Vitória de democrata em Miami reflete a irritação de comunidade latina com a política linha-dura migratória de Trump

Eleita na terça-feira (9) como primeira prefeita não hispânica da cidade, Eileen Higgins rompe um legado republicano de três décadas em Miami, onde mais da metade de seus residentes é composta por imigrantes, dos quais 70% hispânicos.

O resultado reflete a insatisfação e a rápida mudança de humor do eleitorado com as deportações, a retirada das proteções aos imigrantes e a recente suspensão da regularização de venezuelanos, haitianos e cubanos determinadas pelo governo, que afligem grandes comunidades de latinos da cidade. As frequentes batidas policiais e perseguições aos imigrantes sem antecedentes criminais irritaram os latinos da Flórida — grupo tradicionalmente tachado como conservador.

Higgins soube explorar o tema durante a campanha e ficou 19 pontos à frente de seu adversário, Emilio González, apoiado por Trump e outros caciques republicanos da Flórida como o governador Ron de Santis e o secretário de Estado, Marco Rubio.

“Estamos enfrentando uma retórica de autoridades eleitas que é tão desumanizadora e cruel, especialmente contra as populações imigrantes. Os moradores de Miami estavam prontos para acabar com isso”, declarou a nova prefeita após ser eleita.

A escolha de Higgins marca uma nova reviravolta do eleitorado. Nas eleições nacionais de 2024, foram os hispânicos os responsáveis para a vitória de Trump — a primeira de um republicano desde 1988 --- por 11 pontos percentuais, no condado de Miami-Dade.

As vitórias nos governos estaduais de Virginia e Nova Jersey, no mês passado, embalaram os democratas e podem servir como termômetro para as legislativas de meio de mandato, em novembro do próximo ano.