Jimmy 'Barbecue' Chérizier

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Jimmy 'Barbecue' Chérizier emergiu como um dos líderes de gangues armadas mais poderosos do Haiti

Há 3 minutos

Um dos líderes de gangues mais poderosos do Haiti afirmou que consideraria abandonar as armas se os as facções criminosas fossem convidadas a participar das negociações para estabelecer um novo governo.

Grupos liderados por Jimmy Chérizier, também conhecido como Barbecue, controlam a maior parte da capital Porto Príncipe.

No entanto, Chérizier disse à rede de TV Sky News: “Estamos prontos para soluções”.

O Haiti, uma nação caribenha empobrecida com mais de 11 milhões de pessoas, está sem primeiro-ministro desde 12 de março.

As gangues capitalizaram o vazio de poder e passaram a controlar partes do país, que se tornou efetivamente ilegal em alguns locais.

Foi criado um Conselho Presidencial de Transição para elaborar um plano para devolver o Haiti ao regime democrático, apoiado por outras nações caribenhas e pelos Estados Unidos.

Chérizier – a figura mais proeminente numa aliança de gangues conhecida como Viv Ansanm (Viva Juntos), que controla cerca de 80% de Porto Príncipe – acredita que o seu grupo deveria ter um lugar à mesa do governo.

Ele disse à Sky News: “Se a comunidade internacional apresentar um plano detalhado onde possamos sentar juntos e conversar, mas não nos impor o que devemos decidir, acho que podemos baixar as armas”.

Ele disse que “não estava orgulhoso” da espiral de violência no Haiti e alertou que a crise poderia continuar se grupos como o seu – que criticam “políticos corruptos” – não fizerem parte de um futuro governo.

 Jimmy 'Barbecue' Cherizier carregando arma

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O líder da gangue armada Jimmy 'Barbecue' Cherizier e seus homens são vistos em Porto Príncipe, em 5 de março de 2024

Ele também disse que qualquer agrupamento militar do Quênia convocado para reforçar a segurança no Haiti será considerado “agressor” e “invasor”.

A situação no Haiti foi descrita como “gravíssima” pela Organização das Nações Unidas (ONU) em um relatório divulgado no início desta semana.

O documento diz 1.500 pessoas foram mortas e 800 ficaram feridas na onda de violência nos primeiros três meses de 2024.

O relatório detalhou as “práticas angustiantes” das gangues, que são acusadas de usar violência extrema e abuso sexual como forma de punição e controle.

Grupos de ajuda humanitária relataram dificuldades em levar alimentos e água para a capital, alertando que milhões de pessoas não conseguem encontrar comida, estando algumas à beira da fome.

Haiti: saiba o básico

  • O país do Caribe faz fronteira com a República Dominicana e tem uma população estimada em 11,5 milhões de pessoas;
  • O país tem uma área de 27.800 km2, que é ligeiramente menor que a Bélgica e aproximadamente do mesmo tamanho que o estado americano de Maryland;
  • A crônica instabilidade crônica, as ditaduras e os desastres naturais nas últimas décadas fizeram do Haiti o país mais pobre das Américas;
  • Um terremoto em 2010 matou mais de 200 mil pessoas e causou grandes danos à infraestrutura e à economia;
  • Uma força de manutenção da paz da ONU, com o Brasil como líder,foi criada em 2004 para ajudar a estabilizar o país e só se retirou em 2017;
  • Em julho de 2021, o então presidente Jovenel Moïse foi assassinado por homens armados não identificados em Porto Príncipe. Em meio a um impasse político, o país continua a ser assolado por distúrbios e violência de gangues