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Anvisa decide se Brasil pode plantar Cannabis, mercado de até R$ 6 bilhões

São diversos os usos econômicos possíveis para o cânhamo. O mais conhecido deles é o medicinal, com a produção de remédios feitos com canabinoides (substâncias encontradas na planta) em suas composições. Já são comprovados clinicamente o uso, com resultados positivos, nos tratamentos de depressão, insônia, ansiedade, epilepsia, endometriose, dor crônica, Alzheimer, Parkinson e até em terapias de crianças autistas. Há ainda diversos outros usos industriais para o cânhamo: na indústria têxtil, em substituição ao algodão, na fabricação de tijolos para a construção civil, cosméticos e até alimentos, como barras de cereais, além do uso como composto alimentar e remédios para animais.

O estudo da consultoria Escolhas chegou à conclusão de que, para atender a demanda de produtos à base de cânhamo (medicinais ou não) até 2030, o Brasil deveria cultivar 64 mil hectares da planta. O investimento necessário seria da ordem de R$ 1,23 bilhão até o fim da década, com um retorno em receitas líquidas de R$ 5,76 bilhões. Ou seja, o país iria faturar 4,7 vezes mais do que o valor do aporte inicial necessário, com a geração de 14,5 mil empregos diretos.

Outros países do mundo deixaram há tempos de lado o preconceito com o cultivo da planta e faturam alto com a confecção de produtos à base do polêmico vegetal. EUA, Canadá e países europeus, além da China, lideraram pesquisas sobre os diversos usos econômicos há décadas. França e Inglaterra, por exemplo, nunca proibiram as pesquisas. O mercado mundial deve bater ao redor de US$ 48 bilhões, em 2025, podendo chegar a quase US$ 700 bilhões (US$ 120 bilhões só em medicamentos), em 2033, segundo levantamento da consultoria Business Research Insights.

Os Estados Unidos e o Canadá liberaram a realização de estudos quando estados norte-americanos, tidos como conservadores, como Colorado e Novo México, passaram a permitir o uso de cannabis, inclusive para fins recreativos, nos anos 2000.

Segundo os pesquisadores consultados pelo UOL, até os vizinhos Paraguai, Uruguai e Colômbia têm políticas mais tolerantes com relação ao cultivo e uso econômico do cânhamo. O país teria de investir algo como R$ 150 milhões para acompanhar as pesquisas realizadas nos mercados desenvolvidos. Algumas universidades, como a Federal de Lavras, conseguiram autorizações extraordinárias, dadas pela própria Anvisa, para estudos de cultivo.

"O Brasil tem décadas de atraso em relação ao resto do mundo", afirma Daniela Bittencourt, que estuda biologia sintética e é secretária-executiva do comitê da Embrapa sobre cannabis. "Os países desenvolvidos investem pesado em estudos e produção de cânhamo, pois há mais de 2 mil aplicações da planta", diz, lembrando que o Brasil poderia recuperar o atraso em 10 a 15, se adotar políticas públicas que incentivem a pesquisa e o mercado.

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