O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) do Brasil está desenvolvendo o próprio ChatGPT, o ConversAI Studio, uma iniciativa para criar um sistema de inteligência artificial generativa 100% nacional. O projeto deseja fortalecer a soberania digital do país e permitir que órgãos públicos construam assistentes conversacionais com base em dados oficiais e armazenados no Brasil. Em fase inicial de testes desde setembro, o ConversAI Studio promete ser o “ChatGPT dos órgãos públicos”, mas com diferenças cruciais: os modelos de linguagem rodam dentro da infraestrutura do governo, os dados não saem do território nacional e cada entidade pública pode personalizar seu próprio assistente. A ideia é que servidores e cidadãos possam consultar informações de forma rápida e segura, sem recorrer a sistemas estrangeiros. A seguir, saiba mais sobre a nova IA brasileira.
Novo projeto de inteligência artificial busca reduzir a dependência do Brasil de tecnologias estrangeiras — Foto: Sandra Mastrogiacomo/TechTudo O que é o ConversAI Studio?
ConversAI é uma inteligência artificial do Serpro voltada para órgão governamentais — Foto: Igor Omilaev /Unsplash O ConversAI Studio é uma plataforma de IA generativa desenvolvida pelo Serpro direcionada para órgãos públicos. A ideia é que os servidores tenham chatbots capazes de responder a perguntas baseadas em seus próprios documentos e legislações. Segundo Carlos Rodrigo Fonseca, gestor do Centro de Excelência de IA do Serpro, o nome foi utilizado para brincar com a palavra "Conversa" e o termo "IA", assim sendo lido como "Conversa Aí" pelos usuários, o que referencia a prática de dialogar com o chatbot.
"A ideia é poder subir dados de governo em qualquer contexto específico com soberania. É uma solução construída dentro do Serpro e opera no próprio Serviço, fazendo uso de uma plataforma que a gente chama Serpro LLM. Esse é um repositório de modelos Open Source instalados também no Data Center do Serpro, o que traz soberania de ponta a ponta", explicou Carlos.
Dessa forma, o ConversAI utiliza apenas informações do próprio Serpro para operar. O usuário também pode subir documentos para o chatbot e fazer o cruzamento deles com os arquivos interno do sistema. Isso diferencia o ConversAI de outros modelos, como o ChatGPT, que utilizam bases de conhecimento genéricas para funcionar. Cada instituição governamental alimentará o sistema com normas, regulamentos e dados internos, o que garante que as respostas sejam oficiais, atualizadas e seguras.
Quem controla a IA no mundo - e o que isso muda para o Brasil
Hoje, a maioria das tecnologias de IA usadas no país depende de empresas estrangeiras - como OpenAI, Google, Anthropic ou Meta, o que cria uma dependência tecnológica e econômica. Essa centralização impacta diretamente o Brasil, que precisa pagar por acesso a APIs, depender de legislações externas e confiar dados sensíveis a provedores internacionais.
O ConversAI Studio nasce justamente para reduzir essa dependência. Segundo o Serpro, o objetivo é criar um modelo nacional, em português, treinado com dados produzidos no Brasil e operado dentro da infraestrutura pública. Essa abordagem garante maior controle sobre informações estratégicas, custos previsíveis e segurança jurídica sob a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
"Você consegue subir toda a informação de governo e qualquer conversa de governo com soberania. A informação do governo brasileiro, de qualquer funcionário público, vai estar restrita ao contexto brasileiro. Nada sai do Brasil, nem do Serpro", disse Carlos.
Como será feito o ConversAI Studio?
ConversAI quer trazer soberania para inteligência artificial brasileira — Foto: Reprodução/Freepik (rawpixel.com) O modelo segue uma arquitetura em camadas, com modelos de linguagem (LLMs) Open Source executados em servidores do Serpro, como Gemma do Google, o lhama, da Meta, e GPT-OSS, da OpenAI. Além disso, existem APIs para integração com sistemas públicos e um protocolo chamado Model Context Protocol (MCP), que permitirá a criação de agentes capazes de executar tarefas - como gerar relatórios, preencher formulários e automatizar fluxos internos.
O usuário conseguirá utilizar o ConversAI como um chatbot normal, dialogando com essa base de dados ampla, assim como também pode usar como um banco de dados específico para os serviços governamentais. Assim, os programadores conseguiram baratear o processo de desenvolvimento do modelo ao utilizar recursos já presentes em outros modelos.
Conforme divulgado pelo Serpro, a plataforma será treinada com dados públicos e bases governamentais brasileiras, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O sistema funcionará dentro da infraestrutura da própria estatal, o que significa que todas as informações serão processadas e armazenadas em território nacional. A proposta é garantir mais segurança, transparência e rastreabilidade no uso dos dados.
Em declarações à imprensa, Ronaldo Agra, gerente de IA do Serpro, afiromou que o ConversAI Studio “é uma interface no estilo do ChatGPT, só que utilizando os modelos do Serpro e os dados todos armazenados no Serpro”. Segundo ele, o objetivo é permitir que os órgãos “possam subir suas bases de conhecimento e gerar um assistente para conversar com os documentos, sem que o usuário precise saber qual norma fala sobre determinado assunto”.
O projeto está sendo desenvolvido em etapas:
- Infraestrutura estatal: os modelos de IA open source são executados em data centers do governo, sem envio de informações para provedores externos.
- Parcerias privadas: uma chamada pública vai selecionar empresas para colaborar na criação do modelo de linguagem nacional, com suporte multimodal (texto e imagem) e mais de 10 bilhões de parâmetros.
- Bases de dados oficiais: cada órgão público poderá usar seus próprios documentos e regulamentos como fonte principal de conhecimento.
- Agentes de IA com protocolo MCP: além de responder perguntas, a IA poderá executar tarefas, como gerar documentos ou consultar bases internas.
- Governança e segurança: o projeto segue os princípios do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, com ênfase em privacidade e uso ético de dados.
Com essa estrutura, o ConversAI Studio deve funcionar como uma plataforma modular, em que cada camada — modelo, API, agente e interface — será controlada dentro do ambiente do Serpro.
Quais serão os recursos do ConversAI Studio?
O projeto do Serpro quer ir além do simples chatbot. Os principais diferenciais anunciados incluem:
- Chatbots personalizados por órgão público;
- Técnica RAG (Retrieval-Augmented Generation) para respostas mais precisas;
- Execução de tarefas automatizadas via agentes de IA;
- APIs integradas com sistemas governamentais;
- Interface conversacional estilo ChatGPT, mas segura e isolada;
- Isolamento total de dados entre órgãos;
- Mecanismos de atualização e auditoria contínua.
Essas funcionalidades podem transformar o ConversAI Studio em uma ferramenta estratégica para o serviço público, permitindo que servidores e cidadãos interajam com informações oficiais em linguagem natural.
Quando o ConversAI vai estar disponível?
O sistema já está sendo testado internamente por alguns órgãos federais, como a Receita Federal e o IBGE, segundo o Serpro. A expectativa é expandir o acesso gradualmente a outros ministérios e entidades públicas nos próximos meses. Neste primeiro momento, o ConversAI Studio não estará disponível ao público geral, mas o Serpro avalia liberar versões futuras para governos estaduais e municipais. O uso por empresas privadas ainda não está previsto. De acordo com Fonseca, a primeira iniciativa é que o ConversAI invista no desenvolvimento de modelos menores e especializados em tarefas específicas.
"A outra iniciativa é fazer uma parceria e os requisitos para a construção dessa parceria para fornecer um modelo, um grande modelo de linguagem internado com dados em português. Nesse caminho, cruza com empresas como Maritaca e Amazônia IA, chatbots que fizeram esse tipo de trabalho, ou seja, treinaram um mundo de dados em português em cima de um modelo já concebido e geraram um novo modelo", explicou Carlos.
A iniciativa faz parte de um movimento maior do governo federal para modernizar o uso de IA no setor público e diminuir a dependência de grandes provedores internacionais. O projeto também deve seguir as regras do marco legal de inteligência artificial (PL 2338/2023), que tramita no Congresso.
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1 mês atrás
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