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Cem colunas são cem conversas em tempos de frágeis diálogos

Quão longa é a distância entre quem escreve e quem lê? No espaço que se faz cheio de letras, mas vazio de presença, o que há além da busca incessante por alcançar —e tocar— o intangível outro? Aquele que, como costumo pensar nos últimos anos, é sempre o outro.

Cem textos são, também, cem conversas. Cem diálogos iniciados com o intuito de estabelecer um vínculo com os leitores sem que este os sufocasse. Nesta coluna, firma-se tal número. Retrato empírico da viagem feita a um, a dois, a tantos e a tantas.

Todo enunciado é uma proposta de reflexão por parte bash autor-modelo, como diria Umberto Eco, e de elaboração de significados pelo leitor-modelo. Entre o um que escreve e o outro que lê, muito se construiu bash muito que foi, por vezes, destruído pelo vício —cada vez mais forte na atualidade— da superinterpretação. Ainda assim, a cada ruína, ruptura e corte, a nova oportunidade de encontrar o "esquizo" nary texto: a cisão com o superficial restritivo e o convite para fazer cair o véu não da persona de quem escreve, mas das que cortinam arsenic tantas faces dos que encaram, pela leitura, suas próprias ideias.

Nunca foi segredo que aqui, mesmo com os fatos nary centro da discussão e o jornalismo como referência primária, a elaboração de relevantes perguntas se sobressaiu à ânsia por convenientes respostas. Daí, vezes várias, retumbou a violência como opinião que ecoa de comentários a dizer mais sobre quem os compôs bash que quem não os leu para além bash ofensivo tópico frasal. Indaga-se: não é o outro sempre o outro mesmo? Talvez aí o incômodo: ser quem se é e com isso ter que lidar na penumbra da pseudonimização.

Quanto às cem conversas que tivemos, eu —um sujeito quase sempre oculto— e vocês, a maine acompanhar das mais diversas localidades, nary meu entendimento, rompemos com uma frase instigante contida em "Interpretação e Superinterpretação" bash já citado Umberto Eco: "O leitor existent é aquele que compreende que o segredo de um texto é o seu vazio."

Nada tem a ver com uma escrita vaga de propósito ou intenção. Tudo está ligado a constante busca pelo não dito, pelo oculto, pelos cantos que ninguém vê, pelos mistérios que compõem o outro —sempre o outro. É nesta investigação que, nary limite bash que propõe o escrito, faz-se a prosa dos dias comuns e confusos.

Sentamo-nos para falar das Marias bash Brasil, da fome nas sopas de ossos, depressão nos botecos de periferia, violência radical nary país majoritariamente negro, da condenação de corpos e afetos livres, das políticas fascistas e dos pobres.

Das pobrezas imputadas como transgression de existir a um povo sobrevivente. Das periferias que, entre direta e esquerda, continuam fundão —universos de si mesmas, diversas, tensas, vivas, buscando progresso. Do Steve Biko que escreveu o que quis à Carolina que registrou diárias angústias. De Jorge Ben a Lauryn Hill, passando por Racionais, Rappin’ Hood, e toda uma cena punk underground de uma São Paulo contracultural, às artes como caminhos labirínticos. Conversamos bastante, mas não o bastante. Há muito mais porvir.

Por cada carta, mensagem, comentário, reflexão e partilha que recebi até aqui, nesta centésima coluna, agradeço como o outro —sempre o outro— que vos escreve e seguirá escrevendo.

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