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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) lançar uma nova leva de Contratos com Opção de Venda (COV) ainda neste ano para auxiliar os produtores de arroz a desafogarem as contas neste ano. A medida deverá estar na mesa de negociações da reunião interministerial encaminhada para a próxima semana, em Brasília, com a participação das entidades do setor.
O alinhamento aconteceu nesta sexta-feira, durante encontro de lideranças da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz) e da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) com o presidente da Conab, Edegar Pretto, em Porto Alegre. O movimento sinaliza a aproximação entre arrozeiros e o governo federal, que há pouco mais de dois meses divergiram sobre os valores estabelecidos pela União.
A ideia é trabalhar a viabilidade da realização de novos contratos com opção de venda ainda para 2025, confirmaram o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, e o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Arnoldo de Campos. Na primeira rodada, quando o governo disponibilizou R$ 1 bilhão para a compra de 500 mil toneladas do cereal por valores 20% acima do preço mínimo de R$ 63,64 a saca de 50 quilos, a adesão dos produtores foi baixa. Apenas 91 mil toneladas foram negociadas, com R$ 162 milhões, com opção de venda para agosto.
No final de março, a Conab anunciou a antecipação dos COV para o mês de maio. À época, os arrozeiros reclamaram, já que os preços no mercado estavam acima do mínimo, mas abaixo do oferecido pelo governo. A estatal, porém, alertava para a iminência de uma queda ainda maior nas cotações, o que acabou se confirmando.
Agora, materializado um grande excedente na safra do Mercosul e a entrada da Índia no mercado para venda, os preços despencaram para valores abaixo de R$ 70,00 a saca de 50 quilos. Conforme a Federarroz, os custos de produção variam entre R$ 80,00 e R$ 90,00.
Nesse contexto, os produtores pediram que o governo considerasse lançar uma nova leva de contratos de opção, sinalizando a percepção de que a alternativa se mostra viável neste momento para segurar os preços. O presidente da Conab observou que há recursos para isso, mas o montante teria de sair do mesmo pacote que irá operacionalizar as Aquisições do Governo Federal (AGF) para outras culturas cujos preços descerem abaixo do mínimo.
"Para este ano, não é impossível. Mas não quer dizer que vá acontecer", despistou Pretto, sem revelar a quantidade de recursos que o governo ainda teria para uma nova etapa dos COV.
Na prática, essa deve ser a primeira aposta do governo, que não quer deixar um sinal ruim aos agricultores e desestimular o plantio, com uma grande desvalorização do produto. A Conab, produtores e indústrias verbalizaram também que precisam trabalhar juntos e que não há interesse em preços muito altos nem muito baixos. É preciso alcançar o equilíbrio para permitir o acesso ao consumidor e remunerar a atividade, sem colocar em risco uma produção capaz de atender a demanda.
O presidente da Federarroz explicou que há preocupação com a baixa nos preços e na liquidez do cereal. Com exportações abaixo do projetado até este momento do ano e o varejo comprando , da mão para a boca, as indústrias também reduzem o ritmo.
"Se aproximam os vencimentos dos contratos (de custeio), nos meses de junho e julho. Precisamos de medidas urgentes e do apoio do governo. (...) Paralelamente, estudamos alternativas de acesso ao crédito. Mas hoje foi um começo, para construir em conjunto. Há dificuldade também da indústria. Precisamos que o varejo volte a comprar".
Recém empossado no comando da Abiarroz, Renato Franzner foi cauteloso na análise e projetou que o fluxo de compras pelo comércio varejista seja normalizado em um mês.
"Fazemos a ponte entre o produtor e o varejo. Quando há expectativa de safra maior, todos seguram as compras para ajustar estoques enquanto os preços se acomodam. Desta vez foi um processo mais longo, porque os preços estavam acima da média. Mas acredito que em 30 dias o varejo deverá voltar à normalidade".
Segundo o dirigente, os produtores em todo o Mercosul foram motivados a aplicar mais tecnologia e aumentar área. E a produção respondeu.
"Há um volume maior que o normal, pela demanda e o mercado externo em que o Mercosul se encontra. Temos o desafio de dar um 'up' no preço atual. É importante a sensibilidade do governo pra criar instrumento pra reter um pouco do produto, para o mercado voltar a um patamar sustentável para a cadeia. Não é interesse da indústria trabalhar com preços muito depreciados. Também temos dificuldade quando caem muito. E quando estão muito acima, igualmente".
A Abiarroz, que mantém há cerca de 10 anos um programa em parceria com a Apex-Brasil para buscar mercados com vista ao desenvolvimento e à sustentabilidade da lavoura e da cadeia, esteve recentemente em missão na China. E já se programa para ir à Nigéria, além de feiras ao redor do mundo por novos mercados.
"Não é um processo imediato. Mas é importante a abertura de mercados, para não diminuir a área de lavoura. A economia toda perde", afirmou Franzner.
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