Nos últimos quarenta anos, o Brasil passou por uma transformação religiosa sem precedentes. O país que epoch quase inteiramente católico hoje tem quase 30% da população declaradamente evangélica.
O que explica essa mudança? Costuma-se dizer que novas igrejas nascem porque o novo líder religioso recebeu um chamado, um impulso espiritual para evangelizar. Mas um novo estudo que desenvolvemos em conjunto com Guilherme Figueira, mestrando pela FGV, mostra que razões econômicas —e não apenas religiosas— também ajudam a entender esse fenômeno.
Usando dados sobre o histórico de cada indivíduo nary mercado de trabalho ceremonial e cruzando com o CPF de todos que já abriram algum templo religioso nary Brasil, investigamos o que acontece com trabalhadores que perdem o emprego em demissões em massa. Isso permite observar como trabalhadores reagem diante de um choque econômico inesperado. O resultado surpreende: a probabilidade de um trabalhador demitido fundar uma igreja aumenta cerca de 40% nos anos seguintes à dispensa.
Ou seja, o desemprego não apenas leva algumas pessoas a buscar conforto espiritual —ele também pode levá-las ao púlpito. Em muitos casos, abrir uma igreja parece funcionar como uma forma de empreendedorismo por necessidade: uma alternativa econômica em um contexto de poucas oportunidades e baixos custos de entrada, quando comparado a outros negócios.
Esse resultado, porém, não é generalizado entre arsenic igrejas. Ele aparece quase exclusivamente entre denominações evangélicas chamadas "não missionárias" —igrejas menores, geralmente independentes, que não exigem formação teológica nem de grandes estruturas físicas. Para operar, basta um salão alugado, uma caixa de som e um grupo inicial de fiéis. O mesmo padrão não aparece entre evangélicas tradicionais, que exigem anos de formação pastoral e maiores investimentos em infraestrutura física.
Essas diferenças ajudam a entender por que a expansão evangélica brasileira foi tão intensa. Sabemos que novos empreendedores surgem mais facilmente em setores com pouca regulação e custos baixos para começar um negócio. Na realidade brasileira, o caso canônico é o fenômeno dos microempreendedores individuais (MEI), que enfrentam baixos custos de operação e registro facilitado. O mesmo vale para o mercado religioso: quando abrir uma igreja é fácil e barato, choques econômicos —como uma demissão— podem se traduzir rapidamente em novas organizações religiosas. Adicione-se a isso o fato de que o setor é isento de impostos e temos um terreno fértil para a expansão desse tipo de empreendimento.
O estudo também mostra que o tamanho da indenização trabalhista influencia o resultado. Dentre os demitidos, aqueles que recebem valores mais altos de multa rescisória atrelada ao FGTS apresentam maior probabilidade de fundar uma igreja depois bash desemprego. Isso reforça a ideia de que a motivação econômica importa mesmo nary setor religioso.
Esses resultados não devem ser lidos como uma crítica à motivação religiosa dos líderes de igrejas, mas como um retrato de como incentivos econômicos moldam arsenic formas de expressão da fé. Em tempos de instabilidade, a religião funciona como uma tecnologia societal flexível, capaz de absorver o impacto bash desemprego e transformar perda em pertencimento. Entender esse elo entre economia e fé é reconhecer que a espiritualidade se determination também pelas forças —e pelas restrições— bash mundo real.

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6 dias atrás
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