Safra 2023-2024
- Publicada em 16 de Outubro de 2023 às 11:53

Produtores de arroz adotam cautela com valorização do grão e sustentam decisão de não ampliar área plantada
Francieli Segabinazi/Divulgação/IRGA
Claudio Medaglia
A tendência de manutenção de alta nos preços internacionais do arroz não deverá alterar o planejamento dos produtores brasileiros e gaúchos do cereal. A ideia é consolidar uma lavoura mais enxuta em relação a períodos anteriores e ajustar o tamanho da oferta para ganhar em rentabilidade.
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A tendência de manutenção de alta nos preços internacionais do arroz não deverá alterar o planejamento dos produtores brasileiros e gaúchos do cereal. A ideia é consolidar uma lavoura mais enxuta em relação a períodos anteriores e ajustar o tamanho da oferta para ganhar em rentabilidade.
Por aqui, a saca de 50 quilos do arroz com casca vem sendo negociada por até R$ 110,00 em Pelotas e Camaquã, bem como em praticamente todo o Litoral Norte, conforme levantamento da Safras & Mercado. A cotação, acima até mesmo dos R$ 100,00 negociados há cerca de dois meses, aponta o que o analista Evandro Silva considera como ponto próximo ao teto na valorização do grão.
A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) avalia que expandir a área plantada por conta da valorização pontual do cereal não é o melhor caminho para colher os melhores preços no futuro.
“Não se pode pensar em aumento de área por essa notícia da Índia. O produtor precisa ter consciência de que não controla o preço de venda do seu produto. Isso depende de produção, oferta e demanda, taxa de cambio, paridade com relação ao Mercosul, consumo interno e exportação. A Índia é só um fator, e diz respeito ao arroz branco, não o com casca, que é o nosso produto”, diz o presidente da entidade, Alexandre Velho.
Segundo o dirigente, a situação tributária instalada no país asiático só reafirma uma tendência de preços firmes, a serem confirmados, até a colheita no Estado. Recentemente, a Federarroz lançou, inclusive, uma campanha pela manutenção da área cultivada no Rio Grande do Sul. Velho e o analista Evandro Silva, da Safras, acreditam que a lavoura gaúcha 2023-2024 deva ficar em torno de 900 mil hectares, com produtividade média de 8 mil quilos por hectare e produção pouco acima das 7 milhões de toneladas.
“Primeiro temos de ampliar nossos mercados exportadores, para somente depois, quando a demanda estiver maior, pensar em aumentar a área plantada”, conclui o líder arrozeiro.
Silva observa que, além da Índia, a Tailândia também enfrenta problemas em sua safra, por conta do clima. E acabou sendo ultrapassada pelo Vietnã como segundo maior exportador de arroz no mundo. O continente asiático está em plena época de colheita.
“Os preços internacionais já deram uma acomodada. Então, aquela escalada nas cotações deu uma freada. O Paquistão também teve uma boa queda nos preços. O mercado lá está mais focado nesse período de colheita. Os Estados Unidos já estão com a colheita quase finalizada. Então, tem um grande ingresso de oferta nesse momento. E aqui, estamos iniciando os trabalhos de plantio, até com um certo atraso por conta do clima, que prejudicou bastante”, analisa.
Por outro lado, as chuvas abundantes em agosto promoveram a recomposição das barragens na Fronteira Oeste - onde a saca vem sendo vendida a R$ 103,00 - e um grande incentivo para os produtores confirmarem um avanço de área na região. Paralelamente, a Argentina já está com o plantio bem avançado, assim como o Paraguai. “Ao que tudo indica, já teremos ingresso de oferta do Mercosul, provavelmente antes do Natal, juntamente com algumas áreas pontuais de Santa Catarina, que já também já deve estar passando do 60% do plantio nesse momento”.
Silva projeta que a atual cotação do cereal seja mais uma questão de demanda interna, por conta do aumento do dólar. Já a demanda externa ainda mostra um lento desenvolvimento, depois de um mês de setembro em que o Brasil praticamente não exportou arroz e, em outubro, os embarques são de volumes negociados em meses anteriores.
“Porém, novos negócios para exportação não estão sendo reportados, por conta dessa safra americana que está bastante atrativa em relação a preços na comparação com o arroz brasileiro. Então, América Central, Caribe e demais mercados acabam voltando suas compras para os Estados Unidos”, relata.
O momento é de negócios no mercado interno, que está comandando o preço. As indústrias se mostram mais agressivas, tentando recompor estoques, e algumas acabaram elevando ofertas, até acima de R$ 110,00. “A média da saca nas praças do Rio Grande do Sul está em torno de R$ 104,00, lembrando que patamar maior que esse somente no pico da pandemia de Covid-19, quando a média da saca ficou ao redor de R$ 105,00. Então, pelo que a gente vê, as cotações já estão bem próximas de atingir o teto”, diz Silva.
Segundo o analista da Safras & Mercado, o varejo já não está mais aceitando repasses desses ajustes na matéria-prima, por conta de uma dificuldade de maior giro nas gôndolas. Se o consumidor se retrai, os negócios diminuem. “Mas temos apenas dois meses pela frente para já começarmos a ter alguma entrada de oferta. Então, o sentimento nesse momento é que o mercado está buscando ajuste e acredita-se que muito perto do teto dos preços”, finaliza.
Produtores gaúchos já semearam 287 mil hectares com a cultura, aponta levantamento do Irga

Semeadura segue por todo o Rio Grande do Sul
TIAGO SIEVERT/IRGA/DIVULGAÇÃO/JC
Os produtores gaúchos já semearam 287.274 hectares da safra de arroz 2023/2024, conforme mostra o primeiro levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o que representa 31,83% da área total estimada, de 902.424 hectares. Os dados são da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) da autarquia, a partir de informações apuradas pelas equipes dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates).
O atraso ocorreu devido às chuvas, principalmente em setembro, o que impossibilitou que a maioria dos produtores pudessem realizar a semeadura em suas lavouras. Na Planície Costeira Externa, o início do plantio das primeiras lavouras de pré-germinado ocorreu na segunda quinzena de agosto, com poucas áreas semeadas. Em setembro, a semeadura ficou inviabilizada até mesmo para o pré-germinado. No início de outubro, algumas áreas começaram a ser semeadas em cultivos em linha, com poucas janelas para a semeadura e ainda com muitas áreas a serem preparadas e dessecadas para depois serem plantadas.
Nas áreas próximas à Lagoa dos Patos, onde as águas da região estão custando a baixar, os produtores ainda estão no aguardo de uma janela para retomar o plantio. Na Planície Costeira Interna, aproximadamente 40% são de pré-germinado, com uma área significativa em desenvolvimento vegetativo no momento.
Na Zona Sul do Estado, os trabalhos começaram no final de agosto, com uma pequena área em Rio Grande, mas a maioria dos produtores só conseguiu iniciar a semeadura na última semana de setembro devido aos mais de 500 milímetros de chuva registrados no mês. Cabe salientar que os produtores acreditaram na previsão de El Nino, intensificando a drenagem nas áreas a serem semeadas, retirando o adubo da linha permitindo maior agilidade na semeadura e trabalhando em turno de 24 horas para aproveitar ao máximo as janelas proporcionadas pelos dias sem chuva.
A região da Campanha deu início à semeadura nos primeiros dias deste mês, sendo que na última semana teve uma evolução mais significativa, principalmente nos municípios de Bagé, Dom Pedrito e Santana do Livramento, conforme verificaram os técnicos do Irga.
Já na Fronteira Oeste, a semeadura teve início em agosto, porém em área pouco expressiva. Em setembro, a FO teve um avanço de apenas 2,5%. Porém, nos últimos 15 dias o produtor conseguiu entrar nas lavouras para realizar a semeadura da safra 2023/2024.
EVOLUÇÃO DO PLANTIO POR REGIÃO (atualizado em 11/10)
Fronteira Oeste
Previsão: 269.305 hectares
Semeados: 151.642 hectares (56,31%)
Campanha
Previsão: 120.500 hectares
Semeados: 28.092 hectares (21,86%)
Zona Sul
Previsão: 149.989 hectares
Semeados: 77.533 hectares (51,69%)
Região Central
Previsão: 121.183 hectares
Semeados: 5.215 hectares (4,3%)
Planície Costeira Interna
Previsão: 131.080 hectares
Semeados: 20.612 hectares (15,72%)
Planície Costeira Externa
Previsão: 102.367 hectares
Semeados: 4.180 hectares (4,08%)
Fonte: Irga

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