Se em meados de dezembro a agremiação alcançava meros 3% das intenções de voto, dois meses depois o resultado dobrou, variando entre 6% e 7%, dependendo do levantamento.
Pode parecer pouco, mas é decisivo: na Alemanha, um partido só tem bancada no Parlamento se obtiver mais de 5% dos votos.
Às vésperas da eleição, há fortes sinais de que a sigla terá uma bancada parlamentar. Algo em que quase ninguém mais acreditava, depois de uma série de derrotas, incluindo as eleições europeias e as três eleições estaduais alemãs de 2024.
Candidata jovem e carismática
Frescor, carisma, otimismo: Heidi Reichinnek incorpora muito daquilo que faltou ao partido A Esquerda nos anos mais recentes — Foto: Jens Krick/Flashpic/picture alliance
Entre os poucos que jamais perderam a confiança no partido está Heidi Reichinnek, que, ao lado de Jan van Aken, forma a dupla de candidatos esquerdistas cabeça de chapa na eleição para o Bundestag.
Mas sua característica mais marcante é a forte presença nas redes sociais: ela tem mais de meio milhão de seguidores no TikTok. Suas postagens alcançam um público predominantemente jovem, que até há pouco achava A Esquerda um partido sonolento e ultrapassado.
Para Reichinnek estava claro como mudar essa má imagem: com uma ofensiva nas redes sociais. Ela já havia anunciado isso em março de 2024 para os poucos jornalistas que então ainda se interessavam pela sigla.
Em outubro de 2023, uma ala em torno da ex-líder de bancada Sahra Wagenknecht havia deixado o partido para fundar o seu próprio, a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW).
Depois, vieram ainda as três derrotas nos estados da Saxônia, da Turíngia e de Brandemburgo – estados do Leste Alemão que historicamente sempre deram bons resultados ao partido, em parte originário do antigo partido comunista da Alemanha Oriental.
A Turíngia é o único estado em que A Esquerda elegeu um governador, Bodo Ramelow, o qual permaneceu no cargo por dez anos, ou dois mandatos, com uma pequena interrupção de algumas semanas.
Diante dos maus resultados, a liderança partidária anunciou sua renúncia, deixando para outros a tarefa de tentar reverter essa tendência descendente sem precedentes.
Oportunidade com o fim da coalizão de governo
Olaf Scholz, chanceler alemão, vai perder cargo com a dissolução do governo — Foto: Lisi Niesner/Reuters
Ninguém dentro da sigla tinha uma concepção. Ao fim, a reviravolta repentina resultou de uma combinação da renovação no comando e da estratégia eleitoral, com uma inesperada ajuda do destino.
Na campanha eleitoral, o partido optou por priorizar questões que preocupam muitos cidadãos e que, em meio ao debate sobre a imigração, foram deixadas de lado pelos demais concorrentes: moradia e pobreza.
São temas que preocupam principalmente os jovens alemães. Muitos estudam em escolas com condições precárias ou em universidades superlotadas, e penam com o constante aumento dos aluguéis nas grandes cidades e centros universitários.
A esses temores somam-se ainda os causados pela mudança climática e pela guerra na Ucrânia. A Esquerda parece ter acertado em cheio nas preocupações desse grupo, com propostas eleitorais como um teto máximo para os aluguéis, um salário mínimo mais alto e o imposto sobre fortunas.
Mais votado entre os menores de 18 anos
O chanceler do Partido Social Democrata (SPD), Olaf Scholz , o ministro alemão da Economia e do Clima, Robert Habeck, o candidato conservador a chanceler e líder do partido União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, e a colíder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, comparecem ao programa de TV 'Quadrell' da RTL e NTV em Berlim — Foto: Kay Nietfeld/Pool via REUTERS
E os vídeos de Reichinnek no TikTok parecem ser o meio certo para atingir esse público. Um sinal disso é foi A Esquerda ser o partido mais votado, com quase 21% dos votos, numa eleição simulada pelo Deutscher Bundesjugendring, uma associação de organizações juvenis que representa os interesses desse público perante governos.
Na iniciativa que fomenta a educação política, mais de 166 mil jovens depositaram seu voto em 1.800 postos por toda a Alemanha. Apenas menores de 18 podiam participar. Mesmo que não se trate de uma pesquisa representativa, o resultado chama a atenção pelo contraste com as consultas de intenção de voto, e indica que A Esquerda tem uma forte aceitação entre esse público.
Ele aproveitou para destacar o ingresso "sem precedentes” de novos filiados: somente desde a convenção partidária de janeiro, foram mais de 20 mil, totalizando agora o recorde de 81 mil membros. Os novos filiados têm em média 28 anos, reduzindo a idade média para 43.
Durante a campanha eleitoral, até meados de fevereiro os correligionários bateram em mais de meio milhão de portas, relatou a copresidente Ines Schwerdtner.

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8 meses atrás
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