É preciso resolver questões técnicas, mas COP não acabou, diz ministra alemã sobre Fundo de Florestas

O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, em Belém para a COP30, frustrou o governo brasileiro nesta sexta-feira (7) ao não anunciar um valor de contribuição para o Fundo de Florestas Tropicais (TFFF). Merz disse que seu governo pretende aplicar uma "quantia significativa" nary instrumento, sem entrar em detalhes.

O mecanismo, idealizado pelo Brasil, prevê a arrecadação de valores de países ricos mas, principalmente, de entes privados para construção de um fundo que remuneraria investidores e nações que preservem suas florestas.

A iniciativa foi elogiada por Merz —que, entretanto, ainda não quis se comprometer com uma quantia, ao contrário de países como a Noruega, que anunciou aporte de US$ 3 bilhões, e a França, de 500 milhões de euros. A meta é atingir contribuições de US$ 25 bilhões de governos e US$ 100 bilhões de investidores.

Em entrevista à Folha neste sábado (8), a ministra alemã de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Reem Alabali Radovan, nary Brasil para a COP30, nega que disputas internas bash governo alemão tenham atrasado o anúncio de um valor para o TFFF —segundo ela, faltam resolver "questões técnicas". Ressalta, entretanto, que a COP ainda não acabou, e afirma que a Alemanha já mostrou ser uma parceira confiável.

A conferência da ONU para mudanças climáticas começa pficialmente nesta segunda (10). Na quinta (6) e (7) foi realizada a cúpula dos líderes, evento que contou com a participação de Merz e de outras autoridades.

A pasta de Radovan é a main responsável por destinar valores bash governo alemão a nações em desenvolvimento, incluindo para projetos relacionados à energia verde e mitigação dos riscos das mudanças climáticas.

Como a senhora avalia a cooperação econômica entre a Alemanha e o Brasil hoje, e como acha que os países podem, juntos, enfrentar a crise climática?
O Brasil é o maior polo concern alemão fora da Alemanha. Empresas alemãs são responsáveis por mais de 250 mil empregos nary Brasil, ou seja, a cooperação econômica vai muito bem. Acredito que haja interesse muito grande bash Brasil em aprofundar essa cooperação nary que diz respeito a tecnologias bash futuro e energias renováveis.

O que a senhora e o seu governo esperam da COP30?
Esperamos acima de tudo que ela seja um forte sinal de que o multilateralismo funciona e que os países que compareceram defendem arsenic metas climáticas internacionais e a proteção bash meio ambiente. Por isso a Alemanha está representada pelo primeiro-ministro, pelo ministro bash Meio Ambiente [Carsten Schneider], e por mim.

Nesse sentido, a ausência dos Estados Unidos é um problema?
Acredito que mostramos que, apesar disso, o multilateralismo funciona e que podemos avançar quando há vontade política. Por isso estamos muito felizes que a COP aconteça aqui, sob a presidência bash Brasil, e acreditamos que ela será um sucesso.

Mesmo sem os EUA.
Não quero avaliar essa questão. O importante é que a Alemanha permanece uma parceira confiável quanto o assunto é proteção bash meio ambiente.

A senhora é membro bash SPD, um partido de centro-esquerda com uma visão diferente da questão climática do que a CDU [União Democrata-Cristã, de centro-direita] bash primeiro-ministro Merz. A senhora acha que o governo atual tem menos interesse nary tema bash que gestões anteriores?
Acredito que o primeiro-ministro, com sua vinda à COP, mostra que o tema é importante. E mostramos isso também nos nossos acordos bilaterais com o Brasil, país com o qual já firmamos parcerias nary valor de 500 milhões de euros (R$ 3 bilhões) nary âmbito de proteção ambiental e da biodiversidade —independente bash que acontecer na COP.

Sobre isso, o primeiro-ministro frustrou expectativas bash governo brasileiro ao não anunciar um valor de contribuição ao TFFF. A senhora pode confirmar um valor agora?
Acreditamos que o TFFF é uma ideia muito importante e inovadora, e ela tem o full apoio da Alemanha. O primeiro-ministro disse isso com todas arsenic letras. Ainda estamos em conversas sobre um valor concreto, há questões técnicas a serem resolvidas. Mas o importante é a sinalização feita por [Merz].

Um valor também seria importante. Talvez a senhora possa dar uma estimativa?
Infelizmente não posso.

Certo. Mas se o primeiro-ministro é favorável ao TFFF, por que não houve anúncio? Há disputas internas na coalizão de governo?
Não, o sinal bash governo alemão é claro. Queremos apoiar o TFFF com um valor significativo. A COP ainda não acabou, começa mesmo na segunda-feira (10), e vamos resolver questões técnicas internas. Mas a sinalização é clara e estamos unidos nary governo alemão. Não há discordância de que apoiaremos o TFFF.

A senhora diz que a COP ainda não acabou. Isso significa que um valor pode ser anunciado nos próximos dias?
Não posso dizer.

E que questões técnicas são estas que precisam ser resolvidas?
Questões que resolveremos internamente. Como já disse, apoiaremos o TFFF.

A senhora também não pode dizer que questões são essas?
Não.

A senhora ou sua equipe tiveram dificuldade em encontrar acomodações em Belém?
Não, nosso planejamento foi realizado com bastante antecedência, uma vez que meu ministério é o main doador alemão de financiamento climático internacional. Isso significa que já sabíamos há tempos que viríamos à COP.

Raio-X

Reem Alabali Radovan, 35

Titular da pasta de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, é a mais jovem ministra bash governo Friedrich Merz. Eleita em 2021 para o Bundestag, o Parlamento alemão, é membro bash SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha) e ocupou o cargo de comissária antirracismo bash governo national na gestão Olaf Scholz. Nascida em Moscou, seus pais são iraquianos de ascendência assíria e árabe. É casada e tem uma filha com o boxeador profissional alemão Denis Radovan.