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- Author, Imogen Foulkes
- Role, Correspondente da BBC News em Genebra
Há 32 minutos
Os Estados Unidos impuseram uma tarifa de importação de 39% sobre produtos da Suíça — a mais alta entre os países europeus. A decisão foi recebida no país alpino como um golpe devastador.
No cenário global, a Suíça só fica atrás de Síria, Laos e Mianmar. Se o presidente Donald Trump levar adiante a promessa de elevar para 50% as tarifas cobradas do Brasil em 6 de agosto, o país passará a liderar a lista.
A notícia dominou as manchetes e atraiu grande atenção da imprensa suíça nesta sexta-feira (1/8). O jornal Blick descreveu o episódio como "a maior derrota do país desde a vitória da França na batalha de Marignano, em 1515".
Há poucas semanas, o governo suíço estava confiante.
Em maio, a Suíça organizou em Genebra um encontro entre líderes dos Estados Unidos e da China para evitar uma guerra comercial entre as duas potências econômicas. Isso deu a chance à presidente suíça, Karin Keller-Sutter, de se reunir com o secretário de Comércio norte-americano, Scott Bessent.
Ela saiu sorridente. Segundo relatou, foi informada de que a Suíça seria provavelmente o segundo país a negociar um acordo comercial com Washington, depois do Reino Unido. Discutiu-se uma tarifa provisória de 10%, bem abaixo dos 31% que Trump havia anunciado para a Suíça no seu "dia da libertação", em abril.
Agora, essas esperanças se desfizeram. Poucas horas antes do prazo final de 1º de agosto, uma última ligação telefônica entre Keller-Sutter e o presidente Trump não trouxe resultado algum. Horas depois veio a notícia de que as tarifas não seriam de 31%, como ameaçado inicialmente, mas de punitivos 39%.
Por quê? Alguns políticos suíços já argumentam que as táticas de negociação do país não estiveram à altura: uns dizem que foram duras demais, outros, complacentes demais.
A realidade pode ser mais simples: Trump estava ansioso para fechar acordos de peso — e a Suíça simplesmente não é grande o suficiente para entrar nessa conta. Não está claro quantas rodadas de conversa os negociadores suíços conseguiram realizar com os representantes dos Estados Unidos.

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O déficit comercial, o argumento do qual Trump não abre mão
Segundo o governo suíço, o ponto crítico é o déficit comercial com os Estados Unidos.
Trump considera que déficits comerciais — quando um país vende mais aos EUA do que compra — são, por natureza, um problema para os americanos, embora essa visão não seja amplamente compartilhada por economistas.
Ele acredita que tarifas podem proteger o setor industrial dos Estados Unidos, que perdeu empregos ao longo das décadas para empresas estrangeiras.
O déficit comercial da Suíça com os EUA foi de US$ 47,4 bilhões em 2024. Mas, se incluirmos os serviços — algo que Trump convenientemente ignorou —, o déficit cai para US$ 22 bilhões.
A Suíça vende mais aos Estados Unidos (principalmente produtos farmacêuticos, joias de ouro, relógios e máquinas) do que compra.
Para tentar reequilibrar essa balança, o governo suíço reduziu a zero suas próprias tarifas sobre produtos industriais norte-americanos, e várias empresas suíças (como Nestlé e Novartis) prometeram investimentos bilionários em fábricas nos Estados Unidos.
A Suíça já é o sexto maior investidor no país e criou, segundo dados suíços, 400 mil empregos em solo americano.
Mas equilibrar esse déficit parece impossível. A Suíça tem apenas 9 milhões de habitantes — e muitos deles simplesmente não querem consumir produtos dos Estados Unidos.
Os carros americanos, que consomem muita gasolina, são grandes demais para as estradas alpinas; o queijo e o chocolate norte-americanos não exatamente agradam ao paladar suíço.
Jan Atteslander, responsável por comércio exterior da EconomieSuisse, que representa empresas locais, declarou à rádio e televisão suíças: "Precisamos de relações confiáveis com os Estados Unidos".
Isso pode ser um sinal de frustração com o fato de que um dos principais mercados de exportação da Suíça tenha adotado uma política comercial de "liga-desliga", tirando das empresas suíças a previsibilidade de que necessitam.

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Confusão e indignação
O que a Suíça pode fazer agora? Há uma pequena janela de oportunidade até 7 de agosto, data prevista para a entrada em vigor das tarifas.
Até lá, o governo suíço corre contra o tempo para tentar reverter a decisão. Empresas do país alertam para a perda de milhares de empregos caso a tarifa de 39% não seja reduzida.
Mas é difícil enxergar qual seria a margem de manobra.
Com as promessas de investimento e as tarifas zeradas, a Suíça já havia oferecido tudo o que podia. A única tática restante seria punitiva: retirar a oferta de investimento, impor tarifas recíprocas e, como opção nuclear, cancelar a compra dos caças F-35 fabricados nos Estados Unidos.
Em todo o país, o clima é de confusão e indignação.
Esta sexta-feira marcou o Dia Nacional da Suíça, o equivalente ao 4 de Julho americano. Após fazer seu discurso tradicional, a presidente suíça, Karin Keller-Sutter, foi questionada sobre as tarifas dos EUA.
Ela disse aos jornalistas que as conversas com os Estados Unidos tinham corrido bem, mas que, para Donald Trump, o déficit comercial era o principal obstáculo.
A conclusão foi que o problema se chama: presidente dos Estados Unidos.
Em vez das habituais celebrações patrióticas, muitos suíços se sentem punidos por viver em um dos países mais competitivos e inovadores do mundo.
Outros afirmam que o país já sobreviveu a crises econômicas anteriores — e que poderá usar justamente essa capacidade de inovação para superar mais esta.
Este artigo foi escrito e editado por nossos jornalistas com a ajuda de uma ferramenta de inteligência artificial para tradução, como parte de um projeto piloto.

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3 meses atrás
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