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Aumento da Selic não é suficiente para conter inflação, dizem especialistas

Juros mais altos vão conter a inflação?

Crédito fica mais caro. Juros mais altos encarecem financiamentos e empréstimos, dificultando o acesso ao crédito por consumidores e empresas. Esse encarecimento reduz o consumo e os investimentos, freando o crescimento econômico. A medida busca controlar a demanda, o que pode aliviar pressões inflacionárias em setores onde o crédito tem impacto significativo, como construção civil e bens duráveis.

Aumento da Selic impacta inflação por demanda. Quando a inflação é causada pelo excesso de consumo e investimento em relação ao que a economia pode produzir, juros mais altos atuam como um freio. A Selic, taxa básica de juros, influencia diretamente os custos do crédito e as decisões de consumo e investimento, tornando-se uma ferramenta eficaz contra esse tipo de inflação.

Brasil passa por uma inflação de custo. Dados recentes do IPCA-15 mostram que os preços têm subido em itens essenciais, como alimentos e bebidas (1,34%), além de categorias como despesas pessoais (0,83%) e transportes (0,82%). Esse tipo de inflação, gerada por fatores como aumento de custos de produção, é mais difícil de ser combatida apenas com altas na taxa de juros.

Selic não impacta na inflação de alimentos. O custo dos alimentos não diminui com juros elevados, pois é influenciado por variáveis como clima, safras e condições dos mercados globais. "Alimentos são uma necessidade básica, com demanda pouco sensível ao crédito. Aqui, juros altos têm pouco ou nenhum efeito direto", explica Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie. No entanto, Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV, diz que uma maior massa salarial e menor desemprego fazem com que as pessoas consumam mais alimentos, o que pode aumentar a inflação.

Em despesas pessoais, como serviços, os juros podem sim reduzir a demanda, aliviando a pressão sobre os preços. Nos transportes, o impacto é mais indireto: o crédito mais caro pode desestimular a compra de veículos ou o uso de serviços financiados, mas os preços de combustíveis -- que têm grande peso nesse setor -- respondem mais a fatores externos, como o petróleo.
Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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