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Arrozeiros gaúchos estão buscando os agentes financeiros para renegociar o pagamento das parcelas de custeio da safra 2024/2025 e, assim, ganhar fôlego para a venda do produto. Diante de um cenário dramático, que derrubou os preços do cereal em 40%, a cadeia de comercialização pisou no freio, agravando ainda mais a situação.
O contexto é uma safra de grande oferta no Brasil e no Mercosul, com exportações menores que as originalmente projetadas, preços internos baixos e retração nas compras das indústrias, já que o varejo vem demandando a conta-gotas. Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, o país opera atualmente com um excedente estimado em 14,2 milhões de toneladas, frente a uma demanda anual de 12,2 milhões de toneladas. A projeção de estoques de passagem acima de 2 milhões de toneladas — patamar recorde — pressiona negativamente as cotações.
Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, de janeiro a abril foram exportadas 140,1 mil toneladas de arroz em casca e 153,4 mil toneladas do cereal beneficiado, muito aquém do esperado. Já as importações chegaram a 9,2 mil toneladas do produto em casca e 301,9 mil do beneficiado.
“Com a aproximação dos vencimentos das parcelas de custeio, geralmente duas, entre os meses de junho e agosto, sem preço e sem liquidez, estamos procurando os bancos para pedir ajuda neste momento de enorme dificuldade”, explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS, Alexandre Velho.
O primeiro contato, com o Banrisul, já trouxe algum alento. O banco teria concordado em prorrogar em 30 dias o vencimento do primeiro pagamento e a ampliar para quatro o número de parcelas. Com isso, os produtores podem reduzir a oferta do grão no mercado, segurar as vendas e esperar que ocorra melhora nas cotações. Atualmente, segundo o dirigente da Federarroz, o preço médio da saca de 50 quilos no RS gira em torno de R$ 70,00, enquanto o custo de produção chega a R$ 90,00.
A demanda será levada também ao Banco do Brasil, ao Sicredi e aos fornecedores de insumos para a lavoura. E a expectativa é de que a posição do Banrisul seja um exemplo de flexibilização seguido pelos demais, para que os produtores não fiquem obrigados a vender seus estoques a qualquer preço.
Boa parte das queixas de produtores e das indústrias tem como alvo o comércio varejista, que tem comprado volume suficiente apenas para atender a demanda imediata, acreditando em pagar valores ainda menores.
“O varejo tem de entender que não há como diminuir mais o preço, sob pena de desestabilizar a indústria, aumentar o endividamento do produtor e a volta à uma redução drástica de área por conta da baixa rentabilidade. Abaixo de R$ 4,00 o quilo não é possível sustentar a atividade”, lamenta Alexandre Velho.
A Associação Gaúcha de Supermercados foi procurada para contrapor as críticas, mas até a publicação desta matéria não havia se manifestado.
Entidades farão reunião com a Conab na sexta-feira
Por conta desse cenário, dirigentes da Federarroz e da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) se reuniram na manhã desta quarta-feira (4). E alinharam discurso que levarão ao presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. A pedido das entidades, um encontro será realizado na sexta-feira (6), às 10h, na sede da Superintendência Estadual da Conab.
A Abiarroz estará representada pelo novo presidente, Renato Franzner, e pelo ex, Elton Doeler. Por meio de sua assessoria, a entidade confirmou as agendas, mas informou que só irá se posicionar após a reunião com a Conab.
Na oportunidade, as entidades deverão cobrar a adoção de medidas para auxiliar na equalização entre as vendas e os preços em baixa, bem como na comercialização do produto.
“Assim como fomos parceiros do governo em 2024, agora é a vez de o governo nos ajudar. Precisamos de apoio e ações para o setor encontrar alternativas para a comercialização”, acrescentou Alexandre Velho.
Também nesta quarta-feira, representantes do setor produtivo foram recebidos em audiência pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Junto ao subsecretário da Fazenda Estadual, Ricardo Neves, Leite ouviu das entidades pedidos para buscar a adoção de medidas tributárias urgentes em razão da grave crise que atravessa o setor arrozeiro.
Conforme o diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, o governo estadual mostrou sensibilidade ao grave momento que os arrozeiros no Estado enfrentam.
"O governo se comprometeu a buscar soluções de curto prazo para mitigar danos ao setor arrozeiro, na medida em que o preço de mercado hoje não cobre minimamente os custos de produção, sem prejuízo do fato de que os arrozeiros igualmente vem sofrendo com intempéries climáticas nas últimas safras", concluiu.
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