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Caso Hytalo: entenda denúncia de Felca de algoritmo que favorece pedofilia

Influenciador mostrou métodos de comunicação dos comentaristas para trocar material de pedofilia sutilmente. "Você está vendo que eles estão falando 'trade'? Essa palavra trade, em inglês, significa troca. Isso literalmente significa que estão procurando outros pedófilos para trocar conteúdo pornográfico de criança. O movimento que esses pedófilos fazem é abrir um desses perfis que estão pedindo troca, trades, seguir, enviar DM [mensagem direta] e compartilhar esses materiais", afirmou.

Nas áreas de comentários, pedófilos marcam tais vídeos e se comunicam por códigos para trocar conteúdos em apps como o Telegram. Usam por exemplo GIFs porque são mais difíceis de ter seu conteúdo moderado de forma automatizada; a frase "link na bio" para divulgar canais de apps de mensagens para trocarem mais conteúdos nas sombras; ou siglas como "CP, que significa "child porn" (pornô infantil).

Felca deixou claro que as vítimas não tem culpa da exploração e trouxe psicóloga ao vídeo para analisar a questão. Ana Beatriz Chamati, apresentada no conteúdo como especialista em infância, adolescência e parentalidade, abordou não apenas os casos de abuso como os de crianças expostas a mais de 10 horas diárias na web ou que já aparecem em vídeos.

[AVISO: CONTÉM CONTEÚDO SENSÍVEL]

Youtuber Hytalo Santos foi o principal alvo do vídeo. O paraibano passou a ser investigado pelo Ministério Público da Paraíba por suposta exploração de menores, como a dançarina conhecida como Kamylinha. Após a publicação do vídeo, perfis de Hytalo e Kamylinha no Instagram foram derrubados.

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A Justiça da Paraíba concedeu na terça-feira uma liminar suspendendo todos os perfis de redes sociais de Hytalo Santos. A decisão foi tomada a partir de pedido do MP-PB (Ministério Público da Paraíba). Além disso, a Justiça determinou a interrupção da monetização das páginas, o afastamento imediato e a proibição de qualquer tipo de contato com os adolescentes que viviam com ele.

Em nota encaminhada à CNN, Hytalo repudiou as acusações de exploração. "Minha trajetória pessoal e profissional sempre foi guiada pelo compromisso inabalável com a proteção de crianças e adolescentes", disse à emissora ontem.

Felca é um popular criador de conteúdo e youtuber. Atualmente ele acumula mais de 6 milhões de inscritos em seu principal canal no YouTube. Ele se destacou por vídeos de humor, paródias e críticas bem-humoradas sobre comportamento e situações do cotidiano, conquistando grande alcance nas plataformas.

A repercussão

Denúncia de Felca une direita e esquerda no Congresso. Deputados e senadores de siglas como PT, PSOL, União, PL, PDT e MDB apresentaram em dois dias mais de 30 projetos de lei relacionados à proteção de crianças nas redes. Segundo o site da Câmara, as iniciativas incluem restrições à monetização de vídeos, fotos e transmissões ao vivo com participação de menores e regras para atuação artística de crianças e adolescentes no meio digital.

Câmara criou grupo para unificar propostas sobre adultização. Entre as ideias discutidas estão a tipificação da prática como conduta proibida e a responsabilização direta das plataformas pela circulação desse tipo de conteúdo.

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Parlamentares pedem CPI para investigar exposição infantil. Representantes defendem que a investigação tenha caráter técnico e envolva especialistas.

Governo Lula anuncia projeto para regular big techs no Brasil. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a proposta vai responsabilizar judicialmente empresas que hospedem ou monetizem conteúdos que violem direitos de crianças e adolescentes.

O que é adultização e o que diz o ECA

Adultização impõe comportamentos, roupas ou papéis de adultos a crianças. Especialistas alertam que essa prática pode comprometer o desenvolvimento físico, emocional e psicológico de crianças e adolescentes.

No ambiente digital, adultização está ligada à hipersexualização precoce e à exploração comercial. A divulgação desse tipo de conteúdo expõe crianças a riscos de violência e abusos, além de perpetuar padrões prejudiciais.

ECA garante proteção contra exposição de crianças e adolescentes. O artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe qualquer forma de negligência, exploração ou violência; o artigo 17 garante respeito e preservação da imagem; e o artigo 18 obriga a proteção contra constrangimento.

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Base legal serve para ações e investigações sobre exposição indevida. Esses dispositivos permitem responsabilizar judicialmente quem produz, divulga ou se beneficia desse tipo de material.

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