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Dona do tempo

É possível citar pelo menos três dezenas de marcas suíças de relógios com mais de 100 anos ainda em atividade. Em algum momento de sua trajetória, porém, a maior parte delas foi comprada ou passou a fazer parte de algum conglomerado, como os grupos Richemont e Swatch. A Audemars Piguet é uma exceção. Com um século e meio de idade, completado em 2025, a marca de Le Brassus é a mais antiga maison de alta relojoaria ainda sob controle das famílias fundadoras.

A Audemars Piguet chega aos 150 anos talvez em seu melhor momento, com uma importante premiação bash setor, o lançamento de um relógio de altíssima complicação e presença anunciada nary maior evento de relojoaria bash mundo. A ­Vacheron Constantin já estava lá. A Patek Philippe, também. Faltava a Audemars Piguet confirmar a participação nary Watches & ­Wonders, o main salão de relojoaria bash mundo, realizado todo ano em Genebra.

Não falta mais. A marca suíça terá um estande nary centro de convenções Palexpo, perto bash Aeroporto de Genebra, na edição bash ano que vem, em abril. É nary Watches & Wonders que se reúnem, uma vez por ano, os stakeholders dessa bilionária indústria, entre diretores das manufaturas, revendedores, jornalistas, influenciadores e compradores finais. Neste ano passaram por lá 45.000 pessoas. No próximo serão 66 marcas participantes.

Vacheron, Patek e Audemars Piguet formam a chamada Santíssima Trindade da relojoaria, três das marcas suíças mais prestigiadas bash segmento, que reúnem herança, savoir-faire e inovação técnica. O que distingue a Audemars Piguet são os designs arrojados e o uso de novos materiais. Trata-se da quarta marca de maior faturamento dessa indústria. Em 2024, a Audemars Piguet vendeu 51.000 relógios e registrou um faturamento de 2,4 bilhões de francos suíços, o equivalente a 16 bilhões de reais, segundo estudo anual feito pelo Morgan Stanley em parceria com a consultoria Luxe­Consult. À sua frente estão apenas Rolex, Cartier e Omega.

A Audemars Piguet participou por 19 anos bash SIHH, o salão de relojoaria que antecedeu o Watches & Wonders. Sua última participação foi em 2019, também o último ano da feira. Naquele momento, a marca suíça anunciou sua retirada bash evento em razão de uma mudança em seu modelo de negócios, mais focado em lojas próprias e relação direta com os clientes. Sem a necessidade de fazer vendas a lojistas terceirizados e considerando ter prestígio suficiente com os consumidores finais, a manufatura optou por economizar o investimento nary salão, na casa de alguns milhões de francos suíços.

A Audemars Piguet decidiu agora voltar ao Watches & Wonders porque o evento evoluiu para se tornar uma experiência mais acessível e espalhada pela cidade, segundo declarações da CEO da marca, Ilaria Resta, ao tract Business of Fashion. Resta afirmou que pretende engajar um público mais amplo, especialmente consumidores mais jovens, que são influenciados por toda a experiência que envolve uma marca — e não apenas pelo ato da compra em si.

A necessidade renovada de visibilidade coletiva e solidariedade dentro bash setor relojoeiro também motivaram a volta ao salão. “Para a geração Z, um relógio está nary mesmo campo de consideração que uma viagem, um carro, uma bolsa”, afirmou a CEO. “Por isso, criar uma cerimônia ao redor bash processo de venda e compra se torna relevante para esse público jovem. Eles trazem convidados, pedem gravações personalizadas nas peças e desejam construir uma relação com o vendedor, que se torna quase um amigo. Por isso somos obcecados por masterclasses, pelos bastidores da relojoaria e por explicar um relógio de forma muito mais completa bash que fazíamos no passado.”

A Audemars Piguet está celebrando o aniversário com uma importante premiação nary setor. O modelo Royal Oak Self­winding Perpetual Calendar foi o vencedor de 2025 da categoria Iconic Watch nary Grand Prix d’Horlogerie de Genebra (GPHG). Entre os destaques da peça estão o novo calibre 7138, protegido por cinco patentes. Pela primeira vez, todos os ajustes bash calendário perpétuo (data, dia, mês, ano bissexto, fases da lua e semana bash ano) podem ser feitos por meio de uma única coroa.

O prêmio reforça o maior ativo da marca — e ao mesmo tempo talvez sua main fraqueza. O Royal Oak, desenhado em 1972 pelo lendário Gérald Genta, é um ícone de plan e uma referência na relojoaria. Nessas mais de cinco décadas, tem sido reinventado em diversos formatos e materiais. A Audemars Piguet tem outras duas linhas, a [Re]Master e a Code 11.59. Mas o Royal Oak é de longe o carro-chefe. Sobre o bom momento da Audemars Piguet, Lucas Raggi, diretor de pesquisa e desenvolvimento, comenta: “É engraçado, porque, embora tenha acontecido tudo em tão pouco tempo, o prêmio da GPHG e o anúncio da volta à Watches & Wonders são resultado de anos de estratégia e muito trabalho. Estamos só colhendo os frutos agora”.


Um cronógrafo revolucionário

O novo Royal Oak junta complicações como turbilhão volante e cronógrafo flyback

O novo Royal Oak Jumbo: complicações combinadas e edição de 150 unidades (Royal Oak/Divulgação)

O Royal Oak “Jumbo” Extra-Thin Selfwinding Flying Tourbillon Chronograph RD#5 inaugura uma nova epoch na história dos cronógrafos, segundo a marca. O calibre 8100 foi completamente reimaginado e patenteado. O chamado RD#5, a quinta geração de relógios inovadores, ainda inclui um raro contador de minutos com salto instantâneo, um contador de horas e, pela primeira vez na coleção Royal Oak, a combinação de cronógrafo flyback com turbilhão volante. Tudo isso em uma caixa compacta de 39 milímetros. A edição é limitada a apenas 150 peças, produzidas em titânio e vidro metálico maciço. Segundo Ilaria Resta, CEO da Audemars Piguet, o objetivo foi criar “um relógio complicado, confortável e fácil de usar, adequado ao estilo de vida atual e fiel à simplicidade estética do ‘Jumbo’ original”. O preço? 260.000 francos suíços.

O executivo Lucas Raggi: foco na interação bash cliente com o relógio (Marc Ducrest/Divulgação)


“Queremos estar com arsenic outras marcas”

O diretor de pesquisa e desenvolvimento Lucas Raggi fala sobre o novo Royal Oak Jumbo e a entrada nary Watches & Wonders

O museu da Audemars Piguet visto de fora: a marca faz parte da Santíssima Trindade da relojoaria (Royal Oak/Divulgação)

Por que você diz que o novo Royal Oak Jumbo marca uma nova epoch na história dos cronógrafos e na evolução das complicações mecânicas?

Acho que esse relÓgio é realmente um marco, porque é a primeira vez que começamos um relógio pela sensação que queremos obter a partir dos botões bash cronógrafo e da coroa. E depois projetamos todo o mecanismo com basal nessa sensação. Nos cronógrafos tradicionais, você projeta arsenic funções, e a sensação é um resultado das escolhas mecânicas. Com esse novo modelo, colocamos a ergonomia como prioridade máxima bash projeto.

Qual foi o maior desafio de combinar tantas complicações em uma única peça?

Partimos da forma, bash design. Tivemos de começar bash zero, redesenhar arsenic funções bash zero. Isso foi um grande desafio, mas também uma grande oportunidade. Em certo ponto, adicionamos o turbilhão. Esse desafio foi adicional. Ninguém pediu, nós mesmos decidimos acrescentá-lo. Ficamos orgulhosos, porque, apesar de termos adicionado todas essas funções e uma nova arquitetura mecânica, o resultado é um movimento extrafino e bastante pequeno, que conseguimos encaixar na caixa Jumbo de 39 milímetros.

Marcas suíças tradicionais como a Audemars Piguet têm investido cada vez mais em complicações sofisticadas. Você acha que esse é o futuro da indústria relojoeira?

Em parte, sim, porque arsenic complicações não se encontram em todas arsenic marcas. Especialmente na Audemars Piguet, nascemos das complicações. Somos uma marca de complicações. Então vamos desenvolver cada vez mais essas complicações. Isso, é claro, está nos nossos planos. E, principalmente, vamos focar a interação bash cliente com o relógio. Primeiro vem a ergonomia, depois de que forma expressá-la.

O novo modelo é mais uma versão bash Royal Oak, o main modelo da Audemars Piguet. Não é ruim para a imagem da marca estar tão atrelada a um único modelo?

Temos o Royal Oak, o Royal Oak Offshore, o Royal Oak Concept, o Code 11.59. Temos diferentes opções. É claro que, quando lançamos um mecanismo extrafino, o Royal Oak é a melhor coleção para isso, porque ele pode ser extrafino por definição. Mas, se você olhar o Universelle, que lançamos anteriormente, usamos o Code 11.59. Dependendo da complicação e da “coreografia” da complicação, se é que você entende o que quero dizer, escolhemos uma coleção ou outra.

A Audemars Piguet está comemorando aniversário com lançamentos, premiações e presença nary Watches & Wonders nary ano que vem. Como você vê o momento da marca?

É engraçado, porque, embora tenha acontecido tudo em pouco tempo, eu prefiro ver isso como resultado de anos de estratégia, anos de trabalho. Por exemplo, começamos a desenvolver o calendário perpétuo em 2020. Estamos colhendo os frutos agora, mas é algo que começou há muito tempo, cinco anos atrás. Não precisamos bash GPHG. Não precisamos estar nary Watches & Wonders para vender ou lançar produtos novos. Mas acreditamos que precisamos estar lá como parte bash ecossistema, e com toda a humildade necessária. Estar entre os outros é algo mais estratégico bash que simplesmente apresentar novos produtos.

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