Líder militar de Madagascar, Randrianirina, é empossado como presidente — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Rajoelina foi alvo de impeachment pelos parlamentares após deixar o país no fim de semana. Ele condenou a tomada militar e se recusou a renunciar.
A União Africana e o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, também condenaram o golpe, que ocorreu depois de diversos protestos liderados pela Geração Z.
Randrianirina é chefe do CAPSAT (Corpo de Pessoal e Serviços Administrativos e Técnicos do Exército), uma unidade militar que se rebelou e se juntou aos manifestantes antigovernamentais no último fim de semana.
O CAPSAT participou do golpe de 2009 que levou Rajoelina ao poder, mas se desentendeu com ele na semana passada e orientou os soldados a não dispararem contra os manifestantes.
Randrianirina leu o juramento presidencial durante a cerimônia na capital de Madagascar.
"Cumprirei plena, completa e justamente as altas responsabilidades do meu cargo como Presidente da República de Madagascar", afirmou Randrianirina durante a cerimônia na Alta Corte Constitucional, de acordo com a Reuters.
"Juro que exercerei o poder que me foi confiado e dedicarei toda minha força para defender e fortalecer a unidade nacional e os direitos humanos", acrescentou.
Coronel militar de Madagascar, Randrianirina, é empossado como presidente — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Militares rebeldes de Madagascar que haviam se unido aos protestos da Geração Z no país anunciaram nesta terça-feira (14) que tomaram o poder.
O anúncio ocorreu minutos depois de o Parlamento, ignorando um decreto que dissolvia a Casa, votar e aprovar o impeachment do presidente do país, Andry Rajoelina, que fugiu do país diante da rebelião de militares e dos protestos que exigiam sua renúncia (leia mais abaixo).
Os militares afirmaram ter dissolvido todas as instituições, com exceção do Poder Legislativo.
Os militares rebeldes anunciaram na rádio nacional madagascarense que tomaram o controle do governo do país africano.
Já o presidente, desafiando os manifestantes, publicou um decreto também nesta terça determinando a dissolução do Parlamento. Mas os deputados ignoraram a dissolução, se reuniram na Casa e votaram e aprovaram o impeachment de Rajoelina.
Em um discurso na noite de segunda (13) feito também de fora do país e em um local não identificado, o presidente do país africano afirmou que não deixará o governo, em mais um desafio aos protestos, que exigem sua renúncia.
Rajoelina alegou que a dissolução do Parlamento "era necessária para restaurar a ordem no país", mas prometeu realizar novas eleições a partir de dezembro.
O líder da oposição na Assembleia Nacional contestou a decisão.
"Este decreto não é juridicamente válido... o presidente da Assembleia Nacional afirma que não foi consultado", disse Siteny Randrianasoloniaiko, que também é vice-presidente da Assembleia.
A polícia do país também rompeu com o presidente madagascarense e se uniu aos manifestantes.
Siteny Randrianasoloniaiko, líder da oposição no Parlamento, contou à agência de notícias Reuters que Rajoelina deixou Madagascar depois que unidades do exército desertaram e se juntaram aos manifestantes da Geração Z, que vêm realizando protestos pelas ruas do país desde 25 de setembro.
Uma fonte militar disse à Reuters que Rajoelina deixou o país em um avião militar francês. De acordo com a rádio francesa RFI, ele fechou um acordo com o presidente Emmanuel Macron.
O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, na semana passada — Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko
▶️ A Geração Z é o nome dado ao grupo de pessoas nascidas entre 1995 e 2009. É a primeira geração considerada nativa digital, pois cresceu em meio à internet, e costuma ser mais crítica e engajada em debates sobre diversidade, sustentabilidade e política.
Nos últimos meses, esse grupo também protagonizou manifestações no Quênia, Indonésia, Nepal, Filipinas, Peru e Marrocos.
Nas ruas de Antananarivo, capital do país, os jovens da Geração Z se uniram para seguir os protestos e comemorar a notícia. Milhares se reuniram em uma praça gritando:

Protestos da Geração Z se espalham pelo mundo
Manifestantes voltaram às ruas de Antananarivo, Madagascar, nesta segunda (13) e comemoraram fuga do presidente — Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko
Com a saída de Rajoelina do país, quem irá assumir suas funções até que novas eleições sejam realizadas é o presidente do Senado.
O atual, foco de indignação pública durante os protestos, foi destituído de suas funções nesta segunda e um novo nome já foi indicado para ocupar seu lugar temporariamente, informou a casa em um comunicado: Jean André Ndremanjary.
Tropas se juntaram aos manifestantes

Militares rebeldes em Madagascar dizem que assumiram comando das Forças Armadas
O anúncio do Exército de Madagascar sobre a tomada de poder das Forças Armadas do país ocorreu pouco depois de Andry Rajoelina denunciar uma “tentativa ilegal de tomada do poder”.
Os militares declararam, em vídeo, que “todas as ordens do exército malgaxe, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, partirão do quartel-general do CAPSAT”, sigla que identifica o contingente de oficiais administrativos e técnicos.
No sábado (11), o grupo de militares havia se juntado a manifestantes antigovernamentais em Antananarivo, capital da ilha, que registrou os maiores protestos desde o início das manifestações.
Manifestantes se reúnem ao redor de um veículo militar em Antananarivo, capital de Madagascar, durante um protesto nacional liderado por jovens contra os frequentes cortes de energia e a escassez de água — Foto: Zo Andrianjafy/Reuters
O movimento da geração Z do país começou por causa de cortes de água e eletricidade, mas rapidamente se ampliou para críticas à corrupção, aos líderes políticos e à falta de oportunidades no país.
Pelo menos 22 pessoas foram mortas em confrontos entre manifestantes e as forças de segurança desde 25 de setembro, de acordo com a ONU.
Madagascar, um dos países mais pobres do mundo, tem histórico de frequentes levantes populares desde que se tornou independente da França, em 1960. Entre eles, destacam-se os protestos de 2009, que forçaram o então presidente Marc Ravalomanana a deixar o cargo e abriram caminho para o primeiro mandato de Andry Rajoelina.
O atual presidente foi reeleito em 2018 e novamente em 2023, em pleitos marcados por contestações e boicote da oposição.
Grupos de soldados de Madagascar se juntaram a milhares de manifestantes na capital em 11 de outubro de 2025, após anunciar que recusariam qualquer ordem de atirar nos manifestantes. — Foto: LUIS TATO / AFP
Soldados de Madagascar se unem a manifestantes — Foto: LUIS TATO / AFP

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