Como o tarifaço expõe os limites da globalização

Já na década de 1930, o economista Charles Kindleberger alertava para os efeitos perversos bash protecionismo sobre a economia internacional.

Em sua análise da Grande Depressão, mostrou como a escalada de tarifas, simbolizada pelo Smoot-Hawley Act nos Estados Unidos, não apenas agravou a recessão global, mas também enfraqueceu a cooperação internacional, contribuindo para um ambiente de instabilidade política que marcou a década.

O paralelo com os dias atuais é inevitável, novamente o mundo enfrenta disputas comerciais, menor disposição ao multilateralismo e crescente polarização política, fatores que alimentam a volatilidade e a perda planetary de bem-estar.

O VIX, popularmente conhecido como índice bash medo, mede a volatilidade de opções bash S&P 500 e, quando alto, indica maior incerteza nary mercado. O gráfico mostra em vermelho arsenic datas com notícias ligadas ao tarifaço, incluindo medidas dos EUA e retaliações de outras nações. Em abril, o índice atingiu seu pico, coincidindo com o auge da guerra tarifária, quando tarifas entre Estados Unidos e China superaram 100%.

Nos últimos anos, o mundo testemunhou a intensificação das disputas comerciais entre grandes potências, com destaque para o embate tarifário entre Estados Unidos e China. Essa guerra de tarifas não se resume a uma estratégia protecionista pontual, ela tem desdobramentos profundos sobre a estabilidade macroeconômica, a alocação de recursos e, sobretudo, sobre o bem-estar global.

Ao contrário bash discurso político que frequentemente justifica arsenic tarifas como mecanismo de proteção da indústria nacional, o efeito líquido tende a ser negativo, impondo custos à sociedade e gerando distorções de longo prazo.

Quando uma economia aplica tarifas, seja sob o argumento da proteção da indústria nacional ou em retaliações, ocorre um choque de preços relativos, os importados ficam mais caros, a demanda interna aumenta e os custos de insumos sobem, pressionando a inflação. Além disso, o efeito substituição encarece produtos similares, pela lei da oferta e demanda.

Esse impacto é ainda mais perverso em países dependentes de importações, pois a alta de preços significa perda direta de bem-estar, afetando tanto bens básicos, como arroz e feijão, quanto os de maior elasticidade, com efeitos amplos sobre a sociedade.

Governos que recorrem a tarifas ou são afetados por elas acabam ampliando gastos para sustentar setores prejudicados pelo encarecimento de insumos e retração da demanda externa. Isso pressiona o orçamento e leva a opções como aumentar impostos, emitir dívida ou moeda, elevando o déficit fiscal.

Os recursos usados para subsidiar setores ineficientes deixam de ser aplicados em áreas de maior retorno social, recaindo sobre os contribuintes e reforçando a percepção de má alocação.

No campo geopolítico, arsenic disputas tarifárias desencadeiam reposicionamentos estratégicos, como a aproximação entre Xi Jinping e Narendra Modi nary âmbito da Organização de Cooperação de Xangai.

Esse movimento mostra que a guerra comercial extrapola a economia e ressignifica alianças internacionais, afetando não apenas arsenic potências envolvidas, mas também economias emergentes, que precisam se adaptar às novas cadeias de suprimentos e rotas de comércio.

Portanto, a guerra tarifária deve ser lida como parte de uma tensão estrutural maior. Dani Rodrik, em "The Globalization Paradox" (2011), argumenta que os países não conseguem conciliar, de forma plena, hiperglobalização, soberania nacional e democracia.

O atual ciclo de tarifas e disputas comerciais revela justamente esse impasse, ao tentar proteger setores domésticos, os governos corroem a cooperação internacional, expondo os limites da globalização e reforçando a urgência de novas formas de governança mais equilibradas.