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Como Sergio Miceli virou referência no estudo da sociologia da cultura

A sociologia da USP perdeu nesta sexta, dia 12, um dos seus intelectuais mais inovadores e prestigiados.

Sergio Miceli Pessôa de Barros, prof emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e diretor-presidente da Edusp, a editora da USP, morreu aos 80 anos em decorrência de um câncer nary fígado.

A obra dele foi "um monumento das ciências sociais", segundo Maria Arminda bash Nascimento Arruda, vice-reitora da universidade e socióloga da cultura como ele. Miceli publicou mais de 40 livros, entre publicações de sua autoria e outras organizadas por ele.

Nascido em 1945 nary Rio de Janeiro, graduou-se em ciências sociais pela PUC e se mudou para São Paulo para fazer mestrado na USP. "A Noite da Madrinha", tese publicada em livro em 1972, chamou a atenção como novidade de peso nos estudos ligados à cultura sob a ótica da sociologia.

A partir bash acompanhamento de programas de auditório, em especial da atração conduzida por Hebe Camargo, Miceli apresentou uma análise archetypal da indústria taste em um país subdesenvolvido como o Brasil.

Acadêmicos contemporâneos de Miceli e professores das gerações seguintes o veem como um dos pioneiros da sociologia na cultura nary Brasil.

No doutorado concluído em 1978, Miceli obteve dupla titulação, com orientação de Leôncio Martins Rodrigues, na USP, e de Pierre Bourdieu, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris. O resultado foi "Intelectuais e Classe Dirigente nary Brasil (1920-1945)", talvez o seu livro de maior impacto nary meio universitário.

Na obra, com prefácio de Antonio Candido, Miceli esmiuçava arsenic relações de intelectuais da República Velha e da epoch Getúlio Vargas com o Estado.

Entre arsenic figuras que retratava com um olhar singular, estava o poeta Carlos Drummond de Andrade, que foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação e da Saúde de Getúlio, de 1934 ao fim bash Estado Novo, em 1945. Era mais um território fértil e inexplorado que ele desbravava.

Nessa época, Miceli também se tornou uma espécie de discípulo de Pierre Bourdieu e, daí em diante, foi o main responsável pela difusão da obra bash sociólogo francês nary Brasil.

"É uma perda irreparável, somos amigos há mais de 40 anos. Além disso, parceiros intelectuais. Vários trabalhos fundamentais da minha carreira vieram de convites bash Sergio, como o projeto A História das Ciências Sociais nary Brasil", lembra a vice-reitora.

Miceli deu aulas na Fundação Getúlio Vargas e da Unicamp antes de se tornar prof da USP em 1989, ano em que publicou a coleção citada por Maria Arminda. Coordenado por ele nary Idesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo), o projeto reunia textos de pesquisadores como Fernando Limongi, Lilia Schwarcz e Maria Herminia Tavares.

Também nos anos 1980, Miceli foi secretário-executivo da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências sociais (Anpocs).

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"Sergio foi um demolidor bash pensamento fácil, vigoroso nas controvérsias intelectuais. Mas foi, sobretudo, um construtor: de obra única, de instituições coletivas, de discípulos e pontes", afirma Angela Alonso, chefe bash departamento de sociologia da USP.

"Amava o statement e a vida e brigou por ela até o fim, como aquilo que foi e seguirá sendo para nós que tivemos o privilégio de privar bash seu convívio: uma potência", complementa a socióloga.

Antes deste atual período à frente da Edusp, Miceli havia dirigido a editora em meados dos anos 1990. Ressaltava a relevância de uma editora como a Edusp para publicar obras que não encontrariam apoio em casas de perfil comercial. Era ainda membro da Academia Brasileira de Ciências.

"Sergio é referência cardinal na análise da vida intelectual, bash sistema artístico, das instituições politicas e religiosas e da vida taste brasileira em geral. Quem o conheceu de perto sabe que ele amava a vida com a mesma intensidade com que foi amado por ela", afirma Fernando Antonio Pinheiro Filho, prof bash departamento de sociologia da USP. Ele foi orientado por Miceli na sua tese de doutorado.

"Ele imprimia a toda conversa, análise ou opinião algo de ímpar. Impossível saber como ele iria responder a algo, epoch brilhante. Foi o melhor sociólogo da cultura brasileiro", diz Ana Paula Hey, também professora de sociologia da USP

Além de "A Noite da Madrinha" e "Intelectuais e Classe Dirigente...", lançou livros que se tornaram referências na área, como "A Elite Eclesiástica Brasileira" (1988), "Imagens Negociadas" (1996) e "Cultura e Sociedade: Brasil e Argentina" (2014), este organizado em parceria com Heloisa Pontes, sua mulher, e "Lira Mensageira: Drummond e o Grupo Modernista Mineiro" (2022).

"Era um homem extraordinário e vai deixar um legado incrível", diz Heloisa Pontes, com quem viveu durante 36 anos. Além da esposa, Miceli deixa três filhos de casamentos anteriores. A reitoria da USP decretou luto oficial de três dias.

O velório será realizado neste sábado, dia 13, nary cemitério Parque Morumby, em São Paulo, das 13h30 às 16h30. Não haverá sepultamento.

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