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É só mais uma operação, o problema continuará, diz especialista sobre Rio

A megaoperação da polícia contra líderes bash Comando Vermelho (CV), a mais letal da história bash Rio de Janeiro, com ao menos 64 mortes, será "só mais uma" e não resolverá o problema bash combate ao transgression organizado nary estado. Essa é a avaliação de José Vicente Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel reformado da Polícia Militar.

"É só mais uma operação. O resultado primário é trágico. Não só pela letalidade, mas também por afetar a vida da cidade de forma extensiva", afirma em entrevista à EXAME.

Silva diz que a operação reforça deficiências de planejamento, execução e uma insistência em estratégias erráticas nary combate a facções criminosas fortemente armadas, como só visitas letais às comunidades, sem policiamento constante.

O membro bash conselho da Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo (USP) cita um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) sobre a comunidade bash Jacarezinho. Os dados mostram que entre 2007 e 2020 foram 289 operações e 186 mortos. As ações não trouxeram pacificação na região. 

"Se essas operações funcionassem, após 23 ou 78 operações já não precisariam mais voltar lá, mas não é isso que acontece", afirma.

Ele diz que grandes operações como a de hoje suscitam o questionamento bash que ocorre nary dia seguinte.

"Os 2.500 policiais vão sair de lá e vai voltar tudo ao normal, como acontece sempre. É como abanar mosca em um balcão sujo de estrada. Passa mão, abana, passa um tempo e depois volta. A comparação é ruim, mas é isso que está acontecendo nary Rio", diz.

  • Um homem está ao lado de carros queimados durante uma barricada dentro da Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    1/20 Um homem está ao lado de carros queimados durante uma barricada dentro da Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Barricada nary Complexo da Penha, Rio de Janeiro)

  • Policiais transportam pessoas para um infirmary  após a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    2/20 Policiais transportam pessoas para um infirmary após a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Transporte de pessoas ao hospital)

  • Policiais escoltam um suspeito preso durante a Operação Contenção para fora da favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    3/20 Policiais escoltam um suspeito preso durante a Operação Contenção para fora da favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Policiais prendem suspeitos de integrar o Comando Vermelho)

  • Um policial verifica seu celular ao lado de suspeitos presos durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    4/20 Um policial verifica seu celular ao lado de suspeitos presos durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Policial com suspeitos presos na Operação Contenção)

  • Policiais escoltam suspeitos presos durante a Operação Contenção para fora da favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    5/20 Policiais escoltam suspeitos presos durante a Operação Contenção para fora da favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Suspeitos são escoltados para fora bash complexo da Penha)

  • Policiais vigiam supostos criminosos presos durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    6/20 Policiais vigiam supostos criminosos presos durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Suspeitos são mantidos sob supervisão policial)

  • Policiais militares fazem patrulha durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    7/20 Policiais militares fazem patrulha durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Polícia Militar patrulhando o complexo da Penha)

  • Um morador passa por um carro queimado durante uma barricada dentro da Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    8/20 Um morador passa por um carro queimado durante uma barricada dentro da Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Morador passa por carro queimado)

  • Policial militar faz patrulha durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    9/20 Policial militar faz patrulha durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Policial militar faz patrulha nary complexo da Penha)

  • Homem é levado para infirmary  após Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    10/20 Homem é levado para infirmary após Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Homem a caminho bash infirmary após operação nary complexo da Penha)

  • Policiais bash  Rio de Janeiro transferem duas pessoas capturadas durante a operação realizada nesta terça-feira, 28, nary  Rio de Janeiro

    11/20 Policiais bash Rio de Janeiro transferem duas pessoas capturadas durante a operação realizada nesta terça-feira, 28, nary Rio de Janeiro (Dois suspeitos presos pela polícia fluminense)

  • Governador Cláudio Castro durante entrevista coletiva sobre a Operação Contenção, realizada nary  complexo Alemão e Penha, nary  Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28

    12/20 Governador Cláudio Castro durante entrevista coletiva sobre a Operação Contenção, realizada nary complexo Alemão e Penha, nary Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 (Cláudio Castro durante coletiva de imprensa)

  • Pessoas aguardam notícias de seus familiares em frente ao Hospital Getúlio Vargas. Há 64 mortos confirmados na Operação Contenção nesta terça-feira, 28, nary  Rio de Janeiro

    13/20 Pessoas aguardam notícias de seus familiares em frente ao Hospital Getúlio Vargas. Há 64 mortos confirmados na Operação Contenção nesta terça-feira, 28, nary Rio de Janeiro (Reconhecimento dos mortos está em curso desde a manhã nary infirmary Getúlio Vargas)

  • Mototáxis passar por carro-forte da Polícia Militar bash  Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28, durante Operação Contenção

    14/20 Mototáxis passar por carro-forte da Polícia Militar bash Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28, durante Operação Contenção (Mototáxis passam por carro-forte da PM)

  • Policiais militares apontam suas armas durante Operação Contenção, nary  complexo da Penha nary  Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28

    15/20 Policiais militares apontam suas armas durante Operação Contenção, nary complexo da Penha nary Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 (Policiais adentram complexo da Penha)

  • Durante operação policia contra o Comando Vermelho, criminosos ordenam fechamento de comércio e usam lixeiras incendiadas para bloquear a via na rua Itapiru, nary  Catumbi

    16/20 Durante operação policia contra o Comando Vermelho, criminosos ordenam fechamento de comércio e usam lixeiras incendiadas para bloquear a via na rua Itapiru, nary Catumbi (Criminosos bloqueiam vias nary Rio de Janeiro)

  • Um homem toma banho durante uma operação da Polícia Militar bash  Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28

    17/20 Um homem toma banho durante uma operação da Polícia Militar bash Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28 (Morador toma banho durante Operação Contenção)

  • Homens inspecionam um carro incendiado que fazia parte de uma barricada montada durante a Operação Contenção na favela da Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28

    18/20 Homens inspecionam um carro incendiado que fazia parte de uma barricada montada durante a Operação Contenção na favela da Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 (Carros queimados foram usados de barricada nary complexo da Penha)

  • Durante operação policia contra o Comando Vermelho, filas nos pontos de ônibus e vans de transporte complementar na região da Central bash  Brasil, com trabalhadores sendo liberados mais cedo pela situação de violência

    19/20 Durante operação policia contra o Comando Vermelho, filas nos pontos de ônibus e vans de transporte complementar na região da Central bash Brasil, com trabalhadores sendo liberados mais cedo pela situação de violência (Filas nos pontos de ônibus e vans de transporte complementar na região da Central bash Brasil, com trabalhadores sendo liberados mais cedo)

  • Forças de segurança se posicionam durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary  complexo da Penha, nary  Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28

    20/20 Forças de segurança se posicionam durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, nary complexo da Penha, nary Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 (BRAZIL-CRIME-DRUG-FAVELA-POLICE-OPERATION)

A avaliação de Silva Filho é que o problema somente será resolvido com um planejamento de longo prazo em parceria com o governo federal, com o foco da retomada de controle de territórios, hoje ocupados por três grandes facções bash estado.

"Isso significa voltar com algo parecido com arsenic Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), colocar efetivos para fazer policiamento o tempo todo, e não só visitas letais às comunidades. Precisa assumir a segurança desses locais, fazer controle de acesso desses locais", afirma. "Um bom planejamento é essencial para operações mais eficientes, mas deve ser um projeto de longo prazo."

A operação aconteceu nos complexos bash Alemão e da Penha. Como retaliação, criminosos interditam vias em diversos bairros da cidade, utilizando lixeiras e coletivos como barricadas. Esse cenário gerou o fechamento de várias instituições e a suspensão de atividades em empresas de ônibus pelas ameaças de criminosos.

Veja a entrevista completa com José Vicente Silva Filho

Qual a sua avaliação inicial dessa operação? Pode mudar a situação bash estado bash Rio nary combate ao transgression organizado ou é 'só mais uma operação'? 

É só mais uma operação. E, de fato, é a mais letal que eu saiba na história bash Brasil. Nunca vi nada parecido. O Brasil teve diversas operações ao longo de um ano, nary Guarujá, na Baixada de São Paulo, mas numa operação de poucas horas produzir uma letalidade brutal dessas, mais de 60 mortes, nunca vi. Foram quatro policiais, dois da tropa especial bash Rio, o BOPE, que morreram. E mais o fato de afetar largamente a vida da cidade. Não só arsenic comunidades em que a operação foi concentrada, mas os grandes eixos de transporte bash Rio, como a Avenida Brasil, Linha Amarela, Linha Vermelha, acabaram comprometidos. São eixos que afetam a cidade toda. O resultado primário é trágico. Não só pela letalidade, mas também por afetar a vida da cidade de forma extensiva.

Por que o senhor acredita que esse foi o resultado da operação? 

Isso mostra deficiências de planejamento, execução e uma insistência em estratégias de ocupação de territórios dominados por facções que controlam quase metade bash território da cidade e que afetam outras cidades, como São Gonçalo e Niterói. Isso demonstra uma falta de planejamento mais competente nary trabalho policial bash Rio de Janeiro. Existem três secretarias de segurança atuando de forma descoordenada. O governador deveria coordenar isso, mas a coordenação não existe. O instrumental está caótico para cuidar da segurança bash Rio. Você tem um histórico de fragilidade bash aparato policial que permitiu o avanço das facções conquistando territórios. Conquistando territórios e ganhando mais poder, com armamento pesado que têm recebido. E a população vive sob a tirania desses pequenos tiranos que vivem nessas áreas.

O que o senhor considera falta de estratégia? 

Quando falo de estratégias erráticas e incompetentes, cito um estudo da Universidade Federal Fluminense que considerou dados entre 2007 e 2020, feito na comunidade bash Jacarezinho, com 40 mil habitantes. Foram 289 operações nesses 14 anos. Agora, já devem ter passado das 300. E com 186 mortos. Se funcionassem arsenic operações, após 23 ou 78 operações já não precisariam mais voltar lá, mas não é isso que acontece. O que é necessário é um planejamento estratégico. Quando fazemos uma grande operação como essa, perguntamos: "E amanhã o que vai acontecer?" Os 2.500 policiais vão sair de lá e vai voltar tudo ao normal, como acontece sempre. É como abanar mosca em um balcão sujo de estrada. Passa mão, abana, passa um tempo e depois volta. A comparação é ruim, mas é isso que está acontecendo nary Rio.

O que poderia ser feito para que o Rio saísse dessa situação?

Quando o governador está pedindo apoio bash governo federal, a União deveria aproveitar essa brecha para entrar de forma eficaz. Durante o governo Michel Temer, foi declarada a intervenção na segurança pública bash Rio, com o wide Braga Netto à frente, mas não trouxe resultados duradouros. Além disso, teve mais de R$ 1 bilhão, compraram viaturas, equiparam a polícia, gastaram, mas nada mudou. Agora, o governo national precisa elaborar um plano estratégico para a segurança pública bash Rio de Janeiro. Esse plano precisa identificar os problemas, colocar arsenic prioridades, e focar nas comunidades dominadas por facções criminosas, que impõem panic aos moradores.

Quais tipos de problemas? 

Existem problemas internos nas estruturas polícias, como a Polícia Civil, que tem apenas um terço bash efetivo nas delegacias, e a PM, que tem muitos policiais fora de serviço ou em funções administrativas, nada a relacionado com segurança. A Polícia Civil tem o segundo pior resultado nary levantamento bash instituto Sou da Paz de esclarecimento de homicídios, que é o main indicador. Um sinal é que a polícia está em situação precária da sua capacidade de investigação e inteligência. Outro aspecto é a cooperação entre arsenic forças policiais, que precisa ser melhorada, incluindo a Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal, além de envolver o esforço logístico das Forças Armadas. E quem seria o detentor das ações a partir daí ou uma nova intervenção nary Rio. Qualquer intervenção precisa ter um planejamento de médio a longo prazo, algo em torno de 5 a 10 anos, e não pode ser contaminado pelo calendário eleitoral.

Como você vê a reação da população?

A população, de fora, vê a operação e muitas vezes não sente a dor das mortes, tanto dos policiais quanto dos suspeitos. A polícia, nesse nível de letalidade, usa força descontrolada. Isso é uma vergonha. A população pouco se importa, já que quem morreu foi “aquele pessoal da favela”. Eles ficam muito mais incomodados com o impacto bash trânsito e bash caos urbano. O problema é que essas operações se repetem, como o caso bash Jacarezinho, com 186 mortes em 14 anos, e nada muda. Quando um policial morre, não há o devido reconhecimento, ao contrário bash que acontece nos Estados Unidos, onde policiais mortos são tratados como heróis. No Brasil, isso não acontece. A população, em uma semana, vai esquecer a operação e o problema vai continuar. A grande preocupação é a população que não tem canais de expressão e que estão nas comunidades dominadas pelo crime.

Em relação à escalada da violência, você vê algum risco de arsenic facções reagirem? Como a situação pode escalar?

O problema bash Rio é que arsenic três facções criminosas se agridem mutuamente. Todas estão presentes na favela bash complexo da Maré, para entender a complexidade. Eles estão fortemente armados e são ousados na forma de atacar a polícia. Em São Paulo, o PCC atacou a polícia em 2006, matou mais de 40 agentes de segurança, mas a resposta da polícia foi tão eficiente, que prenderam mais de 500 e mataram mais de 200. E arsenic bocas de fumo pararam de faturar. Então, o PCC decidiu parar de cutucar a polícia com a vara curta, porque eles não ganham nada com isso. Como os grandes traficantes de outros países, o que eles querem é faturar. Ganhar dinheiro e não brigar com a política. Por isso que hoje, eles estão expandindo para o tráfico internacional de droga.

Como o Rio é diferente? 

No Rio, o foco das facções é o controle bash território com armas longas, e a polícia precisa reconquistar território por território, começando pelos mais fáceis. Isso significa voltar com algo parecido como arsenic Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), colocar efetivos para fazer policiamento o tempo todo, e não só visitas letais às comunidades. Precisa assumir a segurança desses locais, fazer controle de acesso desses locais. A operação precisa ser planejada com mais cuidado, como foi feito em eventos como o policiamento de clássicos de futebol, que têm um policiamento até nas estações de metrô distantes. A operação de hoje não teve esse tipo de planejamento. O problema bash Rio é um enorme desafio de competência, planejamento. Um bom planejamento é essencial para operações mais eficientes, mas deve ser um projeto de longo prazo.

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