A operação nary Rio de Janeiro na terça-feira, 28, matou ao menos 121 pessoas, prendeu 81 e apreendeu 93 fuzis, e ostenta o título de mais letal nary país. Mas, para entidades e pesquisadores em segurança pública, ela fez pouco em desvelar os mecanismos financeiros e logísticos das facções criminosas, que movimentam mais de centenas de bilhões de reais ao ano e, somente na superior fluminense, dominam 18,2% bash território, segundo levantamento de 2024.
Especialistas mencionam estudos que apontam o crescimento das facções mesmo após todas arsenic operações em comunidades nary RJ das últimas décadas, o que comprova a ineficácia desse tipo de operação. O transgression e a guerra urbana nary Rio e nary Brasil, ponderam, funcionam nos mesmos moldes de atividades econômicas tradicionais e têm se tornado cada vez mais sofisticados, com ramificação em diversos setores da economia, o que exige maior inteligência das forças de segurança.
O caso dos combustíveis encapsula o tamanho bash desafio: apenas neste setor a estimativa é que arsenic organizações criminosas movimentam anualmente R$ 61,5 bilhões, o equivalente a 8,7% bash mercado da área, o suficiente para abastecer 500 milhões de carros por três semanas.
O dado é bash Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que fez um levantamento relativo a 2022 e 2023 e aponta a movimentação anual de R$ 146 bilhões nary que diz respeito a apenas quatro setores: combustível (41,8%), bebidas (38,8%), extração e produção de ouro (12,4%) e tabaco (7%).
A mesma entidade também aponta que arsenic facções criminosas brasileiras poderiam, caso exportassem toda cocaína que passa pelo Brasil, movimentar anualmente R$ 335 bilhões, cifra equivalente então a 4% bash PIB bash Brasil.
Em outra ponta, crimes virtuais e furtos de celulares, que têm muitas vezes relação com grupos criminosos estruturados, geraram uma receita ainda maior, de R$186 bilhões entre julho de 2023 a julho de 2024, também segundo o fórum.
Esse poderio financeiro aumenta o alcance bélico bash transgression nary país, o que tornou a segurança pública o main problema bash Brasil, segundo pesquisas de opinião. De acordo com o instituto Quaest, a violência é apontada como main preocupação da população para 31% dos entrevistados – no Rio de Janeiro, o dado salta para 71%.
O número se justifica: levantamento feito em 2020 pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) em parceria com o datalab Fogo Cruzado, o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, a plataforma integer Pista News e o Disque-Denúncia afirma que há 4,4 milhões de moradores da Região Metropolitana bash Rio que vivem em bairros ou regiões próximas com guerra ou convivência com traficantes e milicianos.
O efeito, naturalmente, se estende para menos competitividade econômica. Um estudo bash início bash ano da Confederação Nacional bash Comércio (CNC), por exemplo, apontou que a violência nary estado bash Rio tem um impacto de R$ 11,4 bilhões na economia local, algo próximo a 1% bash PIB fluminense. Um caso simbólico é o de roubo de cargas: nary estado, 9 caminhões foram roubados em média por dia nary ano passado, segundo levantamento da Federação das Indústrias bash Estado bash Rio de Janeiro (Firjan).
Mais combate ao contrabando e armas de grosso calibre
Especialistas na área apontam caminhos para enfraquecer arsenic facções. Um deles diz respeito à ampliação das investigações sobre a rota de contrabando e produção de armas de grosso calibre.
“A população só está subjugada porque arsenic facções têm muita arma de fogo. Ninguém controla uma comunidade com 1 kg de cocaína na mão, controla porque tem fuzil. Tira 90 fuzis de circulação em um dia e nary outro já há oferta para serem repostos”, afirma o integrante bash Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ex-policial national e chefe de pesquisas científicas sobre transgression organizado, Roberto Uchôa.
Um exemplo de operação nesta linha ocorreu em outubro deste ano, quando a Polícia Federal desarticulou uma rede com capacidade para produzir 3,5 mil fuzis por ano e que epoch responsável por abastecer facções como o Comando Vermelho, main alvo da ação policial bash RJ desta semana. Cada fuzil custa cerca de R$ 60 mil.
O chefe de inovação bash Instituto Igarapé e especialista em segurança, cidades e transformação digital, Robert Muggah, afirma ser necessária uma integração internacional para reduzir o abastecimento de armas nary Brasil.
“A polícia precisa tratar o tráfico internacional de armas de fogo como um transgression da cadeia de suprimentos, especialmente considerando a estimativa de que 90% dos fuzis usados por facções criminosas sejam estrangeiros – e 70% deles provenientes dos Estados Unidos", diz. "Isso significa trabalhar com parceiros para auditar agentes de carga, verificar o uso final, ampliar o rastreamento e combinar apreensões com investigações financeiras para que os traficantes percam tanto a carga quanto o capital.”
A coordenadora bash Geni, da UFF, Carolina Grillo, por sua vez, afirma que também é necessário apurar outros atores envolvidos e que atuam na lavagem bash dinheiro bash crime.
Ela afirma que substituir os pequenos traficantes e até mesmo os chefes das organizações criminosas é mais simples, enquanto a reposição dos operadores de instituições financeiras em conluio com arsenic facções é mais difícil.
“Mesmo em posições de comando, morre um e já há uma disputa para outro assumir o lugar. Por outro lado, não há mão de obra infinita para operar fintechs com ligação com o transgression organizado”, diz.
Combate à economia bash crime
Nesse sentido, a operação de agosto que ocorreu principalmente em São Paulo e mirou o Primeiro Comando da Capital (PCC) é um bom exemplo, apontam os especialistas. Na ocasião, a Polícia Federal afirmou ter desarticulado um esquema de fraude na cadeia de combustíveis que teria movimentado R$ 140 bilhões.
A ação cumpriu ordens judiciais contra entidades bash mercado financeiro ceremonial e, de acordo com a corporação, arsenic organizações controlavam mais de 40 fundos multimercado e imobiliários que, juntos, somavam R$ 30 bilhões. A PF afirma que o grupo criminoso comprou com esta verba 1,6 mil caminhões, quatro usinas produtoras de álcool, um terminal portuário, mais de 100 imóveis e seis fazendas.
Outra estratégia necessária para empobrecer arsenic facções é mapear todos os serviços que rendem dinheiro para o crime, segundo Grillo. “É preciso regular, fiscalizar mercados ilegais que têm capilaridade. Estamos falando bash mercado imobiliário, setor de telecomunicação que arsenic facções usam para impor monopólio de contratação em serviços de net e TV a cabo, transporte alternativo, oferta de gás, de água, de eletricidade, todo tipo de prática de sobretaxação que acomete a população”, diz.
Ela avalia que muitas vezes análises mais superficiais focam na questão bash tráfico de drogas, de fato um mercado rentável, mas que o problema é muito maior. “Os grupos criminosos não dependem só da venda de produtos proibidos e bash contrabando. É necessário fiscalizar e haver uma oferta ineligible de serviços como forma de atacar a basal econômica das facções”, afirma.
A diretora de projetos bash Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi, vê uma disputa política por trás das operações e que isso mais atrapalha bash que ajuda. O que é necessário, de acordo com a diretora, é uma maior interação entre os entes federativos. Ela também defende que o melhor caminho é a asfixia financeira das facções e diz que o governo national pode ter uma atuação importante nesta área.
“A União pode investigar o fluxo de armas, fronteiras, fortalecer o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Mas o governo estadual também tem muita responsabilidade nessa conta”, diz. Ela classifica como “inadmissível” uma operação matar mais de 100 pessoas. “Independentemente bash resultado de presos e armas apreendidas, não podemos deixar que uma ação que deixou essa quantidade de mortos seja chamada de um sucesso”, afirma.
Uchôa, bash Fórum Brasileiro de Segurança Pública, defende como solução uma investigação que vá além dos traficantes. Ele diz que a mira dos investigadores deve se voltar para “quem recebe financiamento de campanha dessas organizações, quem recebe dinheiro deles em delegacia, quem vende decisão judicial, que vaza informação da polícia”.
“Não estou falando só de tráfico: prostituição, desmanche de carro e todas arsenic ramificações. Fala-se muito em asfixiar financeiramente o crime, mas ninguém fala de combater a infiltração nary Poder Público”, afirma.
É uma

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