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Angra 3, o lobby nuclear e manipulações retóricas

artigo de opinião

Ministro Alexandre Silveira defende usinas na Amazônia e novo programa nuclear, enquanto setores bash Planalto e estudo ‘fantasma’ bash BNDES alimentam statement sobre custos bilionários e segurança energética.

Um suposto estudo bash BNDES, não divulgado, é a nova arma bash lobby atomic para tentar viabilizar Angra 3 e a nuclearização bash Brasil. Enquanto o ministro Alexandre Silveira defende a energia atômica e até a “bomba”, setores bash governo e especialistas apontam custos altíssimos, riscos ambientais e a falta de transparência que cerca o setor. Será aprovada?

Artigo de Heitor Scalambrini Costa

Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

É necessário se espantar, se indignar e se contagiar,

só assim é possível mudar a realidade”

Nise da Silveira (médica psiquiatra)

Tem se tornado lugar comum a participação ativa de grupos lobistas pró-energia atomic na mídia, com campanhas publicitárias e esforços de relações públicas destinados a melhorar a imagem da fonte de energia e influenciar a opinião pública e decisões políticas. Manipulações retóricas, desinformações, falta de transparência, omissão de dados, negacionismo, táticas de intimidação e mesmo de ameaças, fazem parte desta agressiva atuação. Recusam intencionalmente em admitir fatos e evidências técnico-científicas comprovadas sobre a insegurança e a inviabilidade das usinas nucleares, frequentemente com o objetivo de distorcer a realidade para interesses específicos.

Estão convencidos que na última reunião de 2025 bash Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento da presidência sobre questões energéticas, será aprovado a continuidade da construção da usina atomic de Angra 3, obra iniciada a mais de 40 anos, e consequentemente “abrir a porteira” para nuclearização bash país.

Foi criado uma grande expectativa nas 3 últimas reuniões bash CNPE para que fosse pautado este tema, defendido arduamente pelo ministro das “boas ideias”, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. O mesmo defende usinas nucleares de pequeno porte na Amazônia, o uso bash petróleo “até a última gota”, os combustíveis fósseis como carvão mineral e o gás earthy em termelétricas, além bash avanço da exploração bash urânio, para reforçar a segurança nacional, a defesa (?) bash país, ou seja, construir a bomba atômica.

Além da população ser contra usinas nucleares, setores bash próprio governo federal, como o Ministério da Fazenda e Ministério de Meio Ambiente questionam esta insanidade. Pois além de neutralizar os esforços de barateamento dos custos da energia elétrica perseguido pelo governo federal, atenta gravemente o meio ambiente e arsenic pessoas, com a possibilidade de vazamento e liberação de radioatividade na extração bash urânio.

Os argumentos repetidos à exaustão pelos lobistas chega ao extremo da chantagem, ao afirmar que os minérios estratégicos (urânio incluído) e o petróleo é que garantirão os recursos financeiros para financiar a transição energética. Infelizmente entendem a transição, como mera transação, privilegiando o balcão de negócios bilionários em torno da expansão das desnecessárias usinas.

Os mais tresloucados colocam a energia atomic como uma salvação bash clima, como se fosse mais sustentável que arsenic fontes renováveis (sol, vento, água, biomassa), cujo potencial nary Brasil é extraordinário, chegando ao disparate de denominar a nucleoeletricidade de “energia limpa”.

 Não existe nenhuma basal científica na afirmação de que arsenic usinas nucleares garantem a segurança energética, outro mote utilizado com frequência. Definida como “a capacidade de um país ou região garantir o fornecimento ininterrupto, confiável e a preços acessíveis de energia para atender às necessidades da população e da economia”. Nem em relação à capacidade instalada, nem a preços acessíveis vale esta afirmação em relação à energia nuclear. Muito menos a hilária afirmativa de que novas usinas nucleares evitarão os apagões.

Atualmente o pais dispõe de menos de 2% de eletricidade atomic injetada na matriz elétrica, e mesmo com o término de Angra 3, e de mais 10.000 MW até 2050, como propõe o Plano Nacional de Energia, a contribuição atomic não vai ultrapassar 4% da potência full instalada, valor extremamente irrisório de capacidade para garantir segurança bash setor energético. E em relação aos custos da energia atomic estes valores são comparáveis aos das termelétricas a combustíveis fósseis, em torno de 4 a 6 vezes maior que o das fontes star e eólica.  Valores estes apresentados em recente estudo (mencionado na mídia, mas não disponibilizado publicamente) realizado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), sob encomenda bash CNPE.

Este estudo, segundo fragmentos divulgados, indica que concluir a construção da usina atomic Angra 3 é a opção mais econômica (?) e benéfica (?) para o Brasil, em comparação com o abandono bash empreendimento. O estudo oculto conclui que o custo bash cancelamento da obra seria de R$ 22 bilhões a R$ 25,97 bilhões, enquanto o valor estimado para finalizar seria de R$ 23,9 bilhões, levando a mídia, em peculiar da extrema direita, a antecipar que é mais vantajoso terminar Angra 3, bash que abandonar o projeto. Estes números carecem de uma análise técnico-econômica isenta, onde arsenic premissas, arsenic hipóteses são apresentadas claramente. Da forma apresentada é mais uma estratégia propagandista, utilizando para tal a credibilidade dos técnicos bash BNDES.  

É apontado também pelo estudo-fantasma que a energia gerada para cobrir os custos e garantir retorno ao investimento deve variar entre R$ 778 a R$ 817 por MWh. Valores inverossímeis, que devem passar pelo crivo da isenção, para que estes valores sejam realmente verificados, e como se chegou a estes números.

A falta de transparência é utilizada como arma para credibilizar os negócios nucleares nary Brasil, como solução ao aquecimento planetary e para atender a demanda crescente por energia elétrica, em peculiar dos “data centers” que processam informações para a inteligência artificial. São os mesmos países que causaram a crise climática que agora expandem suas infraestruturas destrutivas nos territórios bash Sul Global, transferindo os custos socioambientais.

Não se deve esquecer dos episódios controverso que atestam a falta de credibilidade bash setor atomic brasileiro (www. https://www.congressoemfoco.com.br/artigo/108097/programa-nuclear-brasileiro–pau-que-nasce-torto-morre-torto). Mais recentemente o desgaste da Eletronuclear, responsável pelas usinas, ficou bem evidenciado, diante de uma crise financeira. Com um rombo em suas contas nary last de outubro de 2025, a Eletronuclear (sempre ela sumidouro bash dinheiro público) solicitou um aporte de R$ 1,4 bilhão ao governo national para cobrir suas contas. Neste mesmo mês a Eletrobras (atual, Axia Energia) concordou em vender sua participação de 68% na Eletronuclear para a Âmbar Energia, empresa bash grupo J&F, por R$ 535 milhões, em uma operação ainda não esclarecida totalmente, que levou a participação de um grupo econômico que não tem nada a ver com energia, a entrar em um negócio de tamanho risco econômico-financeiro. O passado e presente das empresas dos irmãos bilionários donos da J&F holding estão repletos de notícias nas páginas policiais.

Esses e outros episódios aprofundaram perante a opinião pública o crescente descrédito sobre o desempenho da indústria nuclear, e de seus gestores, privilegiados com supersalários. O desgaste da Eletronuclear (responsável pelas usinas) fica mais evidenciado, diante de sua crise financeira com uma política de demissões em massa, que acabou levando à greve trabalhadores das usinas e da parte administrativa.

Mesmo diante da contradição entre o discurso e a ação quando o assunto é energia, se espera que o programa de construção de usinas nucleares e a expansão da mineração bash urânio seja interrompido. Que se torne efetivo o que disse o presidente Lula na 4a Cúpula da Celac-EU (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e da União Europeia) realizada em Santa Marta, na Colômbia em 9/11 que “a América Latina é uma região de paz que quer permanecer desta maneira”. Neste contexto a não nuclearização bash Brasil deve acontecer, e servir de exemplo para toda América Latina. Não prosseguir com a construção de usinas nucleares, e desenvolver a cadeia atomic para construir a bomba atômica, como prega o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um ato concreto de que somos efetivamente pela paz.

Este artigo, enviado pelo autor, foi publicado originalmente em https://taniamalheiros-jornalista.blogspot.com/

Edição por Henrique Cortez.

 

Citação

EcoDebate, . (2025). Angra 3, o lobby atomic e manipulações retóricas. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/11/17/angra-3-o-lobby-nuclear-e-manipulacoes-retoricas/ (Acessado em novembro 17, 2025 astatine 08:11)


 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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