Em primeiro lugar, porque revela uma sensibilidade tão bela e, em segundo, porque apresenta os horrores promovidos pela ditadura, mas como quem defende o presente e o futuro desse passado nefasto.
Em meio a tanta desinformação e aos múltiplos ataques às instituições democráticas, incluída a imprensa, "Ainda Estou Aqui" é um farol alto sobre a história do país para iluminar o futuro. As novas gerações, aquelas que não vivenciaram o golpe e os anos de chumbo, podem sentir, em cada cena, como a usurpação da liberdade e dos direitos fundamentais se prolifera para instaurar a desesperança e a aflição.
Os tentáculos do horror se estendiam sobre as escolas, as famílias, a vida coletiva, os costumes, as artes, a música, a alma do povo brasileiro. Foram anos de espera até que Eunice Paiva pudesse segurar nas próprias mãos um atestado de óbito exarado pelo Estado brasileiro. Isso só ocorreu mais de duas décadas depois do desaparecimento de seu marido.
O silêncio na sala de cinema me impressionou muito.
A ternura e a alegria daquela família, que poderia ser a de qualquer um de nós e, na verdade, é também a nossa própria família, é apresentada para, então, ser sequestrada pela ação de agentes do regime. Invadem a casa de Rubens Paiva, levam-no para depor e nunca mais ele sentiria o carinho e o cuidado dos seus.
Fernanda Torres nos emociona, porque encarna essa história com uma beleza e um brilho únicos.
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