É #FAKE que homem gritou 'Allahu Akbar' durante confusão em comício de Trump; trata-se de montagem

É #FAKE que homem gritou 'Allahu Akbar' em confusão durante comício de Trump; trata-se de montagem — Foto: Reprodução

• Publicado no X na sexta-feira (28), o post tira de contexto um vídeo de 2016 e manipula o material digitalmente para inserir um áudio fake (entenda abaixo).
• O conteúdo viralizou dois dias depois de um cidadão afegão atirar em dois integrantes da Guarda Nacional dos Estados Unidos, em Washington. Uma das pessoas atingidas morreu.
• A legenda diz (em inglês): "🚨🚨 ASSISTA: O MOMENTO VIRAL em que um manifestante islâmico radical grita 'Allahu Akbar' em um comício de Trump. O presidente Trump não soube como reagir, e o Serviço Secreto o abordou em questão de segundos. E, considerando o que o cidadão afegão Rahmanullah Lakanwal fez com aqueles dois heróis da Guarda Nacional na quarta-feira, e o fato de haver centenas de milhares de jihadistas islâmicos radicais como ele vagando pelas ruas do nosso país hoje, não podemos culpá-los [os agentes do Serviço Secreto]. Se você ouvir alguém gritar 'Allahu Akbar' em um lugar público, CORRA. Temo que, considerando quantos desses terroristas Joe Biden e os democratas acolheram de braços abertos em nosso país nos últimos 4 anos, a tragédia que vimos na quarta-feira possa ser a primeira de muitas. DEPORTEM TODOS!".
• O vídeo mostra Trump discursando em um púlpito, quando de repente um homem grita "Allahu Akbar" ("Deus é maior" ou "Alá é maior"). Em seguida, o presidente se assusta, e quatro seguranças correm para protegê-lo. Uma caixa de texto sobreposta às imagens diz: "Um brincalhão gritou 'Allahu Akbar' em um comício de Donald Trump. Trump achou que estava perdido".
• Após a publicação, o próprio X inseriu um aviso: "Os leitores adicionaram contexto que acharam que pessoas poderiam gostar de saber. O vídeo teve o áudio editado, acrescentando 'Allahu Akbar'. Nas imagens originais do comício de 2016 em Ohio, o manifestante invadiu o palco sem gritar essa frase".
• Apesar disso, na seção de comentários, há mensagens de pessoas que acreditaram na veracidade da gravação. Veja dois exemplos: "Volte para casa"; e "Esperamos que essa pessoa esteja no próximo voo de volta ao seu país de origem".

Apesar de ser real — e não uma produção de inteligência artificial (IA), por exemplo —, o vídeo está fora de contexto, já que foi registrado em 12 de março de 2016, em Ohio, durante um comício na campanha eleitoral de Trump para a Presidência. Na ocasião, ele se assustou com um homem que tentou invadir o palco para protestar. Além disso, no episódio original, ninguém gritou "Allahu Akbar". Esse áudio foi inserido posteriormente.

• Para encontrar a origem desse conteúdo, o Fato ou Fake usou a ferramenta InVID e fragmentou o material em vários frames (imagens estáticas). Depois, selecionou uma dessas "fotos" e fez uma busca reversa no Google Lens. Essa pesquisa serve para verificar o conteúdo havia sido reproduzido anteriormente por fontes confiáveis – e em que contexto.
• O resultado mostrou diversas reportagens relatando a confusão no comício. E os vídeos comprovam que não houve qualquer grito similar ao do post falso.
• O mesmo conteúdo falso foi desmentido pelo Fato ou Fake em janeiro de 2020, após Trump ter ordenado matar o general iraniano Qassem Soleimani, chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã.