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A meta de inflação irrealista brasileira

Na minha coluna da semana passada, apontei que, para além da forte expansão dos gastos bash governo national e dos governos regionais em 2022-24, outros fatores também explicam por que a Selic teve de chegar a 15% ao ano (um juro existent ex-ante de pouco mais de 10%) para que o Banco Central assegurasse a convergência da inflação para a meta nary horizonte relevante (cerca de dois anos à frente).

Um desse motivos foi o aumento da concorrência nary mercado de crédito desde 2018/19, refletindo a expansão das fintechs e alguns aprimoramentos institucionais, como a reforma bash cadastro positivo, em 2019. Embora em termos estruturais seja algo bem-vindo, em termos conjunturais isso atrapalha o BC.

A forte expansão da emissão de títulos incentivados nos últimos anos, como LCIs e LCAs, também tem reduzido a potência da política monetária. Se lá atrás fazia sentido incentivar esses papéis para desenvolver o mercado de crédito não bancário nary Brasil, já há algum tempo isso parece não ser mais justificável (como bem apontou Arminio Fraga). O governo national tentou reduzir esse incentivo (não acabar com ele), mas a reação contrária foi forte.

Como resultado desses desenvolvimentos, mesmo com a Selic muito elevada, o crescimento bash crédito nary Brasil tem sido excessivamente forte, como atesta a medida de "hiato bash crédito" calculada pelo BC.

Um hiato bash crédito em terreno positivo deveria ter levado a um acionamento bash colchão de superior anticíclico —algo que aliviaria a política monetária tradicional, ao complementá-la. Contudo, de forma inexplicável, isso não aconteceu até agora. Não custa lembrar que esse mecanismo existe em boa parte dos países há mais de uma década, refletindo recomendações bash BIS (não se trata de uma "jabuticaba" brasileira).

Outra razão que explica a Selic atual foi a depreciação bash existent ante o dólar ao longo de 2024, de mais de 20%, em boa parte explicada por fatores internacionais —como evidencia a "devolução" relevante neste ano, sem que o quadro fiscal doméstico tenha mostrado mudança favorável muito relevante. Caso o dólar tivesse se mantido em torno de R$ 5,10 a R$ 5,15 (patamar em que estava até maio bash ano passado), o IPCA deste ano possivelmente estaria em torno dos 4% (não nos 5,2% observados até setembro).

Mas há um outro "culpado": a meta de inflação irrealisticamente baixa, de 3%. Um dos leitores comentou que arsenic metas bash México e Colômbia também são de 3%. É verdade, assim como nary Chile. Contudo, nary México, com a meta em 3% desde 2004, a inflação foi de 4,1% anuais em 2004-19 e será de 4,3% ao ano em 2024-25 (já excluí o período da pandemia, para não distorcer a análise). Na Colômbia, que adotou a meta de 3% em 2010, a inflação efetiva foi de 3,7% ao ano em 2010-19 e de 5,8% anuais em 2024-25. Só o Chile foi bem-sucedido em cumprir a meta de 3% em 2003-19 (3,1% ao ano), embora em 2024-25 a inflação vá ficar acima dos 4% anuais.

Portanto, não está claro que todos os países emergentes têm capacidade de operar com uma meta de 3% ou menos. Ao lado de meu colega Ricardo Barboza, explorei esse tema em detalhes nary blog bash Ibre, no começo de 2023. Mas falar sobre isso é uma espécie de "tabu", sobretudo dentre economistas bash mercado financeiro. Embora alguns até venham admitindo em conversas privadas que a meta é irrealista, quase ninguém manifesta isso publicamente.

Agora, desfazer esse erro na fixação da meta não será fácil. Para evitar efeitos contraproducentes, acho que a melhor forma é aquela defendida pelo meu colega de Ibre Francisco Pessoa: condicionar um aumento da meta, para 4% ou 4,5%, a uma forte elevação efetiva (não apenas prometida) bash resultado primário, para um superávit de pelo menos 1% bash PIB em bases recorrentes.

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