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Vírus de computador ainda preocupam? Especialista explica

Nos anos 1990 e 2000, os vírus de computador eram um dos maiores pesadelos dos usuários. Um exemplo famoso é o ILOVEYOU, que se espalhava por e-mail e apagava arquivos importantes dos usuários. Hoje, o tema parece menos presente, mas os vírus continuam existindo e evoluíram junto com outras ameaças digitais. Atualmente, o termo malware engloba ataques mais sofisticados, e os vírus clássicos se tornaram apenas um dos tipos de infecção. Além disso, o objetivo dos cibercriminosos deixou de ser apenas corromper sistemas e passou a incluir ganhos financeiros. Especialista explica como os vírus de computador evoluíram, os sinais de uma infecção e como se proteger. Confira.

Vírus de computador ainda representam risco? Especialista esclarece — Foto: Reprodução/Internet Vírus de computador ainda representam risco? Especialista esclarece — Foto: Reprodução/Internet

O que é um vírus de computador e por que ele é menos comum hoje?

 Reprodução/Freepik/rawpixel.com Vírus de computador é um tipo de malware que se replica e pode danificar sistemas — Foto: Reprodução/Freepik/rawpixel.com

Um vírus de computador é um tipo de malware que se instala sem autorização e se replica automaticamente, infectando arquivos e programas. Semelhante a um vírus biológico, ele depende de um “hospedeiro”, como um arquivo ou aplicativo, para se multiplicar e se espalhar. Pode ser transmitido por anexos de e-mail, sites comprometidos, mídias removíveis e até roteadores de rede. Alguns vírus causam danos graves, corrompendo dados ou inutilizando programas, enquanto outros têm como objetivo apenas exibir mensagens ou imagens na tela do usuário.

Segundo o National Institute of Standards and Technology (NIST), o primeiro vírus de computador oficialmente reconhecido, chamado Brain, foi criado em 1986 por dois irmãos paquistaneses. O objetivo era proteger seu software contra cópias não autorizadas. Para isso, eles instalaram o vírus no setor de inicialização dos disquetes, onde aparecia uma mensagem com informações dos autores, funcionando como uma assinatura ou advertência sobre a origem do programa. Assim, qualquer cópia de um disquete infectado também carregava o vírus.

No entanto, antes do Brain, o pesquisador americano Bob Thomas criou o Creeper, um teste de segurança feito para descobrir se um programa era capaz de se replicar em diferentes computadores. Fou uma experiência prévia que, embora não tenha sido um vírus realmente malicioso, foi um marco na história da tecnologia, por ter sido a primeira vez em que se descobriu que um software pode se espalhar por uma rede de computadores enquanto executa uma tarefa específica.

Desde então, os vírus de computador evoluíram junto com as estratégias de ataque. Segundo Wanderson Castilho, perito internacional em investigações cibernéticas, fundador da Enetsec e com mais de 20 anos de experiência em perícia digital, “no início, os vírus eram criados apenas para danificar o sistema e apagar arquivos localmente — o que já causava um grande estrago na época. Hoje, eles coletam e criptografam informações para, em seguida, aplicar novos tipos de golpe, como o sequestro de dados.” Essa evolução ocorreu porque os criminosos perceberam que não ganhavam nada apenas ao danificar os sistemas infectados. “Agora, eles combinam a replicação do vírus com funções de keylogger: enquanto o vírus se espalha, ele copia tudo o que você digita, capturando senhas, sites acessados e até dados bancários”, completa Castilho.

Principais tipos de vírus de computador

 Reprodução/Unsplash/edhardie Os vírus de computador podem se enquadrar em várias categorias — Foto: Reprodução/Unsplash/edhardie

Os vírus de computador podem ser categorizados de acordo com a parte do sistema que afetam e como atuam, e muitos deles podem se enquadrar em mais de uma categoria. Cada tipo de vírus realiza ações específicas que podem danificar arquivos, programas ou o próprio funcionamento do sistema. Alguns dos principais tipos de vírus de computador incluem:

  • Vírus sequestradores de navegador: infectam navegadores e alteram configurações, como a página inicial ou o mecanismo de busca, além de exibir anúncios indesejados e, em alguns casos, coletar dados do usuário.
  • Vírus do setor de inicialização: atacam o setor de inicialização do disco rígido ou de mídias removíveis, podendo impedir que o computador seja ligado corretamente.
  • Vírus de ação direta: ativam-se automaticamente ao abrir um arquivo ou programa infectado, executando ações prejudiciais imediatamente.
  • Vírus de e-mail: se propagam anexando-se a mensagens de e-mail, enviando-se automaticamente para contatos da vítima ou explorando vulnerabilidades do aplicativo de e-mail para roubar informações.
  • Vírus de macro: incorporados a documentos, planilhas ou apresentações, são ativados quando o arquivo é aberto e podem executar comandos que alteram ou corrompem dados do sistema.
  • Vírus polimórficos: modificam constantemente seu próprio código para evitar a detecção por softwares de segurança, tornando-se mais difíceis de identificar e remover.
  • Vírus residentes: permanecem ativos em segundo plano mesmo após a execução do arquivo infectado, interferindo no desempenho do sistema e de outros programas.
  • Vírus não residentes: realizam sua ação apenas quando o arquivo infectado é aberto e se encerram logo em seguida, sem permanecer no sistema.

Diferença entre vírus de computador e malware

 Reprodução/Shutterstock Um vírus de computador é um tipo de malware — Foto: Reprodução/Shutterstock

Embora o termo “vírus de computador” seja frequentemente usado para descrever qualquer tipo de ameaça digital, ele se refere, na realidade, apenas a uma categoria dentro de um grupo muito maior. Essa confusão é comum porque a palavra “vírus” se popularizou em filmes, séries e noticiários desde os primeiros ataques digitais, tornando-se sinônimo de qualquer invasão cibernética. Nas décadas de 1980 e 1990, com a disseminação dessas infecções, surgiram os primeiros programas de proteção: os antivírus, nome que permanece até hoje, embora essas ferramentas combatam uma variedade muito maior de ameaças.

O termo malware, abreviação de malicious software (“software malicioso”, em português), é mais adequado para designar qualquer programa criado para danificar, espionar ou controlar um sistema. Dentro desse grupo existem diversas categorias: Worms, que se replicam automaticamente entre dispositivos explorando vulnerabilidades de rede; Adware, que exibe anúncios invasivos; Spyware, que monitora a atividade do usuário para roubar dados; Scareware, que simula alertas falsos de infecção para induzir a compra de softwares; Ransomware, que bloqueia arquivos e exige resgate para liberá-los. Assim, todo vírus é um tipo de malware, mas nem todo malware é um vírus, sendo a diferença definida pela forma de atuação e pelo objetivo de cada ataque.

Acima dos malwares, existe uma categoria mais ampla: as ameaças digitais, que incluem ataques como phishing, roubo de identidade, injeção de SQL, entre outros. Segundo Castilho, “hoje existe uma combinação de diferentes ameaças. Temos vírus, malwares, spywares e keyloggers, além de ataques de criptografia, que exploram vulnerabilidades para abrir portas aos criminosos”. Ou seja, é cada vez mais comum que um único ataque reúna várias dessas ameaças, tornando-se mais sofisticado e difícil de detectar.

Por que as pessoas se preocupam menos com vírus hoje?

 Reprodução/Freepik As ameaças digitais evoluíram; a preocupação agora é com a exposição de dados e fraudes financeiras — Foto: Reprodução/Freepik

Atualmente, muitas pessoas parecem se preocupar menos com vírus de computador, e há alguns motivos para essa mudança de percepção. Sistemas operacionais modernos já vêm com antivírus e firewalls instalados por padrão e atualizações automáticas corrigem falhas de segurança rapidamente. Castilho também explica que "houve uma mudança de compreensão por parte dos criminosos. O objetivo deixou de ser apenas corromper sistemas e passou a ser lucrar com isso". Hoje, os ataques são mais discretos, baseados em engenharia social, roubo de dados ou fraudes financeiras. Se antes a principal preocupação era ter arquivos corrompidos, o usuário agora se preocupa mais com a exposição de informações pessoais ou com perdas financeiras não autorizadas.

Além disso, a popularização dos dispositivos móveis reforça essa mudança de percepção. Smartphones e tablets usam sistemas mais restritos que os computadores, o que desloca o foco para golpes online. Exemplos comuns incluem mensagens falsas de bancos pedindo dados pessoais, chamadas ou SMS que induzem o usuário a transferir dinheiro ou informar códigos de autenticação. Também acontecem fraudes em aplicativos de compra e venda, onde o comprador paga por produtos que nunca recebe. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou cerca de 281 mil casos de estelionato digital em 2024, um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Apesar da sensação de maior segurança nos computadores, Castilho alerta que ainda existem milhares de vírus ativos, com objetivos diferentes. Por isso, é importante saber identificá-los e adotar medidas de proteção adequadas.

Como saber se seu computador tem vírus?

 Reprodução/Unsplash/edhardie A lentidão do sistema é um dos principais sinais de vírus no computador — Foto: Reprodução/Unsplash/edhardie

Sinais de que o computador pode estar infectado por um vírus incluem lentidão no desempenho, falhas inesperadas, dificuldade para abrir alguns programas e o surgimento de janelas pop-up incomuns. Outros indícios são antivírus desabilitado, problemas de conexão com a internet, notificações de serviços e aplicativos desconhecidos, alterações na página inicial do navegador e extensões que você não instalou. “Muitos vírus tentam ser o mais sutis possível, mas a lentidão da máquina é um grande indicativo”, afirma o especialista. Ele também alerta que, se seus arquivos parecem corrompidos, é possível que estejam sendo criptografados.

Castilho acrescenta que a presença excessiva de anúncios no navegador, especialmente de sites impróprios, é outro sinal preocupante. Segundo ele, os vírus atuais “se replicam e se modificam, alterando o ‘DNA’ da estrutura, e muitos antivírus não conseguem detectá-los”. Por isso surgiram ferramentas complementares, como firewall e antispam, que reforçam a segurança não apenas no computador, mas também em dispositivos móveis. Essa evolução mostra que identificar uma infecção exige atenção constante a qualquer comportamento anormal do sistema.

Para verificar se há vírus no computador, o usuário pode usar o Microsoft Windows Defender, que já vem instalado no Windows. Acesse o menu “Configurações”, selecione “Privacidade e segurança” e clique em “Segurança do Windows”, depois em “Proteção contra vírus e ameaças”. Em “Opções de verificação”, escolha “Verificação completa”. Se o Defender encontrar alguma ameaça, siga as instruções na tela para removê-la imediatamente. Caso nada seja detectado, mas a suspeita continue, abra o Gerenciador de Tarefas e observe se há processos desconhecidos consumindo muita CPU ou memória. Veja o passo a passo a seguir.

Como saber se seu computador tem vírus com o Gerenciador de Tarefas do Windows

Passo 1. Pressione Windows + X no teclado. No menu que aparecer, clique em “Terminal (Administrador)". Quando for exibida uma janela de confirmação solicitando permissão, clique em “Sim” para permitir que o terminal seja executado como administrador;

 Reprodução/Caroline Silvestre Abra o Terminal como administrador — Foto: Reprodução/Caroline Silvestre

Passo 2. No terminal, digite o comando: shutdown /r /t 0 e pressione Enter. O computador será reiniciado imediatamente;

 Reprodução/Caroline Silvestre Digite o comando no terminal — Foto: Reprodução/Caroline Silvestre

Passo 3. Após o Windows reiniciar, pressione novamente Windows + X e selecione “Gerenciador de Tarefas” no menu;

 Reprodução/Caroline Silvestre Acesse o Gerenciador de Tarefas — Foto: Reprodução/Caroline Silvestre

Passo 4. No Gerenciador de Tarefas, acesse a aba “Processos”. Se você encontrar algum processo que pareça suspeito, por exemplo, com nome estranho ou uso alto de CPU/memória, clique com o botão direito sobre ele e escolha “Pesquisar online”;

 Reprodução/Caroline Silvestre Procure por processos suspeitos no Gerenciador de Tarefas — Foto: Reprodução/Caroline Silvestre

Passo 5. O Windows abrirá uma busca na internet com resultados sobre o nome do processo. Analise as informações de sites oficiais e fóruns de segurança para verificar se o processo é confiável. Se identificar que é um vírus ou software malicioso, utilize uma ferramenta de segurança ou antivírus para removê-lo do sistema.

 Reprodução/Caroline Silvestre Verifique na internet se o processo é confiável — Foto: Reprodução/Caroline Silvestre

Como proteger seu computador contra vírus?

 Reprodução/Freepik Antivírus e boas práticas de navegação protegem seu computador — Foto: Reprodução/Freepik

Manter o sistema operacional e os aplicativos sempre atualizados é uma das formas mais eficazes de proteger o computador contra vírus e outras ameaças digitais. As atualizações corrigem vulnerabilidades que podem ser exploradas por criminosos para invadir o sistema. Também é importante adotar boas práticas de navegação, como conectar-se apenas a redes seguras, não clicar em links suspeitos ou abrir anexos de remetentes desconhecidos. “Os links usados para espalhar vírus hoje seguem os mesmos padrões de antes”, explica o especialista Wanderson Castilho, destacando que o cuidado com o que se acessa continua sendo fundamental para a segurança online.

Castilho recomenda também manter um antivírus ativo e atualizado, além de proteger os dados pessoais: “o ideal é armazenar e compartilhar senhas e informações de forma segura, utilizando criptografia”. Outras medidas incluem criar senhas fortes e únicas com autenticação em duas etapas (2FA) e baixar programas apenas de fontes oficiais. Além disso, monitore o consumo de recursos do sistema, realize backups regularmente para evitar perdas de dados e desative a execução automática de mídias externas para prevenir infecções transmitidas por pendrives e HDs externos.

Veja também: Perigo nas redes; saiba AGORA como se proteger!

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