras relevantes. Nesse momento, o banco oferece seus próprios produtos, que nem sempre são os mais eficientes ou adequados para um patrimônio tão grande. A orientação é receber o dinheiro, garantir segurança e só depois, com calma e apoio técnico independente, decidir onde e como alocar os recursos."

Existe alguma exceção? Segundo o especialista, não há necessidade de contratar nenhum produto no ato do resgate. "A única exceção pode ser deixar o dinheiro, de forma temporária, em uma aplicação de altíssima liquidez e risco mínimo, apenas para preservação até que o planejamento seja feito."

Para esse momento inicial, Lago sugere o Tesouro Selic: "É o instrumento mais citado por especialistas quando o objetivo é liquidez diária, risco mínimo e preservação do capital. Ele funciona como um 'estacionamento' do dinheiro enquanto o planejamento é estruturado."

Cuidado com bancos digitais

O guia recomenda instalar o app da Caixa Econômica Federal, conferir limites e, se preferir, transferir o dinheiro para um banco de confiança. "Não use banquinho digital aleatório", alerta.

"Instituições pequenas ou pouco conhecidas podem não ter estrutura, governança ou capital suficientes para administrar valores muito elevados", explica Lago. "Em casos extremos, problemas operacionais, intervenção do Banco Central do Brasil ou falhas de compliance podem gerar bloqueios temporários ou dificuldades de acesso ao dinheiro. Para um patrimônio bilionário, o risco não é a rentabilidade e sim perder liquidez e controle."

E o FGC protege? Não. O CEO é direto: "O Fundo Garantidor de Créditos protege até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira. Em um prêmio bilionário, essa proteção é irrelevante em termos práticos. Por isso, confiar exclusivamente no FGC como 'segurança' para grandes valores é um erro comum."

O melhor lugar inicial para o especialista, portanto, são as "instituições financeiras sólidas, tradicionais e bem reguladas, combinadas com produtos de altíssima liquidez e risco mínimo. O objetivo inicial não é investir, e sim preservar, organizar e ganhar tempo para montar um planejamento patrimonial completo."

A regra dos 1% a 3% para "respirar"

Uma das orientações mais comentadas é separar de 1% a 3% do prêmio para quitar dívidas pequenas e se divertir um pouco. "Não saia quitando financiamentos grandes. Chamar atenção cedo é erro clássico." Com um prêmio de R$ 1 bilhão, isso significaria entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões para uso imediato.

"Sim, faz sentido desde que seja limitado e planejado", confirma Lago. "Separar uma pequena parcela do prêmio para 'respirar', comemorar e ajustar a nova realidade ajuda a reduzir decisões impulsivas com o restante do patrimônio. O erro não está em gastar, mas em gastar sem limites."

E por que não quitar financiamentos grandes? "Quitar financiamentos imediatamente pode parecer lógico, mas nem sempre é a decisão mais eficiente", explica o especialista. "Dívidas com juros controlados, previsíveis e abaixo da rentabilidade potencial do patrimônio podem ser mantidas sem comprometer a saúde financeira. Além disso, quitar tudo de uma vez reduz liquidez e flexibilidade estratégica."

Lago sugere, portanto, uma alternativa: "O consórcio pode ser uma opção inteligente. Ele permite quitar o financiamento com planejamento, sem juros, diluindo o impacto no caixa e preservando o patrimônio."

A estratégia de investimento sugerida

A thread apresenta um exemplo de portfólio: 60% em NTN-B longa com juros semestrais, 10% em bonds americanos, 20% em ETFs globais, 8% em ouro e 2% em ativos de risco.

"Essa alocação deve ser entendida apenas como um exemplo conceitual, pensado para um cenário específico: alguém que já recebeu um prêmio muito elevado, já protegeu o patrimônio e não precisa mais correr riscos para enriquecer", esclarece Lago.

Ele enfatiza: "Ela não é uma recomendação imediata nem fixa. Antes de qualquer alocação desse tipo, é fundamental que o dinheiro esteja seguro, com liquidez e que exista um planejamento patrimonial, sucessório e tributário estruturado."

Os percentuais variam de acordo com perfil, objetivos, idade, estrutura familiar e estratégia de longo prazo. "O objetivo desse tipo de carteira não é buscar ganhos rápidos, mas preservar o poder de compra, gerar renda previsível e reduzir riscos ao longo do tempo."

O que são NTN-B com juros semestrais? "São títulos públicos que pagam IPCA + uma taxa fixa, com pagamentos de juros a cada seis meses", explica o CEO. "Elas costumam ser usadas como parte de uma estratégia de longo prazo para gerar renda periódica corrigida pela inflação, especialmente por investidores que já possuem grande patrimônio."

No contexto de um ganhador da Mega-Sena da Virada, esse tipo de título não deve ser contratado de forma imediata, mas apenas após o patrimônio estar organizado.

O guia propõe uma mudança de mentalidade: viver apenas dos pagamentos de juros semestrais, sem tocar no principal. "O dinheiro para diversão precisa durar até o primeiro pagamento de juros. Esse pagamento vira seu teto de gastos pelos próximos seis meses."

Isso é realista? "Sim, é realista desde que o patrimônio esteja bem estruturado", afirma Lago. "Com uma alocação focada em renda real, como títulos atrelados à inflação com juros periódicos, é possível gerar fluxo de caixa suficiente para cobrir despesas e manter o principal intacto."

O ponto-chave, segundo ele, é alinhar padrão de vida, impostos e inflação à renda gerada. "Quando isso é feito com disciplina, o patrimônio não só se preserva, como pode atravessar gerações."

Cuidado com "passivos ocultos"

A thread alerta sobre custos de manutenção: "Apartamento caro traz reforma, imposto e condomínio. Carro de luxo desvaloriza, custa seguro e IPVA. Piscou, você torrou o principal."

"Na maior parte dos casos, eles consomem recursos em vez de gerar renda", confirma Lago. "Impostos, manutenção, seguros e depreciação são custos recorrentes. Sem uma estratégia clara, esses bens reduzem o patrimônio ao longo do tempo."

Mas existe solução? "Com planejamento, é possível reduzir esse impacto. Estruturas como consórcio e locação ajudam a diluir custos, preservar liquidez e, em alguns casos, transformar parte desse gasto em geração de renda. A locação, total ou parcial, permite que um bem tradicionalmente visto como passivo contribua para o fluxo de renda."

Existe uma regra para calcular se você pode comprar um bem de alto valor? O CEO oferece uma orientação prática: "O bem só faz sentido se a renda gerada pelos investimentos pagar integralmente os custos e a depreciação, sem tocar no principal. Se o patrimônio precisa ser consumido para manter o bem, ele se torna um passivo que corrói a riqueza."

Por que tantos ganhadores quebram?

"Porque o dinheiro chega antes da organização financeira", resume Lago. "Sem planejamento, disciplina e controle emocional, o prêmio amplifica hábitos ruins como gastos impulsivos, decisões precipitadas e falta de estratégia. Ganhar muito dinheiro não elimina erros financeiros, ele apenas os torna maiores e mais rápidos."

Os 3 maiores erros, segundo o especialista:

1. Gastar antes de planejar - "A euforia leva a compras grandes e compromissos financeiros sem entender o impacto no longo prazo."

2. Assumir passivos permanentes - "Imóveis caros, carros de luxo e alto padrão de vida sem renda que os sustente corroem o patrimônio."

3. Confiar em decisões isoladas ou promessas fáceis - "Aplicações sem análise, concentração de risco e falta de diversificação levam a perdas relevantes."

O sorteio da Mega da Virada 2025 acontece às 22h do dia 31 de dezembro, com apostas aceitas até as 20h do mesmo dia. O prêmio de R$ 1 bilhão é o maior da história das loterias brasileiras. Diferente dos sorteios regulares, a Mega da Virada não acumula.

Para Leandro Lago, a mensagem final é clara: "Quem trata um prêmio bilionário com consciência, visão de longo prazo e disciplina constrói liberdade financeira real. Quem age por impulso corre o risco de transformar uma oportunidade única em um problema permanente."

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