Crédito, Ilay David
- Author, Jon Donnison e Paulin Kola
- Role, BBC News
5 agosto 2025, 17:16 -03
Atualizado Há 8 minutos
O irmão de um refém israelense mantido na Faixa de Gaza disse à BBC que um vídeo do Hamas que mostra ele extremamente magro e fraco é uma "nova forma de crueldade" que deixou seus pais arrasados.
O Hamas divulgou as imagens de Evyatar David, de 24 anos, no sábado (02/08), provocando forte condenação por parte de Israel e líderes ocidentais.
"Ele é um esqueleto humano. Está passando fome a ponto de poder morrer a qualquer momento, e sofre muito. Ele mal consegue falar, mal consegue se mover", afirmou o irmão de Evyatar, Ilay David, em entrevista na segunda-feira (04/08).
No vídeo, Evyatar diz: "Não como há dias. Mal tenho água para beber". Ele aparece cavando o que diz ser sua própria sepultura.
Crédito, Reprodução
As famílias dos reféns fizeram um apelo ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para que priorize a libertação deles, à medida que reportagens sugerem que ele pode estar planejando expandir a campanha militar.
As imagens de Evyatar foram divulgadas depois que a Jihad Islâmica Palestina publicou um vídeo de outro refém, Rom Braslavski, magro e chorando.
Eles estão entre os 50 reféns que ainda estão sendo mantidos em Gaza, dos quais acredita-se que 20 estejam vivos.
Ilay David contou que seu pai mal reconheceu a voz de Evyatar no vídeo, e não conseguiu dormir. Ele disse que sua mãe chorou o dia todo.
"Ao ver aquelas imagens do meu irmão como um esqueleto humano, entendemos que é um novo tipo de crueldade", declarou Ilay. "É o mais baixo que se pode chegar."
Ele pediu aos líderes mundiais que se unissem para salvar seu irmão e outros reféns "das mãos cruéis e perversas do Hamas".
"Portanto, temos que nos concentrar em transmitir a mensagem, que é: Evyatar está morrendo, precisamos dar a ele remédios, comida, comida adequada, e vocês precisam providenciar esse tratamento agora, ou ele vai morrer."
O braço armado do Hamas negou que intencionalmente faça prisioneiros passar fome, dizendo que os reféns comem o que seus combatentes e o povo de Gaza comem.
Após a divulgação dos vídeos dos reféns, Netanyahu conversou com suas famílias, dizendo a elas que os esforços para resgatar todos os reféns "vão continuar de forma constante e incansável".
Mas uma autoridade israelense — amplamente citada pela imprensa local — afirmou que Netanyahu estava trabalhando para libertar os reféns por meio da "derrota militar do Hamas".
A possibilidade de uma nova escalada em Gaza pode irritar ainda mais os aliados de Israel, que têm pressionado por um cessar-fogo imediato, enquanto as notícias de palestinos morrendo de fome ou desnutrição causam choque ao redor do mundo.
O principal grupo de apoio às famílias dos reféns condenou a ideia de uma nova ofensiva militar, dizendo: "Netanyahu está levando Israel e os reféns à ruína".
Essa opinião foi manifestada de forma incisiva em uma carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por cerca de 600 oficiais de segurança israelenses aposentados, pedindo que ele pressione Israel a encerrar imediatamente a guerra em Gaza.
"Sua credibilidade junto à grande maioria dos israelenses aumenta sua capacidade de conduzir o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu e seu governo na direção certa: encerrar a guerra, recuperar os reféns e acabar com o sofrimento", escreveram.
O grupo incluía o ex-chefe do Mossad Tamir Pardo; o ex-chefe do Shin Bet (a agência de inteligência interna de Israel) Ami Ayalon; o ex-primeiro-ministro Ehud Barak, e o ex-ministro da Defesa Moshe Yaalon, entre outros.
"É nossa avaliação profissional que o Hamas não representa mais uma ameaça estratégica para Israel," afirmaram.
"No início, esta guerra era uma guerra justa, uma guerra defensiva, mas quando alcançamos todos os objetivos militares, ela deixou de ser uma guerra justa", disse Ayalon.
Os ex-líderes do alto escalão estão à frente do grupo Comandantes pela Segurança de Israel (CIS, na sigla em inglês), que no passado instou o governo a se concentrar em garantir o retorno dos reféns.
"Pare a guerra em Gaza! Em nome do CIS, o maior grupo de ex-generais das Forças de Defesa de Israel (IDF) e equivalentes do Mossad, Shin Bet, Polícia e Corpo Diplomático, pedimos que encerre a guerra em Gaza. Você fez isso no Líbano. É hora de fazer o mesmo em Gaza", eles escreveram ao presidente dos EUA.
Crédito, Reprodução
Israel lançou uma guerra devastadora em Gaza após o ataque do Hamas em 7 de outubro, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 levadas para Gaza como reféns.
Mais de 60 mil pessoas morreram como resultado da campanha militar de Israel em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.
Na segunda-feira, o ministério informou que pelo menos 94 pessoas haviam sido mortas em Gaza no dia anterior, incluindo dezenas que, segundo o órgão, morreram em ataques israelenses.
O território também sofre privações em massa devido às severas restrições impostas por Israel sobre o que é permitido entrar em Gaza. O ministério afirma que 180 pessoas, incluindo 93 crianças, morreram de desnutrição desde o início da guerra.
Esses relatos se tornaram quase diários nos últimos meses, mas são difíceis de verificar, uma vez que jornalistas internacionais, incluindo a BBC, estão impedidos por Israel de entrar em Gaza.
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