Cuidado com a chuva! Especialista conta como proteger eletrodomésticos

Os riscos aos aparelhos elétricos decorrem principalmente de surtos de tensão, que são aumentos repentinos na energia da rede, muitas vezes causados por raios que, mesmo distantes, propagam sobretensão e ameaçam itens como TVs e modems. Segundo o engenheiro eletricista Odilon Francisco Pavón Duarte, esses picos ultrapassam os limites suportados por fontes e placas. Como resultado, essa exposição pode danificar microchips e capacitores, levando à queima ou à perda total do equipamento durante instabilidades na energia.

Para proteger bem seus aparelhos, é recomendado instalar um Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS) no quadro de energia. Ele funciona como uma espécie de “válvula de segurança”, desviando o excesso de energia para o aterramento. Além disso, usar tomadas aterradas e no-breaks (UPS) cria camadas extras de proteção, essenciais em lugares com histórico de quedas ou instabilidades, garantindo que os equipamentos críticos desliguem com segurança quando necessário.

Ao notar a aproximação de uma tempestade intensa com raios, a medida mais segura é desconectar o máximo de aparelhos possíveis da tomada. É importante lembrar que desligar apenas pelo controle remoto ou pelo botão não basta, já que o equipamento continua conectado à rede elétrica e pode ser atingido pelo surto de tensão. Segundo o especialista, os aparelhos mais sensíveis são aqueles com circuitos eletrônicos delicados, como equipamentos de áudio e vídeo, computadores e consoles de videogame.

Também é preciso atenção com os dispositivos que ficam ligados o tempo todo, como geladeiras, freezers, micro-ondas, máquinas de lavar com painel eletrônico, aparelhos de ar-condicionado, roteadores Wi-Fi, centrais de alarme e câmeras de segurança.

Caso um aparelho deixe de funcionar após um temporal, é importante observar sinais típicos de dano elétrico, como cheiro de queimado, estalos durante o funcionamento, fontes de alimentação danificadas ou placas eletrônicas queimadas. “Quando vários equipamentos apresentam falha ao mesmo tempo, logo após uma queda ou retorno brusco da energia, isso é um forte indício de surto elétrico”, explica o engenheiro.

Nessas situações, é fundamental não descartar o equipamento imediatamente, pois pode ser possível obter ressarcimento junto à concessionária de energia. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) garante esse direito quando há comprovação de que o dano decorreu de falha na rede elétrica, já que a concessionária é responsável por prejuízos causados por problemas em sua rede. Geralmente, será necessário apresentar um laudo técnico emitido por uma assistência especializada, comprovando que o dano foi causado por variação ou interrupção no fornecimento de energia, e não pelo desgaste natural do aparelho.

Durante uma queda de energia, o recomendado é desligar os disjuntores ou retirar os aparelhos da tomada, evitando que recebam picos de tensão quando a eletricidade voltar. Também é importante ter lanternas ou iluminação de emergência à mão e evitar o uso de velas em ambientes fechados, devido ao risco de incêndio.

Quando a energia voltar, comece ligando os aparelhos essenciais, como geladeira e iluminação, e só depois os mais sensíveis, como TVs, computadores e roteadores. Sempre que possível, use filtros de linha, DPS ou nobreaks para proteger os equipamentos contra picos e oscilações de energia.

Depois que a tempestade passa e a energia volta, é importante ter paciência antes de ligar os aparelhos. O fornecimento inicial pode estar instável, com oscilações ou picos que ainda podem danificar os equipamentos. “O retorno pode vir acompanhado de sobretensões e oscilações, comuns após manobras da concessionária. Por isso, o ideal é esperar alguns minutos e checar se a energia está estável antes de religar tudo”, explica Odilon Duarte.