O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro participa da segunda sessão de interrogatório perante o Supremo Tribunal Federal em Brasília, Brasil, em 10 de junho de 2025.

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Legenda da foto, Imagem de Bolsonaro no STF em 10 de junho, quando Alexandre de Moraes interrogou o ex-presidente e outros cinco réus sobre acusação por tentativa de golpe

Há 14 minutos

Formalmente, eles serão representados por seus advogados, que terão uma hora para apresentar a defesa de seus clientes.

Bolsonaro, contudo, pode escolher ir à corte — assim como os demais réus.

No caso dele, porém, por conta da prisão domiciliar, teria de pedir autorização ao ministro relator, Alexandre de Moraes, conforme o Código Penal.

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente estaria avaliando a possibilidade de ir às sessões, pelo menos no primeiro e no último dia, como tentativa de demonstrar força.

Ele tem conversado com aliados sobre o assunto nos últimos dias, ainda de acordo com a publicação, ponderando fatores políticos, orientações de sua defesa e seu estado de saúde.

O ex-presidente tem tido reiteradas crises de soluço, relatadas por ele inclusive em áudios enviados ao pastor Silas Malafaia e que foram revelados pela Polícia Federal na ocasião do indiciamento de Bolsonaro e de seu filho Eduardo por suposta tentativa de coagir autoridades no âmbito do processo por tentativa de golpe.

O ex-presidente Jair Bolsonaro em sua casa, em prisão domiciliar, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Em 14 de agosto de 2025

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Legenda da foto, Bolsonaro não é obrigado a comparecer à corte ao durante as sessões
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Os oito réus fazem parte do chamado "núcleo crucial" da suposta organização criminosa que, segundo a acusação, teria tentado subverter o resultado das eleições de 2022, vencidas pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todos negam as acusações.

Entre eles, estão três generais do Exército — Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil) — e Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha.

Também são réus Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fez uma delação premiada que embasa parte da acusação.

Como vai ser o julgamento

Conforme o rito detalhado pelo Supremo, a primeira sessão começará com a leitura do relatório por Moraes.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, falará na sequência e terá até duas horas para expor sobre a acusação.

Na sequência entram as defesas, que apresentarão suas sustentações orais por até uma hora. Os advogados de Mauro Cid serão os primeiros a falar, por conta do acordo de delação premiada firmado pelo ex-ajudante de ordens.

As demais defesas se apresentação em ordem alfabética.

Finalizadas as manifestações, chega o momento dos votos.

O primeiro a ser lido é o de Moraes, relator do caso, que deve se manifestar pela condenação ou absolvição dos réus.

Na sequência, os outros quatro ministros que compõem a Primeira Turma, a quem cabe o julgamento, compartilham seus votos em ordem crescente de antiguidade na corte — Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia —, ficando por último o presidente da Turma, Cristiano Zanin.

A decisão se dá pela maioria. Caso haja condenação, Moraes fará uma proposta de fixação das penas, que será votada pelos demais ministros.

Do que Bolsonaro é acusado?

A PGR pediu a condenação de Bolsonaro pelas acusações de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.

A defesa de Bolsonaro afirmou em suas alegações finais ao STF que a acusação é "absurda" e que não há provas que liguem o ex-presidente aos planos para matar autoridades "e muitos menos aos atos de 8 de janeiro", quando apoiadores do presidente invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

"Em momento algum Jair Bolsonaro praticou qualquer conduta que tivesse por finalidade impedir ou dificultar a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo contrário, sempre defendeu e reafirmou a democracia e o Estado de Direito", disse a defesa de Bolsonaro.

Na peça de 197 páginas, a defesa afirma ainda que a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, deve ser anulada, classificando-o como um "delator sem credibilidade".

Se condenado por todos esses crimes, a pena contra o ex-presidente pode superar 40 anos.

O julgamento foi marcado após o processo cumprir etapas obrigatórias, como depoimentos de testemunhas e interrogatórios dos réus.

Bolsonaro aguarda a decisão do STF em prisão domiciliar, decretada no início de agosto por Moraes, após o ministro considerar que ele descumpriu uma medida cautelar que o proibia de se expressar por meio de suas redes sociais e de terceiros.

A defesa de Bolsonaro afirmou ter sido "surpreendida" com o decreto da prisão domiciliar e disse que o ex-presidente "não descumpriu qualquer medida".