Conclave: entenda o final explicado do filme aclamado

O cardeal Thomas Lawrence está pronto para se aposentar, porém, o Papa em exercício morre e ele acaba recebendo a difícil missão de administrar o Conclave — uma cerimônia tradicional da igreja Católica para eleger o próximo Pontífice. Quando um grande grupo de sacerdotes chega, de todos os lugares do mundo, o cardeal acaba desmascarando grandes esquemas e segredos da instituição. Agora, a reputação da própria igreja está em risco.

Conclave é protagonizado por Ralph Fiennes, que dá vida ao cardeal Lawrence. Mas o elenco do filme conta com outros nomes de peso como Stanley Tucci, John Lithgow (Dexter) e Isabella Rossellini como o cardeal Aldo Bellini, o cardeal Joseph Tremblay e a Irmã Agnes. Outros destaques vão para Carlos Diehz (The Vegan Vampire), Lucas Msamati (Hostage) e Sergio Castellitto (Não se Mova) como os cardeais Vicent Benitez, Joshua Adeyemi e Goffredo Tedesco.

Após a estreia, Conclave foi aclamado pela crítica e pelo público. No IMDb, o longa tem média de 7.4 pontos. Além disso, no Rotten Tomatoes é aprovado por 86% da audiência e 93% dos especialistas — adquirindo selo Fresco da plataforma. O longa de Edward Berger também concorreu a oito categorias no Oscar de 2025, incluindo Melhor Filme. O título acabou levando para casa o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, graças ao trabalho de Peter Straughan.

O filme Conclave retrata o processo de eleição do próximo Papa, um ritual marcado por sigilo e tradição. A cerimônia acontece a portas fechadas, sem qualquer contato dos cardeais com o mundo exterior — não à toa, o termo "conclave" vem do latim clavis, que significa "fechado à chave". Esse isolamento desperta ainda mais curiosidade sobre os bastidores da escolha papal. Embora baseado em extensa pesquisa e em procedimentos reais do Vaticano, o filme apresenta personagens fictícios, como cardeais e padres criados especialmente para a narrativa.

Durante o conclave, quatro nomes surgem como os principais candidatos ao papado: o progressista norte-americano Aldo Bellini, o tradicionalista italiano Goffredo Tedesco, o conservador nigeriano Adeyemi e o moderado canadense Tremblay. Tudo muda com a chegada inesperada do arcebispo Vincent Benítez, que aparece no Vaticano e se apresenta como um novo candidato ao cargo.

Com o passar dos dias, segredos obscuros começam a vir à tona. Inicialmente, o cardeal Lawrence, responsável por conduzir o conclave, descobre que Benítez tinha consultas médicas secretas agendadas na Suíça. Ao mesmo tempo, um informante o alerta de que Tremblay teria sido removido de seu cargo pelo próprio Papa antes de sua morte — fato que o canadense nega.

Ao investigar, Lawrence confirma que Tremblay realmente teve sua renúncia solicitada. No quarto do Papa falecido, ele encontra documentos que comprovam que Tremblay comprou votos de vários cardeais para garantir sua eleição. A situação piora quando a irmã Agnes revela que Tremblay também participou de um esquema para prejudicar outro candidato: o cardeal Adeyemi.

No caso de Adeyemi, rumores começam a circular após ele ser visto discutindo com uma jovem chamada irmã Shanumi, no refeitório do Vaticano. Confrontado por Lawrence, o cardeal nigeriano admite ter mantido relações sexuais com a jovem quando ela ainda era menor de idade — relação da qual nasceu um filho. A presença de Shanumi, como se descobre depois, foi arquitetada por Tremblay para destruir a reputação de Adeyemi. Os boatos se espalham rapidamente e inviabilizam sua candidatura.

Com os escândalos envolvendo Tremblay e Adeyemi, Bellini e Lawrence discutem sobre qual direção seguir. Lawrence se recusa a aceitar as manobras de Tremblay. Bellini, já fora da corrida, sugere que talvez o próprio Lawrence devesse se candidatar, como uma alternativa menos comprometida.

É nesse momento que ocorrem novas reviravoltas. Um atentado terrorista abala a Itália, nas proximidades do conclave, provocando um intenso debate entre os cardeais. Tedesco defende uma resposta rígida da Igreja. Benítez, por sua vez, compartilha sua experiência no Afeganistão e afirma que o ciclo da violência não é o caminho — sua fala emociona os presentes e muda o rumo da votação. No escrutínio seguinte, ele é eleito Papa.

Lawrence se mostra satisfeito com a escolha e Benítez adota o nome de Papa Inocêncio. Após a eleição, Lawrence o questiona sobre as misteriosas consultas médicas na Suíça, que nunca chegaram a ser realizadas. É então que o novo Papa revela seu segredo: durante uma cirurgia de apendicite, descobriu que é uma pessoa intersexo — possuindo pênis, útero e ovários. O Papa anterior sabia de sua condição e havia marcado as consultas para a remoção dos órgãos reprodutivos femininos, mas Benítez recusou. Para ele, aquele era o corpo que Deus lhe deu, e deveria ser respeitado como tal.

O Vincent Benítez é um cardeal mexicano que, até então, era desconhecido pelos demais candidatos ao papado. Sua nomeação foi realizada in pectore, um procedimento sigiloso em que o Papa nomeia um cardeal sem divulgar publicamente seu nome — geralmente por motivos de segurança.

Benítez atuava como arcebispo em Cabul, capital do Afeganistão, um páis em guerra e majoritariamente muçulmano. Isso leva o cardeal Lawrence a acreditar que o sigilo em torno de sua nomeação visava protegê-lo. Com o início do Conclave, Benítez finalmente se apresenta ao Vaticano para participar da eleição do novo Papa.

O filme Conclave é uma adaptação bastante fiel do livro de Robert Harris. Ao final da história, Benítez é de fato eleito o novo Papa e revela a Lawrence que é uma pessoa intersexo. No entanto, a forma como essa descoberta ocorre é diferente. Na adaptação para o cinema, Benítez conta que seus órgãos reprodutivos femininos foram identificados durante uma cirurgia de apendicite. Já no livro, essa revelação acontece após ele ser examinado ao se ferir em um bombardeio no Iraque.

Não. Como mencionado anteriormente, Conclave apenas se baseia em diversos fatos reais. O processo de eleição do próximo Papa é retratado de forma bastante fiel à realidade. Além disso, o filme aborda temas atuais e relevantes, como o terrorismo e a divisão interna da Igreja entre alas mais progressistas e conservadoras — uma tensão real dentro do Vaticano.

Esses elementos são representados por personagens fictícios, mas claramente inspirados em situações e figuras reais. Outro aspecto verossímil são as denúncias de corrupção, compra de votos e até mesmo os relacionamentos amorosos proibidos entre membros do clero, todos temas que já foram alvo de investigação e escândalos na vida real.

O final de Conclave pode ser interpretado de maneira ainda mais profunda. A eleição de Benítez, contrastando com a queda de diversos cardeais considerados "ideais", revela a complexidade da natureza humana — uma complexidade que também se reflete na própria estrutura da Igreja. Cada candidato carrega suas próprias limitações e contradições, à luz dos valores católicos.

Além disso, o filme evidencia como a busca por poder muitas vezes se sobrepõe às responsabilidades religiosas dos cardeais. Assim, Conclave vai além de uma crítica à Igreja Católica e seus fiéis, oferecendo uma reflexão mais ampla sobre a condição humana e as contradições da sociedade como um todo.

Conclave está disponível no catálogo do Amazon Prime Video. Também é possível alugar o longa em streamings como Apple TV+, Google Play Filmes e Youtube.

Conclave tem tudo o que se pode esperar de um filme de sucesso. Reviravoltas, intrigas e críticas pertinentes à sociedade — nesse caso específico à Igreja Católica. O longa combina um roteiro perspicaz com uma fotografia fenomenal, adicionando camadas à história através de imagens cotidianas, como os sacerdotes fumando em grupo antes do início do Conclave.

Além disso, os inúmeros acontecimentos — de descobertas de corrupção à ataques terroristas — são bem amarrados, sem deixar o enredo confuso ou exagerado. Ao todo, são duas horas que passam voando, tornando o filme, na minha opinião, um clássico instantâneo. Por isso, se você ainda não assistiu, vale muito conferir Conclave.

Existem alguns filmes que podem agradar a quem gostou de Conclave. Um deles é Temos Papa (2011), que também se passa durante um conclave. No entanto, o cardeal escolhido enfrenta crises de ansiedade e precisa de apoio psicológico para aceitar o novo papel. Outra sugestão é Fé Corrompida (2017), que acompanha um padre atormentado que descobre esquemas dentro da Igreja, colocando sua própria fé à prova.

Spotlight (2015), vencedor do Oscar de Melhor Filme, retrata a investigação jornalística real que revelou um dos maiores escândalos da Igreja Católica, envolvendo crimes de pedofilia. Ainda dentro da temática papal, vale conferir Dois Papas (2019), que dramatiza o encontro histórico entre Bento XVI e Francisco, e O Sequestro do Papa (2023), baseado no caso real de uma criança judia sequestrada pelo Vaticano no século XIX.

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