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72 mi de dados coletados até os 13 anos: como rede social espreme seu filho

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O novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes, recebe a especialista em vida digital da entidade referência em assuntos relacionados às infâncias para discutir os impactos de crianças que crescem imersas na internet e nas redes sociais.

Quais são os riscos para as crianças?

Antes de tudo, Maria faz questão de separar a internet das redes sociais. Cada um dos ambientes oferece possibilidades diferentes a seres em formação e os impactos de maneira diferentes.

Ela elenca quatro modalidades de risco impostos pela internet para as crianças:

  • risco de conteúdo: é aquele exercido pelo material exibido na rede, como exploração sexual, conteúdo de ódio e desinformação;
  • risco de contato: são os percalços da interação maliciosa de um adulto com uma criança;
  • risco de conduta: geralmente nascem do comportamento entre os usuários e mesmo entre aqueles da mesma idade. Um exemplo é o ciberbullying;
  • risco de contrato: está ligada à falta de transparência sobre a extensão do poder de plataformas conectadas, como as redes sociais, têm sobre nossos dados.

O risco de contrato é o que menos se fala e o que mais a gente deveria olhar. Ele está ligado à falta de consciência quando assinamos os termos de uso de uma plataforma ou de uma rede social
Maria Melo

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Já as redes sociais, ainda que rodem na internet, possuem uma dinâmica diferente.

As redes sociais foram criadas com um propósito bem específico, que não é exatamente conectar as pessoas (...) O vício que uma rede social proporciona a uma criança - e aos adolescentes também --é muito maior e muito mais impactante se comparado a adultos e idosos
Maria Melo

Por isso, afetam crianças de modos adicionais. Entre eles, Maria cita problemas de visão, dificuldades de atenção e, o mais recente, um incentivo a um comportamento consumista.

O apelo consumista que está nas redes sociais --muitas vezes de forma velada-- é muito impactante para crianças e adolescentes, porque elas ainda não estão em condições de enfrentar em pé de igualdade os apelos que a indústria provê
Maria Melo

Perigos do sharenting

As redes sociais afetam também o discernimento de adultos importantes na vida de uma criança. Pais, mães e outros responsáveis não escapam.

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São eles os responsáveis pelo "shareting", um termo em inglês que mistura "share" (compartilhar) com parenting (referente a maternidade ou paternidade) e significa o compartilhamento desenfreado de imagem, voz ou vídeo de crianças na internet. Muitas vezes a hiperexposição ocorre antes mesmo de elas estarem conscientes da própria autonomia. Ainda assim, a especialista não culpa os responsáveis.

As famílias são o elo mais frágil dessa corrente
Maria Melo

Além disso, os pais acabam expondo as crianças por falta de conhecimento ou porque algumas empresas não comunicam direito o que farão com as informações. Durante a pandemia, instituições de ensino criaram ambientes virtuais de aprendizagem com plataformas de tecnologia que aproveitavam para coletar dados a serem usados em publicidade infantil.

Gastar mais energia e menos bateria

Remediar os vícios e impactos negativos gerados pelas redes sociais nas crianças passa por aproximar as crianças da natureza, conta a especialista ouvida por Deu Tilt.

As crianças precisam gastar mais energia do que bateria. Sabemos o quanto a natureza é importante para o desenvolvimento das crianças
Maria Melo

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'Aos 6, ela faz publi de cassino online': por que redes ignoram crianças?

Influenciadores digitais envolvidos com rifas fraudulentas e apostas online são polêmica certa se forem adultos. Há, no entanto, um novo fenômeno: crianças, que nem deveriam estar nas redes sociais, estão promovendo essas atividades para atrair outros menores de idade.

É muito fácil falar: 'não tem criança de 13 anos aqui'. Mas elas estão lá e fazendo publi de Jogo do Tigrinho
Maria Melo

Maria conta que o Instituto Alana, organização que atua na promoção dos direitos de crianças e adolescentes, identificou a atuação de influenciadores mirins de 6 anos fazendo publicidade de cassino online no Instagram. Primeiro, a organização reuniu evidências e denunciou o caso para a plataforma.

Crianças confiam mais em robôs do que em humanos; a culpa é nossa?

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Será possível que crianças dêem mais moral para o que um robô diz do que para o que os pais dizem? Pode não ser um cenário global, mas pesquisadores da Austrália, Alemanha e Suécia chegaram à conclusão que crianças de 3 a 6 anos confiam mais em máquinas do que em seres humanos.

Como fizeram isso? Eles mostraram vídeos para as crianças onde eram exibidos objetos do cotidiano e a descrição era dada por humanos e robôs [de forma intercalada]
Helton Simões Gomes

Durante a pesquisa, continua Helton, tanto robôs quanto humanos cometiam erros, mas as crianças sempre tendiam a confiar nas máquinas. Esse foi o assunto do "Arrasta pra cima", quadro em que os apresentadores imaginam a vida como se ela fosse uma rede social - se curtem, vão de "like"; se não gostam, vão de "arrasta pra cima".

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo às 15h.

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