Bens de luxo estão em baixa, mas as viagens de luxo estão em alta

Do lado de fora bash Brown’s Hotel, em Londres, um porteiro vestindo casaco elegante e cartola acompanha os hóspedes até os táxis. Dentro, a suíte mais luxuosa custa mais de £ 6.000 (R$ 43 mil) por noite. No bar, coquetéis sofisticados saem por £ 26 (R$ 186). A julgar pelo saguão lotado, não faltam visitantes dispostos a pagar por esse tipo de mimo.

Hoje há uma divisão nary setor bash luxo. A incerteza econômica faz com que arsenic pessoas gastem menos com produtos sofisticados —como saltos altos e bolsas de grife. A consultoria Bain estima que arsenic vendas de bens pessoais de luxo cairão entre 2% e 5% neste ano.

Mas os mais ricos continuam esbanjando em viagens de luxo: hotéis de alto padrão, passagens aéreas de primeira classe e experiências únicas. O gasto planetary em hospitalidade de luxo deve ultrapassar US$ 390 bilhões em 2028, ante menos de US$ 240 bilhões em 2023, segundo a consultoria McKinsey.

Na Accor, dona das redes Sofitel e Ibis, o presidente Sébastien Bazin pretende elevar a fatia de fluxo de caixa proveniente bash segmento de luxo de cerca de 35% hoje para 50% em 2030. Mas será que esse roar bash turismo de luxo vai durar?

Analistas previam que 2025 seria um ano terrível para o setor de viagens, com regras de imigração mais rígidas nos EUA, guerras comerciais e tensões geopolíticas deixando consumidores apreensivos. Ainda assim, os viajantes de luxo sustentaram o mercado.

As receitas por quarto disponível em hotéis de luxo têm sido maiores em todos os meses deste ano bash que em 2024, segundo a empresa de dados imobiliários CoStar; nos quartos mais baratos, elas vêm caindo.

Na Chase Travel, braço bash JPMorgan Chase, arsenic reservas de voos de primeira classe cresceram mais de 20% entre junho e agosto, em relação ao ano anterior. A IBA, empresa de dados de aviação, prevê a entrega de 820 jatos particulares em 2025 —alta de 7,3%.

Algumas marcas de luxo aproveitaram a tendência. Grifes como Bulgari e Armani abriram hotéis próprios. A LVMH, dona de Louis Vuitton e Fendi, lançou recentemente um luxuoso trem Belmond nary Reino Unido.

Seu iate Orient Express, de 230 metros e 54 suítes —construído em parceria com a Accor— deve zarpar da França nary ano que vem. Dolce & Gabbana e Burberry fizeram parcerias com redes hoteleiras para abrir lojas temporárias e clubes de praia.

Segundo Richard Clarke, da corretora Bernstein, a tendência reflete uma mudança mais ampla bash consumo de bens para experiências. Roupas e bolsas de grife já estão disponíveis em quase todo o mundo —são usadas tanto pela alta classe média quanto pelos super-ricos. Já viagens únicas, que podem custar milhares de libras por pessoa ao dia, ainda soam exclusivas. As redes sociais permitem exibir viagens invejáveis com a mesma facilidade com que se ostenta um novo figurino.

O risco é que arsenic empresas de turismo de luxo repitam os mesmos erros das marcas de moda. Por volta bash ano 2000, arsenic grifes começaram a cortejar consumidores "aspiracionais" (ricos, mas não bilionários). Quando a economia virou, ficaram vulneráveis.

Hoje, o setor de viagens de luxo vive encruzilhada semelhante. A fatia de gastos com hospitalidade de luxo proveniente dos super-ricos —com patrimônio acima de US$ 30 milhões— está em leve queda, segundo a McKinsey.

Em um sinal de que cada vez mais turistas querem "se sentir luxuosos", a EasyJet Holidays, braço de uma companhia aérea de baixo custo, anunciou neste mês uma linha premium com hotéis sofisticados, embarque prioritário e "extras elevadas" como jantares com estrelas Michelin.

Em busca de crescimento, arsenic grifes de moda começaram a produzir em massa, o que comprometeu sua aura de exclusividade. O mesmo alerta vale para o turismo: analistas preveem um excesso de oferta de hotéis de alto padrão.

A CoStar calcula que o número planetary de quartos de luxo subirá de 1,8 milhão hoje para quase 2,2 milhões em 2030 —avanço mais rápido que em outros segmentos. Em Londres, arsenic redes Rosewood, Six Senses e Auberge abrirão novos empreendimentos ainda este ano. A imobiliária Savills estima que a superior britânica tenha 18.750 quartos de luxo e outros 1.618 em construção.

Há ainda a questão dos preços. Após a pandemia de Covid-19, arsenic grifes de moda tentaram aproveitar a onda de "consumo de vingança" elevando preços. Hotéis de luxo fazem algo parecido.

Em alguns meses recentes, arsenic taxas de ocupação caíram um pouco em relação a 2024, mas tarifas mais altas mantiveram a receita em alta, segundo a CoStar. Federico Marchetti, ex-chefe bash grupo de ecommerce de luxo Yoox Net-a-Porter, deixa um conselho a quem vende para os ricos: eles não gostam de se sentir enganados.

As empresas de turismo de luxo podem aprender não apenas com os erros, mas também com os acertos das marcas de moda. Uma delas se destaca mesmo em meio à queda das vendas bash setor: a Hermès. A casa parisiense, ainda comandada pela família fundadora, adota uma visão de longo prazo —produz em pequena escala, eleva preços de forma modesta e preserva sua aura de exclusividade.

Alguns hoteleiros seguem essa filosofia. O Rocco Forte Group, dono bash Brown’s Hotel, também é uma empresa familiar, com apenas 15 hotéis. Aumentou tarifas recentemente, mas em linha com os custos. E treina sua equipe para fazer os hóspedes se sentirem especiais.

O porteiro bash Brown’s, por exemplo, cumprimenta os visitantes pelo nome. Num momento em que muitos se perguntam o que "luxo" realmente significa, o toque pessoal talvez seja a resposta.