Eletrobras celebra parque eólico gaúcho e projeta novas ações no RS

*De Santana do Livramento

O executivo adianta que nos próximos dois a três anos a empresa pretende investir em torno de R$ 80 milhões em melhorias na unidade que, entre outros aprimoramentos, reforçará a segurança contra eventos climáticos. Outra questão que está sendo avaliada é a construção de um dique para minimizar os riscos com eventuais problemas com cheias.

Essa sugestão foi encaminhada ao Ministério de Minas e Energia e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a companhia aguarda uma resposta dessas instituições. Ainda no segmento de transmissão, Martins antecipa que a Eletrobras irá participar do leilão da Aneel marcado para ocorrer em 31 de outubro. Nesse certame está incluído o Lote 3 que contempla obras de subestações e a implantação de 115 quilômetros em linhas de energia no Rio Grande do Sul e Paraná. O investimento nessas iniciativas é estimado em torno de R$ 1,1 bilhão.

O dirigente esteve nesta quarta-feira (9) em Santana do Livramento, quando detalhou números do parque eólico Coxilha Negra que, durante sua construção, propiciou cerca de 1,3 mil empregos. O empreendimento possui 72 aerogeradores, todos em operação, e capacidade instalada de 302,4 MW – energia suficiente para atender a cerca de 1,5 milhão de consumidores.

O complexo ocupa uma área total de mais de 8,6 mil hectares, sendo composto por três conjuntos de usinas: Coxilha Negra 2 (24 aerogeradores e 100,8 MW), Coxilha Negra 3 (25 aerogeradores e 105 MW) e Coxilha Negra 4 (23 aerogeradores e 96,6 MW). Cada um dos aerogeradores tem 125 metros de altura e pesa 1,3 mil toneladas.

Paralelamente à instalação do empreendimento, foram executadas ações de desenvolvimento social que contaram com apoio da Eletrobras. Nesta quarta-feira, foi inaugurada a Escola Municipal de Ensino Fundamental Espinilho. Já na Vila Thomaz Albornoz, que fica a cerca de 75 quilômetros da área urbana de Santana do Livramento, foi feito um poço artesiano para abastecimento de água potável.

Martins recorda que há mais de 20 anos são coletados dados de medição de ventos na região. Somente o projeto de Coxilha Negra 1 da companhia, que ainda não foi desenvolvido (principalmente por questões de uso de terrenos), teria potencial para agregar mais 280 MW.

Apesar das possibilidades abertas, o executivo adianta que, mais imediatamente, não está nos planos da empresa começar a construção de um novo complexo eólico no município ou no entorno. Martins comenta que isso se deve principalmente ao atual cenário do mercado brasileiro de energia que apresenta excesso de oferta de geração. Ele estima que essa sobra seja da ordem de 25%.

Uma das explicações para esse contexto é o crescimento exponencial da geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia) por meio de sistemas de painéis solares fotovoltaicos.
O diretor-presidente da Eletrobras CGT Eletrosul calcula que essa situação, se não houver mudanças, pode represar investimentos na área de geração no País nos próximos quatro a cinco anos. "Mas, o mercado é muito dinâmico", faz a ressalva o dirigente.

Para a prefeita de Santana do Livramento, Ana Luiza Moura Tarouco (PL), o potencial de energia eólica representa um novo modal de desenvolvimento para o município, em uma região que é essencialmente agrícola. "A eólica vem em um processo de abrir um novo leque de oportunidades, alcançando toda a comunidade", enfatiza a prefeita.

O secretário de Desenvolvimento Econômico municipal, Rafael Damasceno de Camargo, acrescenta ainda que há muito potencial dessa fonte na região que pode ser aproveitado futuramente. Atualmente, Santana do Livramento tem 519,6 MW de potência instalada eólica dentro de seu território, conforme dados da Aneel. No Rio Grande do Sul, o município é superado nesse tema apenas por Santa Vitória do Palmar, com 627,8 MW.

Particularmente quanto ao parque Coxilha Negra, a área onde se encontra o complexo envolve uma disputa territorial entre Brasil e Uruguai quase centenária" Em nota enviada recentemente pelo governo uruguaio ao brasileiro, o país vizinho afirma que a operação da usina não é prova de reconhecimento que a área seja do Brasil (o Uruguai reivindica um ajuste de fronteira local). Sobre esse assunto, o diretor-presidente da Eletrobras CGT Eletrosul argumenta que se trata de um tema que deve ser discutido no âmbito governamental.

Nesta quinta-feira (10), Martins participa da cerimônia de entrega da vila dos operários da usina Candiota 3. A Eletrobras era a responsável pela termelétrica a carvão antes de repassar a planta para a Âmbar Energia.

Na ocasião, será celebrada a conclusão do processo de regularização fundiária e a transferência de titularidade de 262 imóveis residenciais pertencentes a Eletrobras CGT Eletrosul. O número total de residências doadas poderá chegar a 379 até o final do ano, com a finalização da análise da documentação complementar. O valor de mercado dos imóveis está estimado em aproximadamente R$ 100 milhões.