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De 'imperador do mundo' ao 'gosto dele': Trump e Lula trocaram hostilidade pelos afagos em poucos meses; entenda

As relações entre Estados Unidos e Brasil se deterioraram ao longo de 2025, depois que o governo Trump impôs tarifas contra produtos brasileiros e aplicou sanções contra autoridades. Diante disso, Lula fez várias críticas ao presidente americano.

  • Trump vinha criticando o Brasil, principalmente pelo que chama de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
  • Lula, por sua vez, chegou a sugerir que o presidente americano queria ser o “imperador do mundo” e criticou o que classificou como “sanções arbitrárias” e “ataques à soberania”.
  • Enquanto Trump dizia que Lula poderia ligar para ele "quando quisesse", o governo brasileiro relatou enfrentar dificuldades para conversar com os norte-americanos.

A situação começou a mudar em 23 de setembro, quando Trump usou parte do discurso na Assembleia Geral da ONU para dizer que teve “uma excelente química” com o presidente brasileiro.

No mês seguinte, os dois falaram por telefone pela primeira vez e tiveram um encontro presencial na Malásia. Em novembro, os Estados Unidos suspenderam tarifas adicionais contra dezenas de produtos brasileiros.

"Muitas coisas boas virão dessa parceria recém-formada", publicou nas redes sociais.

Veja abaixo, ponto a ponto, o que Trump e Lula já disseram e relembre a aproximação entre os dois.

A relação entre Lula e Trump ao longo dos meses — Foto: Arte/g1

O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia no Palácio do Planalto em 10 de abril — Foto: Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Lula: "Somos um país que não tolera ameaça à democracia, que não abre mão de sua soberania, que não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela, que fala de igual para igual e que respeita todos os países — dos mais pobres aos mais ricos —, mas que exige reciprocidade no tratamento", afirmou o presidente.

Lula no Planalto em 14 de julho de 2025 — Foto: Evaristo Sá/AFP

Uma semana após o anúncio de tarifas de 50% para produtos brasileiros importados pelos EUA, Lula sugeriu que Trump queria ser o imperador do mundo.

Lula: "Não podemos deixar o Presidente Trump esquecer que ele foi eleito para governar os EUA. Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo. Ninguém quer se separar dos EUA, ninguém quer ser livre dos EUA, o que queremos não é ser reféns dos EUA, queremos liberdade".

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, respondeu ao comentário de Lula.

Depois, Lula falou que pediu conversa com autoridades americanas, mas que encontrou dificuldades.

Lula: "O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato. Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível".

Em agosto, Trump admitiu pela 1ª vez a possibilidade de conversar com Lula.

Menos de uma semana após o início do tarifaço no Brasil, Lula deu entrevista à agência Reuters e falou sobre Trump.

Lula: “Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, declarou.

Uma semana depois, o presidente brasileiro falou novamente sobre as relações com os EUA durante um evento.

Lula durante discurso de Trump na ONU — Foto: Brendan Smialowski/AFP e Evan Vucci/AP

No início de setembro, Trump comentou a relação com o Brasil.

Trump: "Bem, não sei… estamos falando de coisas que nos deixam muito desapontados com o Brasil. Aplicamos tarifas muito altas por causa do que eles estão fazendo, algo muito lamentável. Eu amo o povo do Brasil".

Já no dia 22, na Assembleia Geral da ONU, Lula abriu o discurso com uma crítica às políticas externas e tarifárias adotadas por Trump, sem citar o nome do presidente americano.

Em seguida, Trump discursou e comentou um breve encontro com o presidente brasileiro.

Trump: "Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem", disse Trump. "Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos (...). Mas ele pareceu um homem muito legal. Ele gostou de mim, e eu gostei dele. (...) Só faço negócios com pessoas que eu gosto. Quando não gosto deles, não gosto deles. Tivemos uma excelente química".

Donald Trump assina ordens executivas na Casa Branca em 6 de outubro de 2025 — Foto: Kent Nishimura/Reuters

Lula e Trump conversaram por telefone no dia 6 de outubro. A ligação durou cerca de 30 minutos e tratou de assuntos econômicos, incluindo as tarifas aplicadas pelos EUA a produtos brasileiros.

Após o telefonema, Lula divulgou uma nota afirmando que os dois presidentes relembraram “a boa química” que tiveram no breve encontro em Nova York.

Lula: "Considero nosso contato direto como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente", afirmou. "Nós concordamos em nos encontrar pessoalmente em breve."

Trump também comentou a ligação em uma rede social. Depois, ao responder perguntas de jornalistas, o presidente americano chamou Lula de “bom homem”.

Trump: "Nesta manhã, eu fiz uma chamada telefônica muito boa com o presidente Lula, do Brasil. Nós discutimos muitas coisas, mas a conversa focou principalmente na economia e no comércio entre os dois países. Nós teremos novas discussões e nos reuniremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Eu gostei da ligação telefônica — nossos países irão muito bem juntos!"

Lula e Trump se encontram na Malásia. — Foto: Ricardo Stuckert/PR

Trump: “Nós vamos discutir [tarifas] um pouco. Nós sabemos que nós nos conhecemos. Nós sabemos o que cada um quer.”

Depois da reunião, em um evento com empresários, Lula agradeceu o encontro e disse que os dois conseguiram “fazer uma reunião que parecia impossível”.

Lula: “Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras.”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversa com membros da imprensa após uma ligação com militares, no Dia de Ação de Graças, em Palm Beach, Flórida, EUA, em 27 de novembro de 2025 — Foto: Anna Rose Layden/Reuters

Segundo o governo brasileiro, a ligação foi feita por Lula. O presidente classificou a conversa como “muito produtiva” e disse que as negociações com os EUA continuam.

Lula: “O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas. Concordamos em voltar a conversar em breve sobre o andamento dessas iniciativas.”

Mais tarde, em entrevista na Casa Branca, Trump confirmou que havia falado com Lula. Ele disse que a ligação “foi muito boa” e afirmou que gosta do presidente brasileiro. Instantes depois, publicou um post sobre o assunto.

Trump: “O presidente Lula e eu estabelecemos uma relação em uma reunião que ocorreu nas Nações Unidas, e acredito que isso preparou o terreno para um diálogo e acordos muito bons no futuro. Aguardo ansiosamente um reencontro e uma conversa com ele em breve. Muitas coisas boas virão dessa parceria recém-formada!”

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